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quinta-feira, 26 de maio de 2022

A Bíblia e Seus Intérpretes - Augustus Nicodemus



Resumo do capítulo 7 do livro a Bíblia e seus intérpretes


Por: Sandro Francisco do Nascimento


No capítulo 7 do livro “A Bíblia e seus intérpretes”, Augustus Nicodemus aborda o desenvolvimento dos métodos de interpretação bíblica após a morte dos apóstolos. Nesse período surgiram os “pais da igreja”, que eram bispos e pastores que  assumiram a missão de guiar a igreja e defendê-la doutrinariamente. Esse período foi marcado pelos embates doutrinários e a busca por entender como as Escrituras dos  profetas apontavam para Cristo. 

Nesse período surgiram duas escolas de interpretação das Escrituras: A escola de Alexandria, que era marcada por sua interpretação alegórica dos textos; e a escola de Antioquia, que, em oposição à Alexandria, que optou pela interpretação literal.

A escola de Alexandria tem suas raízes no pensamento dos antigos filósofos gregos. Sua interpretação tem origem em Heráclito. Os gregos tinham dificuldades para interpretar as ações dos deuses, suas más ações e sua moral deplorável. Para redimir os deuses, Heráclito estabeleceu o conceito de “Huponóia”, sentido profundo. Sua abordagem foi aplicada às obras de Homero (A Ilíada e a Odisseia). Além de Heráclito, outro grande filósofo que influenciou a forma de interpretação da escola de Alexandria foi Platão. Ele desenvolveu a ideia que o mundo material é na verdade uma projeção imperfeita do mundo ideal que faz parte das realidades imateriais. Os principais nomes dessa escola de interpretação, são: Pantenus, fundador da escola catequética de Alexandria; Clemente de Alexandria, sucessor de Pantenus; Orígenes, o mais respeitado e estudioso de sua época.

A escola de Antioquia surgiu como uma reação ao método de interpretação adotado pela escola de Alexandria. Foi fundada por Luciano de Antioquia, teólogo que deu origem a uma tradição de estudos bíblicos que buscava conhecer as línguas originais. A escola de Antioquia foi formada  no início do século 4º, embora já houvesse no século 2º teólogos que possuíam uma interpretação mais sóbria das Escrituras, e ficou conhecida por sua abordagem literal das Escrituras. Os princípios de interpretação da escola de Antioquia irão, mais tarde, ser adotados pelos reformadores. Os mais importantes defensores deste método, foram: Deodoro de Tarso; Teodoro de Mopsuéstia; e João Crisóstomo. 

A escola de Antioquia desenvolveu alguns princípios  interpretativos: sensibilidade e atenção ao sentido literal do texto; Theoria; Historicidade dos relatos; e a Intenção autoral.

Por terem sido condenados alguns representantes da escola de Antioquia por heresia, seu método de interpretação acabou caindo em descrédito.


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terça-feira, 24 de maio de 2022

O Credo dos Apóstolos - Franklin Ferreira



Resenha Crítica: O Credo dos Apóstolos



Por: Sandro Francisco do Nascimento

Livro com Título: O Credo dos Apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã.

Autor: Franklin Ferreira.

