domingo, 1 de dezembro de 2019

O Que Precisamos Saber Sobre o Divórcio?



SERMÃO PREGADO PELO REV. JEFFERSON DE ANDRADE AZEVEDO, NA NOITE DE 01 DE DEZEMBRO DE 2019, NA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, EM CABO DE SANTO AGOSTINHO/ PE.
Texto: Mateus 19:3-12

Introdução
·         Queridos irmãos, eu quero iniciar minha exposição citando as palavras (a meu ver muito precisas) do Dr. Andreas Köstemberger: “Embora a beleza do plano de Deus para o casamento seja exposta claramente nas Escrituras e muitos anseiem experimentar o tipo de intimidade e amor que apenas o casamento bíblico pode proporcionar, a realidade triste é que relacionamentos conjugais muitas vezes se rompem e ficam a aquém do ideal bíblico”.
·         As palavras do Dr. Köstemberger traz consigo questões sobre as quais devemos refletir com muita atenção:
a)      O casamento conforme o ensino bíblico é em si mesmo belo.
b)     O casamento é belo porque foi devidamente planejado por Deus.
c)      Muitos anseiam experimentar a intimidade e o amor que só o casamento pode propiciar.
d)     Lamentavelmente muitos casamentos se rompem.
e)      E muitos casais ficam aquém do ideal bíblico (inclusive quando se divorciam por qualquer razão).  
·         Fatos como esses deveriam nos fazer refletir sobre que compreensão temos sobre a realidade e identidade do casamento. Mais que isso, esses fatos deveriam nos fazer pensar sobre a possibilidade e gravidade de seu rompimento. Em alguns países 50% dos casamentos terminam por divórcio.
·         Pode parecer estranho, mas hoje é alarmante o número de casais que se dizem evangélicos, e que decidem se divorciar por qualquer razão desconsiderando o fato de que o casamento é um pacto, e que, portanto, deve ser preservado para a glória de Deus. Mais que isso, é estranho que muitos se divorciem e casem novamente sem sequer observar o que Jesus ensina sobre isso.
·         No texto lido Jesus lidou com essas três questões: Casamento, Divórcio e Novo Casamento norteando e esclarecendo a questão.

Elucidação
·         O contexto em que Jesus elucidou seu ensino sobre o Casamento, Divórcio e Novo Casamento se deu num contexto marcado por uma polêmica. O texto diz que alguns Fariseus vieram para experimentá-lo. Em outras palavras, vieram pra pô-lo a prova. E a pergunta dirigida a Jesus teve a ver com a licitude ou ilicitude do divórcio. Jesus respondeu a pergunta afirmando não apenas quando a pessoa pode se divorciar. Jesus ampliou sua resposta e falou sobre Casamento, Divórcio e Novo Casamento. E deixou muito claro que:
a)      O Casamento é a união de um homem e uma mulher, e o padrão é que ambos vivam de modo vitalício.
b)     O Divórcio é a lastimável e indesejável ruptura dessa união.
c)      O Novo Casamento é uma segunda união para aqueles que sofreram infidelidade e resolveram se divorciar, e após o Divórcio casaram outra vez.
·         Hoje, entretanto nosso intuito é falar sobre o divórcio. Por isso, eu quero refletir com os irmãos sobre a seguinte questão:

Tema: O Que Precisamos Saber Sobre o Divórcio?

