Por: Sandro Francisco
do nascimento.
Texto base: Filipenses
2.5-11.
Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de
Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até
a morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu
o nome que esta acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
O texto em apreço foi
escrito pelo apostolo Paulo, provavelmente no ano 61 d.C. A cidade recebeu esse
nome (Filipos) por causa de Filipe da Macedônia, pai de Alexandre o Grande. Era
uma cidade muito importante por estar localizada na via Egnatia, que era a estrada
principal entre as províncias do leste de Roma (At 16.12). Ao que tudo indica a
cidade era fortemente povoada por gentios, provavelmente soldados romanos
aposentados, os quais desfrutavam os privilégios de sua cidadania romana.
Propósito
O propósito principal
da carta segundo o próprio Paulo deixa claro em Fp 4.10-13 é agradecer pela
cooperação da igreja de Filipos. Contudo, o apostolo também os exorta a manter
a unidade, o que indica que a igreja estava enfrentando problema de divisão e partidarismo
Fp 2.1- 4.
O texto de filipenses
2.5-11 é um hino a humildade do Rei, o apostolo exalta o ato de auto
esvaziamento de nosso Senhor que, sendo Deus, sujeitou-se a vontade do Pai de
livre e espontânea vontade assumindo a posição e forma de servo. Creio que esse
texto pode ser entendido não só como a maioria dos teólogos o expressam,
tomando seu significado de muita importância com respeito a sua divindade,
humilhação e exaltação, mas também uma aplicação mais ampla com respeito a vida
de humildade e comunhão da igreja.
É vergonhoso o fato de
que nós, de uma igreja genuinamente calvinista, que cremos na depravação total
do homem, mas contrariando o que cremos exigirmos um reconhecimento de nossas
boas ações. As vezes somos tão contraditórios que, quando ofendidos nos
indignamos e gritamos em auto tom: quem você pensa que é? Ou: com quem você
pensa que esta falando? E qual o motivo dessa nossa atitude? Sinto informar,
somos todos em certa medida “hipócritas”.
Quando leio a carta de
Paulo aos filipenses percebo que o antídoto para nossa soberba é a obediência
voluntária, aquela mesma obediência que levou nosso Senhor a se esvaziar de si,
se sujeitando ao Pai e assumindo a posição de um escravo.
Quero compartilhar com
a amada igreja algumas verdades que o texto nos ensina sobre a humilhação de
Cristo (kenwsij) que devem ser
o paradigma para uma vida de humildade e união na comunidade da igreja.
1.
Apesar de elogiar a igreja naquilo que
eles estavam firmes, Paulo os repreende por algumas atitudes carnais.
·
“Nada façais por partidarismo ou
vanglória” (Fp 2.3). Ao que tudo indica a exemplo de Corinto, os filipenses
estavam enfrentando também problemas com panelinhas (1Co 3.3-4). Infelizmente
ainda há em nossas igrejas aqueles que formam coligações e, outros que acham
que são donos da igreja. Isso acaba destruindo a unidade da igreja, causando
discórdia pelo simples motivo que não são os interesses do corpo que esta em
evidencia mas, o individuo (3Jo 9).
·
Com essa atitude em evidencia na igreja,
a conclusão obvia que podemos chegar é que ainda que a igreja pareça estar
saudável por alguns acertos ela é nada mais que carnal.
2.
Dos versículos 1 ao 4 Paulo os repreende
e exorta-os a como proceder de forma digna. Mas o clímax de sua exortação esta
dos versos 5 ao 11, pois nesses versículos o apostolo vai apontar a humilhação
de Cristo como paradigma de humildade e sujeição da igreja.
·
Ele inicia o verso 5 com um imperativo,
“tende”, que indica a ordem de ter ou possuir. Uma outra forma possível para
compreensão seria: possuam em vós.
·
Agora quero chamar a atenção dos irmãos
para algumas palavras em particular:
Ø Ekenwsen- que quer dizer esvazio-se. A palavra esta na
terceira pessoa do singular e esta na voz ativa, ou seja, a ação foi efetuada
pelo sujeito (Cristo).
Ø Morfh – Forma, não como forma física mas como
essência ou característica particular que o define. Em outras palavras, Jesus é
essencialmente Deus, ele é divino, possui todos os atributos de Deus.
Ø Schma- Forma, porem ao contrario de morfh, skema tem o significado de forma
física.
Ø Isa- igual.
Paulo esta afirmando que Cristo sendo
essencialmente Deus humilhou-se voluntariamente assumindo a forma de homem,
forma essa que o possibilitou a padecer todos os castigos necessários a satisfazer
a justiça de Deus. (Fp 2.8).
Aplicação
1.
A exemplo de Cristo, não devemos ser
orgulhosos.(Fp 2.5-8).
A
palavra aqui traduzida como usurpação é a palavra grega “a,rpagmon”, que pode ser entendida como:
algo a ser conseguido ou retido a qualquer custo. Em outras palavras, Cristo
não se apegou o fato de ser Deus, mas se esvaziou de sua gloria no céu e
encarnou em um corpo de carne, sofrendo assim tudo que nós sofremos.
2.
Assim como Cristo, nossa obediência não
deve ser forçada, mas ao contrario, devemos obedecer e amar a Deus e sua igreja
voluntariamente.(Fp 2.7)
O
próprio Paulo sabia o que era sofrer voluntariamente por obediência a verdade
de Deus e por amor a igreja do Senhor.(Fp 2.27-30; At 16.9-12;At 16.16-24).
3.
Tendo como exemplo o ato de auto
esvaziamento de Cristo, devemos desenvolver nossa salvação (Fp 2. 12-18).
Devemos evidenciar que de fato somos salvos, pois se dissermos que estamos na
luz e praticarmos as obras que não são dignas da luz, fica evidente que não
andamos na luz nem a conhecemos.
Que
o Senhor pois aplique sua palavra em nossas vidas!