Editora Fiel 278 páginas



  1. Introdução.


Um dos grandes prejuízos experimentados por nossa geração e que certamente encontra sua origem nos modernos movimentos evangélicos1, é o desapego ou desconhecimento do conteúdo bíblico e das tradições da igreja cristã. Desconhecimento do conteúdo bíblico por causa da grande quantidade de crentes nominais, que jamais tiveram contato, desde sua conversão, com as doutrinas centrais do cristianismo. Pouco ou nada se fala sobre a teologia da cruz; em alguns casos, não há qualquer interesse em se apresentar o Cristo que foi morto, ressurgiu dos mortos e que há de julgar o mundo inteiro. Quanto à vida piedosa, nada pode ser dito para não ofender os pretensos convertidos que estão ansiosos para usufruir das bênçãos de Deus, sem, contudo, conhecê-lo e ter qualquer compromisso com Ele. De igual modo, as tradições da igreja cristã têm sido abandonadas sob o pretexto de serem antiquadas, arcaicas ou mesmo antibíblicas. Confunde-se o conceito de tradição, segundo o catolicismo, e nega- se por consequência a necessidade de um núcleo doutrinário extraído e sintetizado das Escrituras que possam ser o Norte e padrão para todos aqueles que abraçam o cristianismo. Este é o pano de fundo que propiciou a escrita desta obra de autoria do Pastor Franklin Ferreira. A obra tem como fim apresentar uma exposição do credo apostólico e demonstrar sua relevância para a igreja cristã em uma época de grande, se não total, desapego às tradições ou doutrinas centrais da igreja cristã genuína. Há de se afirmar que as doutrinas expostas por meio do credo, afirmações extraídas da própria Escritura, são essenciais para a fé cristã e que devem ser comuns a todos aqueles que de fato se identificam como cristãos genuínos. Ou seja, se há algum ponto destas doutrinas que não é crido ou recebido como doutrina cristã, tal comunidade ou pessoa, não pode ser considerada irmã. Essas doutrinas são axiomas, não são passíveis de negociação.


O que iremos apresentar aqui é um resumo que tem por objetivo apontar alguns assuntos que possuem mais relevância. Irei, quando necessário, expor minha opinião pessoal sobre um assunto específico que me parece ter sido pouco explorado, ou que, tenho uma interpretação diferente da exposta pelo autor.



  1. Relevância.


Ao se abordar uma discussão sobre doutrinas axiomáticas, deve-se pensar sobre sua relevância para a igreja cristã. A definição de axioma, por si, já demonstra que tal assunto é de vital importância. Um axioma, por definição, é aquilo que não pode e nem deve ser negociado. Ou seja, as doutrinas que são tão evidentemente ensinadas pelas Escrituras, que não se pode negociar sua importância para a confissão e identidade da comunidade da fé. Ferreira inicia a obra demonstrando que há um estranhamento da comunidade cristã atual para com as doutrinas básicas da fé cristã. Esse estranhamento, sem dúvida, torna imperativa a reafirmação dos pontos centrais da fé.



  1. Método expositivo


O método expositivo é certamente uma das formas mais eficazes de se apresentar um conteúdo tão rico quanto o é o Credo Apostólico. Ferreira inicia sua exposição demonstrando a origem do problema a ser discutido. Ou seja, o que deu origem à necessidade de se escrever uma obra para explicar a origem, história e atualidade do Credo para a igreja cristã. Essa apresentação inicial está bastante evidente já nas primeiras páginas do livro. No prefácio, Ferreira esclarece o objetivo e motivação que o levaram a escrever uma exposição do Credo dos Apóstolos.



O objetivo desta obra é meditar sobre o antigo documento cristão conhecido como Credo dos Apóstolos. Por meio da exposição deste documento, gostaria de colocar diante do leitor os temas doutrinais cristãos que são absolutamente inegociáveis e vitais, se queremos preservar uma identidade cristã genuína nos dias atuais. (FERREIRA, 2015, p. 11)



  1. Divisão



  1. Introdução


O autor apresenta o credo como um documento histórico. Fala de sua origem, sua relação e derivação das Escrituras e sua função como documento unificador da comunidade da fé.



Comecemos este estudo sobre o Credo dos Apóstolos citando as palavras de abertura da obra A tradição cristã, de Jaroslav Pelikan: “O que a igreja de Jesus Cristo acredita, ensina e confessa com base na palavra de Deus: essa é a doutrina cristã. [...] O Credo dos Apóstolos é uma apresentação do ensino bíblico, ortodoxo e consensual, “aquilo que foi crido em todo lugar, em todo tempo e por todos”[...]. (FERREIRA, 2015, p. 19, 20)



  1. Preâmbulo


Ferreira faz uma apresentação geral do tema. Particularmente, entendo que esta parte do livro foi não só oportuna, mas essencial para a aproximação do leitor ao tema. O autor consegue transmitir ao leitor conceitos bases para entender a natureza e 

importância do Credo. O leitor pode ter acesso de forma introdutória a conceitos básicos sobre a relação entre a cosmovisão cristã Reformada, seus pressupostos, e a interpretação correta da Bíblia e sua exposição no Credo.