1º O Divórcio não pode ocorrer por qualquer causa (v.3-6).
·         Vivemos um momento histórico delicado onde as pessoas muitas vezes ingressam no casamento já com uma perspectiva pessimista: “Se der certo deu”. Quando não: “Eu caso e se não der eu me divorcio e caso de novo”. E ingressam no casamento com essa perspectiva pessimista por duas razões: ou não sabem quão grave é romper o Casamento, ou são licenciosos (as vezes é uma questão de depravação mesmo). De qualquer forma é alarmante o número de Divórcios entre cristãos e nós nem podemos fechar os olhos para isso, nem podemos enxergar nisso algo normal.
·         O Rev. Hernandes Dias Lopes em seu livro Casamento, Divórcio e Novo Casamento cita algumas causas ilícitas para o divórcio: “ausência de diálogo, emancipação da mulher, mudança do padrão profissional, desemprego, arrocho financeiro, facilidades legais para o divórcio, declínio da fé". Eu ainda acrescento outras duas: incompatibilidade de gênio, e porque o amor acabou (hoje está na moda estas duas desculpas). A meu ver duas desculpas sem a menor justificativa.
·         Nos dias de Jesus, a discussão envolvendo a possibilidade do Divórcio era dominada por das Escolas Rabínicas: a Escola de Hillel e a Escola de Shammai. Esses dois Rabinos se posicionaram acerca daquilo que está em Deuteronômio 24:1-4. Especificamente no v.1 quando o texto fala “coisa indecente”. Hillel interpretava isso numa perspectiva mais aberta (inclusive uma refeição mal feita). Shammai interpretava essa questão afirmando que ela se refere à imoralidade sexual (mas também abria exceções quando suas Regras de Conduta eram transgredidas). Jesus é taxativo ao dizer que apenas a infidelidade poderia ser causa para o Divórcio.
·         Eu fico a pensar que quando as pessoas dizem ama outra pessoa, e após casar, pouco tempo depois, ou por qualquer motivo se divorciam elas mentem. A semana passada aprendemos com base em Gênesis 2:23-24 que a única coisa que justifica o Casamento é o amor. E Paulo vai dizer em 1Coríntios 13:8: “O amor jamais acaba”. O texto grego diz literalmente: “O amor jamais cai/termina”. Ou seja, quem ama até o fim. Logo, um divórcio ilegítimo é sinônimo de nunca houve amor.
·         O que podemos aprender aqui? Aprendemos que o Divórcio não pode ser tratado como algo normal e que deva ser aceito com tal. Aprendemos que o Divórcio não deve ser idealizado antes de ingressar no Casamento como um modo adequado de resolver certos impasses que surgirão no decorrer do mesmo. Por mais que o Divórcio se mostre atraente nos momentos em que o Casamento está eivado de problemas, saiba que ele nem é a única nem a melhor opção.

2º O divórcio ocorre por permissão, não como padrão (v.7-8, 12).
·         Essa distinção deve ser repetida e enfatizada. O Divórcio foi tolerado e permitido por Deus, mas não estabelecido por Ele. Nos vs.3-4 Jesus já havia aludido à ordem da criação onde homem e mulher são descritos como “uma só carne”. Essa tolerância aparece claramente em Deuteronômio 24:1-4. Ali o Divórcio é regulamentado por Moisés. No contexto de Deuteronômio 24 nada é dito sobre as razões pelas quais Deus permitiu que Moisés incluísse na Lei tal permissão. Jesus em Mateus 19:8 esclarece que foi por causa “da dureza do coração do homem”.
·         O v.8 deixa muito claro que o divórcio foi permitido por causa da obstinação humana, não por iniciativa divina. Deus tem prazer na perpetuação do casamento, não em sua dissolução. E mais, o que os Fariseus chamam de mandamento, Jesus esclarece ser uma permissão. Uma permissão que não pode ser vista como padrão. A prova disso é que no final do v.8 Jesus disse: “Não foi assim desde o princípio”. O Dr. Köstemberger diz algo interessante: “Embora tanto Jesus quanto Paulo tenham defendido energicamente o ideal bíblico de um matrimônio monógamo e vitalício, ambos trataram da possibilidade de divórcio e novo casamento”. Possibilidade não é padrão, é exceção.
·         O padrão é o Casamento tal como Deus idealizou e Jesus mencionou nos vs.3-4. O grande problema é que o homem desde a Queda perverte os padrões estabelecidos por Deus ao acolher para si padrões que ele mesmo tende a criar. Hoje vemos muitos cristãos e até pastores tentam justificar o injustificável. Muitos já casaram e se divorciaram mais de uma vez e por isso fazem de tudo para defender como normal tal prática. Muitos inclusive se divorciaram em condições que a Bíblia não legitima. Esses também não são exemplos a serem seguidos ou levados a sério. O padrão é o Casamento duradouro. 
·         Quando olhamos para Gênesis 2:20-24 vemos claramente a alegria de Adão quando o Senhor criou Eva. Ele a chamou de “osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Ou seja, ele a chamou de “pedaço de mim”. Logo, esse deve ser o padrão. Por outro lado, quando olhamos para um Divórcio vemos o oposto disso. Vemos o padrão estabelecido por Des sendo posto de lado. E lamentavelmente ouvimos pessoas dizendo o seguinte: “Durou muito. Eu pensava que iria durar menos”.
·         O que podemos aprender aqui? Aprendemos que nossos olhos devem estar voltados para a ordem da criação. O Casamento foi uma criação divina dada a homem como mandamento. Lembremos que em Gênesis 1:31Deus viu que tudo que Ele havia criado era muito bom”. Isso inclui o Casamento. Logo, o Divórcio o oposto disso. Ele é muito mau. Deus o deia, e aqueles que passam por ele jamais serão os mesmos.

