sexta-feira, 11 de março de 2016

A Soberania de Deus em meio o Sofrimento.


PREGAÇÃO EXPOSITIVA

HEMÃ

Autor: Sandro Francisco do Nascimento

Texto Base: Salmo 88: 1-18.

Tema: A Soberania de Deus em meio o Sofrimento.

1 Ó Senhor, Deus da minha salvação, dia e noite clamo diante de ti. 2 Chegue à tua presença a minha oração, inclina os teus ouvidos ao meu clamor;3 porque a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida se aproxima do Seol.4 Já estou contado com os que descem à cova; estou como homem sem forças,5 atirado entre os finados; como os mortos que jazem na sepultura, dos quais já não te lembras, e que são desamparados da tua mão.6 Puseste-me na cova mais profunda, em lugares escuros, nas profundezas.7 Sobre mim pesa a tua cólera; tu me esmagaste com todas as tuas ondas.8 Apartaste de mim os meus conhecidos, fizeste-me abominável para eles; estou encerrado e não posso sair.9 Os meus olhos desfalecem por causa da aflição. Clamo a ti todo dia, Senhor, estendendo-te as minhas mãos. 10 Mostrarás tu maravilhas aos mortos? ou levantam-se os mortos para te louvar?11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade no Abadom?12 Serão conhecidas nas trevas as tuas maravilhas, e a tua justiça na terra do esquecimento?13 Eu, porém, Senhor, clamo a ti; de madrugada a minha oração chega à tua presença. 14 Senhor, por que me rejeitas? por que escondes de mim a tua face?15 Estou aflito, e prestes a morrer desde a minha mocidade; sofro os teus terrores, estou desamparado. 16 Sobre mim tem passado a tua ardente indignação; os teus terrores deram cabo de mim.17 Como águas me rodeiam todo o dia; cercam-me todos juntos.18 Apartastes de mim amigos e companheiros; os meus conhecidos se acham nas trevas.

Sobre o salmo

O salmo 88 é considerado o mais triste de todos, ao contrário da maioria, este não trás qualquer esperança de livramento ou libertação.

Esta lamentação e oração individual completamente envolvidas em desânimo e desespero termina sem uma resposta ou mesmo um vislumbre de esperança. Embora alguns intérpretes considerem o salmo como uma continuação corporativa de porções do livro das lamentações, os aspectos pessoais são intensos demais para tal interpretação nacional. O salmista não pode ser localizado dentro da história, pois seus sofrimentos têm uma qualidade sem ligação alguma com o tempo[1].

Sobre o autor

Hemã era da tribo de Levi e do clã dos coatitas, era músico, filho de Joel e neto do profeta Samuel (I Cr. 6.33). Hemã no hebraico significa "Fiel", este nome aparece dezesseis vezes na Bíblia. Hemã sempre serviu ao Senhor junto com Etã e Asafe, ele foi um famoso líder de música no último período do reinado de Davi, quando celebravam os cultos no Tabernáculo e depois, no governo de Salomão, no Templo, após sua construção e inauguração (I Cr. 6.33-48). Asafe, Hemã e Etã (algumas vezes aparece com o nome de Jedutum) fundaram as três primeiras famílias de cantores (I Cr. 25).



Exposição do Salmo

  1. Suplicas á Deus para que o ouça (vs. 1-2).

    Hemã mesmo em meio o sofrimento era fiel ao Senhor e reconhecia que ele era o seu SALVADOR.

    1 Ó Senhor, Deus da minha salvação, dia e noite clamo diante de ti. 2 Chegue à tua presença a minha oração, inclina os teus ouvidos ao meu clamor;

    O salmista espera que Deus literalmente o ouça. Sabe que o Senhor é sua esperança.

  2. Descrição do seu sofrimento (3-8).

    Do versículo 3 ao 8 temos uma descrição da situação que se encontrava Hemã.


a.    Em estado de humilhação. “Sou contado com os que baixam à cova” (v.4). A palavra “cova” (באש - b ̂e’osh) que significa também poço, cisterna, mas talvez o sentido aqui, seja de um lugar de mau cheiro, de odor repulsivo. Talvez descrevendo o seu estado físico causado pela doença, a lepra. Todavia não se pode provar que ele era leproso, por sua posição no templo como levita e mesmo seu prestigio.



b.    Em um estado de desamparo, sem ajuda (vs. 4).



c.    Abandonado por não haver mais solução (vs. 5). Talvez fazendo alusão aos feridos de guerra que eram abandonados no campo de batalha.

3-8. Suas Queixas. A minha vida já se abeira da morte. Seu problema é tão sério que ele se sente como se já estivesse para morrer. Nada lhe resta além da sepultura e do Sheol[2]. Seu termo mais descritivo para o Sheol é a cova (v. 4), lugar de trevas onde os mortos são deixados fora do alcance de Deus. Parece que ele sente que o Senhor já não se lembra dele, uma vez que é considerado pertencente ao número dos mortos[3].

  1. Atribui a Deus sua condição (vs. 6-8).


. Isso faz parte da consciência judaica que atribui a Deus todas as coisas, sejam boas ou más. No Judaismo se entendia que o autor das aflições era o próprio Deus. Assim diz no profeta Isaias 48: 10: Veja, eu refinei você, embora não como prata; eu o provei na fornalha da aflição. (NVI)”.

  1. Argumenta com Deus (vs. 9-12).     

    O argumento dele se baseia tão somente em que Deus pode ser glorificado pela sua vida, em quanto ele viver glorificará a Deus entre os viventes.
  2. Insiste em orar mesmo sem esperança de obter resposta (vs. 13).