O Credo, resumo da Escritura, funciona como aqueles óculos que nos levam de volta ao texto bíblico e nos ajudam a interpretar o texto bíblico corretamente. Não há interpretação bíblica livre de pressupostos. O Credo dos Apóstolos funciona como um conjunto de pressupostos que guia tanto a leitura bíblica como a interpretação que o fiel faz da criação. (FERREIRA, 2015, p. 64)



  1. Artigos


Após apresentar uma visão panorâmica do conteúdo do livro e preparação para compreensão adequada, Ferreira expõe o Credo respeitando sua divisão natural em três artigos. O primeiro é apresentado como “O Deus Criador”. Ele apresenta uma exposição sobre o Deus Pai, o Todo-poderoso Criador, “A primeira divisão do Credo é focada em Deus Pai. Deus criador, Deus sustentador, o Deus da providência. O Pai todo- poderoso, criador do céu e da terra” (FERREIRA, 2015).


O segundo artigo apresenta o Filho, Jesus, como o “Deus Redentor”. Cristo é apresentado como o unificador e ápice da revelação de Deus. Jesus é o redentor, o Messias prometido que haveria de esmagar a cabeça da serpente.



Por que esse segundo artigo é maior? Porque, em alguma medida, o Pai e o Espírito vêm a nós por meio do Filho. Nesse sentido, ninguém pode ter a pretensão de ter a Deus como Pai e ter a consolação que vem do Espírito Santo se não for por meio de Jesus Cristos. (FERREIRA, 2015, p. 131)



O terceiro artigo apresenta o Espírito Santo como doador da vida, unificador, provedor e preservador do seu povo.



Se estivermos lendo o Credo corretamente, o que aprendemos é que só há vida cristã, e só há igreja verdadeira, quando o Espírito Santo opera. Toda a nossa vida cristã, tudo o que somos como cristãos, todas as bênçãos que recebemos, são dádivas concedidas pela bendita pessoa do Espírito Santo. Então, o que aprendemos do Credo, quando lemos “creio no Espírito... a santa Igreja... a comunhão dos santos”, é que a igreja encontra a sua razão de ser por meio do Espírito Santo. A igreja só é igreja por causa da obra do Espírito Santo. (FERREIRA, 2015, p. 212,213)


  1. Crítica pessoal


Antes de expor minha crítica deixo claro que minha oposição não diz respeito à totalidade do argumento do autor, mas apenas uma afirmação específica. Durante toda a obra, embora demonstre a pessoalidade de cada pessoa da trindade (a economia da trindade), Ferreira procura unificar as pessoas da trindade demonstrando que os três são igualmente eternos, poderosos, dignos de toda honra, glória e louvor. Contudo, ao criticar grupos cristãos específicos, ele afirma algo que parece não ter amparo nas Escrituras, ou pelo menos não desfruta de amparo claro dela. Diz respeito a quem devemos nos dirigir na oração.



[...] igrejas com background fundamentalista, focadas mais em leis e regras, enfatizarão o Pai; ou, de uma forma mais vaga, em Deus, mas sem muito descrever quem é esse Deus. [...] É curioso que em algumas dessas comunidades não se recomenda orar a Jesus Cristo. Se um fiel orar a Jesus Cristo, é repreendido. Nem se fale, então, em orar ao Espírito Santo. (FERREIRA, 2015, p. 102)



Segundo Ferreira, ao menos é o que sua expressão parece apontar, uma pessoa que mantém como regra ou prática de oração dirigir-se ao Pai, por meio ou em nome do Filho, pelo Espírito Santo, seria fundamentalista2, visto que Pai, Filho e Espírito Santo são um. Essa afirmação me parece equivocada. A oração dominical, como ensinada por Jesus em Mateus 6.9-13, parece nos ensinar, de forma clara, que devemos orar ao Pai. Em João 17, na oração sacerdotal, novamente Jesus ora ao Pai. O apóstolo Paulo, em Efésios 1.15-23, parece também demonstrar que as orações eram realizadas ao Pai. No mesmo capítulo, dos versos 3-14, o apóstolo expõe o que chamamos de economia da trindade, demonstrando que há na trindade uma subordinação funcional e consensual. Com isso não quero dizer que uma ou outra das pessoas da trindade não são dignas de receber nossas orações. Mas que a Escritura parece apontar para uma ordem funcional na qual o Pai é aquele a quem nos dirigimos em oração, em nome do Filho, pelo poder e iluminação do Espírito Santo.



  1. Conclusão


Uma conclusão adequada deve expressar como podemos utilizar o Credo e para quê. Em primeiro lugar devemos considerar que o Credo, sendo a síntese daquilo que cremos nas Escrituras, pode ser utilizado como paradigma para recepcionar novos convertidos a quem tendo sido apresentadas as verdades do evangelho, possam confessar, de forma consciente, o Credo. Em segundo lugar, o Credo é um marcador ou delimitador da confissão cristã. Ou seja, a partir das verdades inegociáveis apresentadas por meio do Credo, podemos determinar ou perceber doutrinas sectárias, estranhas à fé e que porventura estejam sorrateiramente sendo introduzidas no seio da igreja. Em terceiro lugar, o Credo tem função unificadora. Através do Credo a igreja pode afirmar-se una. Em quarto e último lugar, o Credo ajuda a igreja a entender a necessidade de buscar a santificação.


1 “Muito da tradição protestante brasileira foi moldada pelo antigo fundamentalismo evangélico, nascido em fins do século XIX, e oriundo do sul dos Estados Unidos. Entre outros, este nos legou uma aversão aos credos da igreja e às confissões de fé. (FERREIRA, 2015, p. 11)

2 Fundamentalismo. Movimento teológico conservador que teve início nos Estados unidos no final do século XIX e continuou a exercer grande influência durante o século XX. Insistia que certas doutrinas básicas ou “fundamentos” devem ser preservados, como a inerrância das Escrituras e o nascimento virginal de Cristo. Nos últimos anos, o termo passou a ser associado a uma mentalidade particular de separação, legalismo e até mesmo obscurantismo. (MILLARD, 2011, p. 85)



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domingo, 25 de julho de 2021

Seitas e Heresias: As Testemunhas de Jeová.

 




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Curso de capacitação para obreiros.

 



Graça e paz! O curso de capacitação para obreiros tem como objetivo equipar servos de Deus que têm se dedicado ao reino com conteúdos que os fará ler, entender e ensinar as Escrituras de forma correta. Isso fará com que a comunidade a qual faz parte possa crescer no conhecimento e na graça de nosso Senhor, para o louvor da sua maravilhosa graça. Além do conteúdo gravado, o aluno terá acesso a material em pdf e indicação de livros que o fará ir além do conteúdo da aula, adquirindo assim um conhecimento mais amplo sobre os assuntos estudados. Os links para compra dos livros indicados estão na descrição deste vídeo. Entendes o que lês? - 3ª Edição revisada e ampliada: https://amzn.to/3fuAUaF A Bíblia e Seus Intérpretes: https://amzn.to/3bYLp3U Noções do grego bíblico: Gramática fundamental - 3ª Ed.: https://amzn.to/3yM5Quk Como Preparar Mensagens Bíblicas: https://amzn.to/3yM63xC Pregação Bíblica - 2ª Edição: https://amzn.to/3yJi8DV

Introdução:




Primeira Aula:




Segunda Aula:




Terceira Aula:




Quarta Aula:




Quinta Aula:




Sexta Aula:




Sétima Aula:




Oitava Aula:




Nona Aula:




Décima Aula:




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sábado, 7 de novembro de 2020

Hermenêutica Básica


 


 

Primeira Regra da hermenêutica – É preciso, o quanto seja possível, tomar as palavras em seu sentido usual e comum.