    . O salmista não cessa a sua oração por socorro, mesmo sem obter resposta. Diferente dos demais salmos de lamentações este salmo termina sem esperança, a ultima palavra do salmo é “trevas”.

Considerações

Deus também sofreu. Enquanto Deus olhava para seu Filho em angústia na cruz, ele sofria. Este sofrimento não era causado pela fraqueza de Deus. Não era como se Jesus tivesse esgotado todos os seus esconderijos e seus inimigos finalmente o tivessem apanhado e executado contra sua vontade. Não, Jesus entregou sua vida voluntariamente (João 10:17-18). Ele decidiu voltar ao mesmo lugar onde sabia que Judas poderia encontrá-Lo (João 18:1-2). Ele se recusou a chamar os anjos para que o salvassem, ainda que legiões deles estivessem à sua disposição (Mateus 26:53). Ele nada disse para se defender durante o julgamento, ainda que, se tivesse feito isso, sem dúvida teria escapado da cruz. Cristo sofreu porque decidiu sofrer. Sofreu porque nos amava. O fato que o Senhor sofre conosco nos assegura de sua compaixão e auxílio, e dá-nos forças para enfrentarmos nossas dificuldades (Hebreus 2:14-18; 4:14-16; 5:7-10).

Não sabemos todas as respostas.

Ainda que não consigamos com nossas mentes limitadas entender o porque de nossos sofrimentos, devemos crer que Deus é Soberano e que tem controle sobre todas as coisas. Jó um homem temente a Deus passou por vários sofrimentos, e sequer soube o porquê! Deus se revela em nossas vidas da forma que lhe apraz e cabe a nós confiar na sua sabedoria e poder.

O sofrimento nos aproxima de Deus.

.Deus segreda-nos nos nossos prazeres, fala conosco na nossa consciência, mas grita-nos nas nossas dores: são o Seu megafone para acordar um mundo surdo.
 (C. S. Lewis)[4]
···.

"Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Coríntios 12:10).

Isto tem que ser uma reação lógica na vida do Cristão, quando sofremos devemos buscar mais nosso Senhor, pois Ele é poderoso e nos ajudará a passar pelo sofrimento

Paulo e seu espinho que não conhecemos, sua aflição o fazia reconhecer seu lugar de servo. Devemos sentir prazer de estar no lugar mais alto que podemos e devemos estar: “prostrados aos pés do Soberano Deus”

APLICAÇÃO:

  1. Mesmo os homens mais santos e fieis, não estão isentos de sofrimento.
    Exemplo a vida de Jó, que era um homem irrepreensível, mas foi provado passando por aflições terríveis ordenados por Deus.

 Certa viúva que tinha por nome “FELICIDADE”, mulher destemida que tinha sete filhos e denunciada ao prefeito de Roma viu seus filhos serem torturados e mortos diante de seus olhos. O mais incrível a se observar sobre esta mulher é que depois de ver seus filhos mortos por amor à fé, a mesma agradeceu a Deus por ter seus filhos coragem para morrer e não negarem sua fé.

Ainda oprimida por seus inquiridores, ela disse: “viva, eu te vencerei”. Seu inquiridor respondeu: “eu te mato”. E ela disse: “morta, vencer-te-ei ainda mais”.

Assim FELICIDADE foi morta com grande suplicio e sofrimento!



  1. Esses períodos podem durar muito tempo.
    Deus não esta sujeito ao tempo, nós sim. O sofrimento pode durar um tempo ou toda uma vida.
    Mas temos um consolo: que nossa estadia aqui neste mundo não durará para sempre. As aflições deste tempo de modo algum podem ser comparadas com o porvir no reino de Deus.

Rm 8:18 Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.



  1. Esses sofrimentos sobrevêm para mostrar o quanto nós somos fracos.
    O sofrimento também é uma ferramenta de Deus, e nos faz perceber que somos pequenos e necessitados de sua misericórdia. Assim sempre foi na relação de Deus com seu povo Israel, momentos de “paz” e momentos de “provação”. Quando o povo estava rebelde Deus enviava um povo para escravizar Israel e assim seu povo voltava a ter comunhão com o Senhor. Assim Deus os livrava de seus opressores e seu nome era glorificado.



  1. Devemos lembrar que somos pecadores.
    O sofrimento também é decorrente do pecado, tanto presente quanto original.



  1. Devemos buscar mais comunhão com Deus.
    Não devemos nos sentir perdidos, mas buscar a Deus com mais intensidade.



  1. Perseverar em oração.
    Ser fiel em oração, buscar sua face. Pedindo-lhe brandura, mas confiante que ele fará sempre o melhor ainda que não entendamos.















[1] Moody
[2] No hebraico “Sepultura”.
[3] Genébra.
[4] Clive Staples Lewis, comumente mais referido como C. S. Lewis, foi um professor universitário, escritor, romancista, poeta, crítico literário, ens aísta e apologista cristão britânico. Durante sua carreira acadêmica, foi professor e membro do Magdalen College, tanto da Universidade de Oxford como da Universidade de Cambridge. Ele é mais conhecido por seus trabalhos envolvendo a apologia cristã, incluindo as obras O Problema do Sofrimento, Milagres e Cristianismo Puro e Simples, e a ficção e a fantasia, sendo as obras As Crônicas de Nárnia, Cartas de um diabo ao seu aprendiz e Trilogia Espacial, exemplos de sua produção literária voltadas para esses temas. Foi também um respeitado estudioso da literatura medieval e renascentista, tendo produzido alguns dos mais renomados trabalhos acadêmicos envolvendo esses temas no século XX.