Porém, tenha-se sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum não equivale sempre ao sentido literal.

Vejamos alguns exemplos:

 Gênesis  6.12 Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo “ser” vivente havia corrompido o seu caminho na terra.” (JFAA) -  E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda “carne” havia corrompido o seu caminho sobre a terra.”(JFAC); a palavra “carne” (no sentido usual e comum significa pessoa)
A palavra “carne”  (no sentido literal significa tecido muscular).

Leitura complementar:

“Em Gêneses 6.12 [...] Tomando aqui as palavras “carne e caminho” em sentido literal, o texto perde o significado por completo. Contudo, tomando em seu sentido comum, usando-se como figuras, ou seja, carne no sentido de pessoa e caminho no sentido de costumes, modo de proceder ou religião, o texto já não tem só significado, mas um significado terminante, conclusivo, dizendo-nos que toda pessoa havia corrompido seus costumes.” (p.39-40) (E e P.C, 2007)

 

Segunda regra da hermenêutica: “É de todo necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase”.

Em outras palavras, a segunda regra da hermenêutica atenta para o fato de que as palavras devem significar aquilo que o sentido do texto aponta, ou seja, seu significado está ligado ao sentido contextual da frase como um todo.

“Existem na linguagem bíblica, assim como em qualquer outra, palavras que variam muito em seu significado, conforme o sentido da frase ou o argumento apresentado. Por isso, é importante averiguar e determinar sempre qual o pensamento especial que o autor se propõe a expressar, e desse modo, fazendo desse pensamento uma diretriz, será possível determinar o sentido positivo do termo complexo.” (E e P.C, 2007)

Um exemplo vulgar que podemos utilizar é a seguinte frase: “Comprei pão e fiz o café. Por favor, frite os ovos!” Uma leitura natural dessa frase, levando em consideração a intenção expressa pelo contexto, torna impossível que qualquer pessoa confunda os ovos a serem fritos com ovos de chocolate, isso porque o contexto claro da frase exclui tal possibilidade.

 

Vejamos alguns exemplos:

·         O primeiro exemplo que vamos tomar é o uso da palavra fé. A palavra fé é comumente identificada com o sentido de confiança, contudo, esse não seja seu único significado nas Escrituras. Em Gálatas 1.23 - “ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir.” – podemos compreender que a palavra fé aqui é utilizada com o sentido de crença, “o evangelho”. Em Romanos 14.23 – “Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo que não provém de fé é pecado.” – a mesma palavra é utilizada com o sentido “certeza”, “convicção”.

·         O segundo exemplo é o uso das palavras salvação e salvar. Seus usos mais frequentes são relacionados ao sentido de libertação do pecado e de suas consequências. No entanto, em Atos 7.25 – Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria “salvar” (grifo meu) por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam.” – a palavra salvar diz respeito a libertação temporal dos hebreus, pois eram escravos no Egito. Em Romanos 13.11 – E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos.” – a palavra salvação diz respeito a volta de Cristo. Em Hebreus 2.3 – como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;”“salvação” se refere a “toda revelação do Evangelho”.

·         O terceiro exemplo que vamos utilizar é a palavra “graça”. Seu significado mais comum ou conhecido é “favor”. Contudo, ela pode ter outros significados. Em Efésios 2.8 - Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;”“a palavra “graça” significa a pura misericórdia  e bondade de Deus manifestadas aos crentes  sem mérito nenhum da parte deles” (E. Lund, P.C. Nelson, 2006. P. 45.), ou seja, não só um favor, mas um “favor imerecido”. Em Atos 14.3 - “Entretanto, demoraram-se ali muito tempo, falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que, por mão deles, se fizessem

 

 

sinais e prodígios.” – a palavra graça significa a pregação do evangelho. Em 1Pedro 1.13 – Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.” – a palavra “graça” equivale à bem-aventurança que ele, Cristo,  trará na sua vinda.

 

Leitura complementar:

Sangue: Falando de crucificar a Cristo, disseram os judeus: "Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos!" (Mat. 27:25). Guiados por nossa regra vimos que sangue, aqui, ocorre no sentido de culpa e suas consequências, por matar um inocente. "Temos a redenção, pelo seu sangue" (Ef. 1:7); "Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rom. 5:9). O conjunto das frases torna evidente que a palavra sangue equivale à morte expiatória de Cristo na cruz. (E e P.C, 2007)

Exercício:

·         Definir os significados da palavra carne nos textos:

a.       Ezequiel 36.26;

b.      Efésios 2.3;

c.       1Timóteo 3.16;

d.      Gálatas 3.3

·         Respostas:

a.       Uma disposição terna e doce, ou seja, um coração que seja receptivo aos mandamentos de Deus que os queira amar e cumprir;

b.      Os desejos sensuais, desejos pecaminosos, frutos de nossa natureza caída;

c.       Refere-se a forma ou natureza humana. Cristo de fato assumiu forma de homem;

d.      Justificação pelas obras, dizendo respeito as cerimônias judaicas.

 

Terceira regra da hermenêutica: “É preciso tomar as palavras no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que antecedem e precedem o texto que se estuda”.

Obviamente, há momentos em que a leitura de uma frase ou verso somente não é suficiente para o entendimento adequado do sentido do texto. Por este motivo, quando não conseguimos entender o significado das palavras em uma leitura considerando o contexto da frase, é necessário que procuremos contextualizar tais palavras em seu contexto mais amplo, a saber as frases que a antecedem e precedem (que vem antes e depois). “É no contexto que achamos expressões, versículos ou exemplos capazes de nos esclarecer e definir o significado da palavra obscura.” (E e P.C, 2007)

Vejamos alguns exemplos:

·         Em efésios 3.4, encontramos a seguinte afirmação do apostolo Paulo: “Ao lerem isso vocês poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo”. Qual o significado da palavra mistério nesse texto? Ao ler os versos anteriores e posteriores ao 4 descobrimos que ele está falando sobre a inserção dos gentios no plano salvífico de Deus desde a eternidade. (cf. 2.11-3.6)

·         Em Gálatas 4.3, o apóstolo diz: “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão, debaixo dos rudimentos do mundo”. Qual o significado da palavra “rudimentos”? Ao examinarmos os versos de 9-11, percebemos que os rudimentos aos quais o apóstolo se refere são a prática dos costumes judaicos. Nesta carta, Paulo procura orientar aos irmãos da Galácia que não sejam conduzidos pelos legalistas judaizantes, grupo que queria impor aos irmãos as práticas da antiga aliança. O argumento principal que Paulo utiliza é o fato de ser Cristo o ápice da revelação divina (cf. 4.4). O fato daqueles irmãos quererem retroceder às práticas judaicas é algo tão grave para Paulo que ele diz que essa atitude constitui em pregar e viver um outro evangelho, não o de Cristo (cf.  1.6-10).

Algumas vezes, uma palavra obscura só poderá ter seu significado revelado quando encontramos seu antônimo ou sinônimos. A palavra “aliança” encontrada em Gálatas 3.17, por exemplo, tem seu significado explicado no final do versículo pela palavra “promessa”. Ou seja, Paulo afirma que a lei promulgada no Sinai, quatrocentos e trinta anos após a promessa feita a Abrão, não anula a “aliança” antes estabelecida. (cf. 3.13-18)

Leitura complementar:

Às vezes, uma palavra que expressa uma ideia geral e absoluta, deve ser tomada num sentido restritivo, segundo determine alguma circunstância especial do contexto, ou melhor, o conjunto das declarações das Escrituras em assuntos de doutrina. Quando Davi por exemplo, exclama: "Julga-me, Senhor, segundo a minha retidão, e segundo a integridade que há em mim", o contexto nos faz compreender que Davi só proclama sua retidão e integridade em oposição às calúnias que Cuxe, o benjamita, levantara contra ele (Sal. 7:8). Tratando-se do administrador infiel temos indicada sua conduta como digna de imitação; porém, pelo contexto vemos limitado o exemplo à prudência do administrador, com exclusão total de seu procedimento desonesto (Luc. 16:1-13). Falando Jesus do cego de nascimento, disse: "Nem ele pecou, nem seus pais", com o que de nenhum modo afirma Jesus que não houvessem pecado; pois existe no contexto uma circunstância que limita o sentido da frase a que não haviam pecado para que sofresse de cegueira como consequência, segundo erroneamente pensavam os discípulos. (Jo. 9:3). (E e P.C, 2007)

Exercício:

·         Definir os significados dos termos, “batizados no Espírito Santo e no fogo”, e, o significado da palavra “fruto”.

a.       Mateus 3.11;

b.      Mateus 3.10.

·         Respostas:

a.       Em Mateus 3.11, considerando o contexto dos versos (10-12), o batismo com o Espírito é a reunião do seu povo por meio da obra regeneradora do Espírito Santo, enquanto que o batismo com ou no fogo, diz respeito ao destino eterno daqueles que não fazem parte da igreja e que não serão regenerados e salvos pela obra do Espírito Santo.

b.      Em Mateus 3.10, a palavra fruto diz respeito as obras dignas de uma genuína conversão e consequentemente um verdadeiro arrependimento. João se dirige, na ocasião, a dois grupos de “hipócritas”, “fariseus e Saduceus”, que iam até ele simplesmente para serem vistos pelos homens, mas que não produziam em suas vidas nenhum fruto de um verdadeiro arrependimento. (cf. 7-10)

 

Quarta regra da hermenêutica: “É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.”

Em alguns casos a observação do contexto da frase ou mais amplo, versos anteriores e posteriores, não é suficiente para se concluir o significado de determinadas expressões no texto Bíblico. Nesses casos, devemos recorrer a seguinte pergunta: “o que o autor pretendeu tratar ao escrever isto?” Ou seja, há alguma circunstância ou conjunto de circunstâncias que motivaram a escrita de determinado documento? Podemos considerar a pergunta em três perspectivas: 1) Qual a finalidade do livro? 2) Qual a finalidade dessa passagem? 3) Qual a finalidade desse texto dentro do Canon?

Normalmente, para se chegar a todas essas respostas devemos nos exercitar na leitura mais atenciosa e repetitiva do texto. Essa leitura irá fazer com que o intérprete perceba determinadas ênfases, ou mesmo declarações claras sobre o propósito pretendido pelo autor. Embora seja uma tarefa que demanda muito trabalho, essas perguntas podem ser facilmente respondidas com o auxílio de materiais de estudos que proporcionam ao intérprete ou estudante da Bíblia acesso ao conhecimento reunido por diversos eruditos no assunto. Alguns exemplos:

 

·         Bíblias de estudo;

·         Comentários bíblicos;

·         Enciclopédias bíblicas;

·         Softwares de estudos bíblicos...

 

Vejamos alguns exemplos:

·         Romanos 15.4, Porque tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão.” Nesse texto, assim como em 2Timóteo 3.16-17, 16 Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.17 E isso para que o * servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações. – a intenção da Escritura é claramente exposta.

·         Em Mateus 19.16-17 (Lucas 18.18), a resposta dada por Jesus ao jovem rico “parece” sugerir um ensino de justificação pelas obras da Lei. Contudo, ao observar atentamente o desígnio de Cristo, constatamos que sua intenção foi na verdade confrontá-lo pela própria perspectiva de justiça própria, aquele jovem possuía um ídolo em seu coração que ocupava um espaço que deveria ser só de Deus, ele era um idólatra, não amava a Deus o suficiente para se desfazer de suas riquezas. Isso fica muito claro nos versos 23-26, ocasião onde Jesus despreza a crença de que as riquezas constituíam um sinal de posição elevada diante de Deus. Os discípulos ficaram “atemorizados” com a alegação de Cristo, então ele responde: Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, tudo é possível.  Mateus 19.26, deixando claro que a salvação não depende do esforço humano ou de qualquer senso de justiça própria que possa possuir.

·         Outro exemplo, que tem gerado não pouca controvérsia e equívocos, é a aparente contradição entre Paulo e Tiago, meio irmão de nosso Senhor. Ao ponto que Paulo parece desprezar totalmente a Lei e as obras, Tiago parece enfatizar e ensinar a justificação pelas obras da Lei.  Assim percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a lei manda.”Romanos 3.28; “Assim, vocês vêem que a pessoa é aceita por Deus por meio das suas ações e não somente pela fé.”Tiago 2.24.


Leitura complementar:

“É importante notar que as aparentes contradições desaparecem se levamos em consideração o desígnio. Quando Paulo diz que o homem é justificado  declarado sem culpa) pela fé sem obras, enquanto Tiago afirma que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé, a aparente contradição desaparece a partir do momento em que consideramos o desígnio diferente das cartas de um e de outro (v. Rm 3.28; Tg 2.24). Paulo combate e refuta o erro dos que confiavam nas obras da lei mosaica como meio da justificação e rechaçavam a fé em Cristo. Já Tiago combate o erro de alguns desordenados que se contentavam com uma fé imaginária, descuidando das boas obras e se opondo a elas. Por isso, Paulo trata da justificação pessoal diante de Deus, enquanto Tiago se ocupa da justificação pelas obras diante dos homens." (E e P.C, 2007)

 

Exercício:

·         Definir o significado da expressão - “Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, [...] ele não pode estar no pecado.”(1 João 3.9) – à luz do propósito do texto em questão, carta e sua relação com o propósito da Escritura.



·         Resposta:

a)      Se opor ao ensino de que por serem cristãos poderiam viver de toda forma, praticando pecado e vivendo uma vida que em nada se harmoniza com a graça de ser justificados em Cristo.

b)      Ele contrasta a vida pecaminosa – com prazer- daqueles que são por natureza “filhos do diabo”, pois não foram justificados pela fé em Jesus e por isso não se parecem com ele nem o reconhecem.

·         Qual o desígnio ou propósito dos seguintes livros da Bíblia?

a)      Provérbios;

b)     Gálatas;

c)      Tito;

d)     Filemom.

 

Quinta regra da hermenêutica: É necessário consultar as passagens paralelas, "explicando cousas espirituais pelas espirituais". (I Cor. 2.13)

As passagens paralelas são aquelas que fazem referência uma à outra, que possuam relação entre si ou que tratem do mesmo assunto. Os paralelos podem ser divididos em três tipos:

1.      Paralelos de palavras: usado quando o conjunto da frase e o contexto não são suficientes para explicar determinada palavra. Em Gálatas 6.17 Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as “marcas” de Jesus”, por exemplo, é elucidado quando comparamos com os textos paralelos em 2Coríntios 4.10 levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.”, e, em 2Coríntios 11.23-25São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São da descendência de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar”. As marcas dizem respeito aos suplícios sofridos por ao evangelho de Cristo.

“Tais suplícios eram tão cruéis que, se não deixavam o paciente morto, causavam marcas que permaneciam no corpo por toda vida. [...]as marcas no corpo de Paulo não eram chagas ou sinais da cruz milagrosa ou artificialmente produzidas, como julgam alguns, porém marcas ou sinais dos suplícios sofridos pelo Evangelho de Cristo.” (E e P.C, 2007)

2.      Paralelos de ideias: Para conseguir ideia completa e exata do que ensina determinado texto, talvez obscuro ou discutível, consulta-se não somente as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias. Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16) Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4, a ideia paralela: "E, chegando-vos para ele, (Jesus) pedra viva [...]" entenderemos que a pedra é Cristo.

3.      Paralelos de ensinos gerais: Para a correta interpretação de determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e de ideias, é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as obras da lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na Bíblia toda.

Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes presente. Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser interpretados à luz dos ensinos gerais das Escrituras.