3º O divórcio PODE ocorrer em caso de infidelidade (v.9-11).
·         O texto é claro ao dizer que o divórcio PODE ocorrer em caso de infidelidade. O texto não diz que o divórcio DEVE ocorrer em tal caso. Isso porque o cônjuge que sofreu a infidelidade PODE perdoar e permanecer com o cônjuge que cometeu infidelidade (ou não). O texto não diz que ele DEVE permanecer. Essas observações são importantes para não criminalizarmos todos os Divórcios. Aliás, só quem pode criminalizar um Divórcio é a Escritura.
·         Uma coisa é fato: Deus em sua santidade abomina o divórcio. Mas essa atitude divina precisa ser devidamente compreendida: O Rev. Jay Adams chama a nossa atenção para um fato importante: “Todos os divórcios são causados por pecados, mas nem todos os divórcios são pecaminosos [...] Deus odeia o divórcio, não como processo, mas por suas causas pecaminosas e por muitas das suas consequências devastadoras”. Ou seja, há divórcios lícitos e ilícitos.
·         O que é que estamos chamando de infidelidade? A palavra usada por Jesus e traduzida como “relações sexuais ilícitas” em Mateus 19:9 é porneia. Essa palavra abarca toda sorte de pecados sexuais. Ou seja, essa palavra abarca todos os pecados proibidos pelo sétimo mandamento (Êxodo 20:14 “Não adulterarás). D.A.Carson diz que porneia aqui pode ser traduzida como “imoralidade sexual”. Ou seja, infidelidade tem a ver com o envolvimento de um cônjuge com toda forma de vínculo sexual fora do casamento: adultério, pedofilia, incesto, homossexualismo, bestialidade etc.
·         Não é possível ignorar o fato de que quando Jesus afirma ser a infidelidade causa para o divórcio, ao mesmo tempo Ele afirme ser ela base legítima para o Novo Casamento. Ou seja, uma vez que a infidelidade é confirmada, o cônjuge que sofre a infidelidade PODE requerer carta de divórcio, e posteriormente vir a casar novamente. Por isso, aqueles que pensam em se divorciar e casar novamente devem ouvir o que Jesus diz sobre essa questão. E Jesus é claro: o Novo Casamento pode ocorrer após infidelidade sofrida e divórcio consumado.
·         O que podemos aprender aqui? Aprendemos que o Divórcio pode ocasionar a ruptura do Casamento. Uma ruptura traumática e cujas consequências serão sofridas por ambos os cônjuges (e para os filhos se houverem). Também aprendemos que o Divórcio uma vez consumado dá a parte ofendida a possibilidade (o direito) de ingressar em um Novo Casamento não sendo o mesmo permitido a parte ofensora.
Aplicações

1ª O Divórcio nunca será o padrão para nós cristãos.
2ª Não podemos transformar a exceção em regra.
3ª Avalie se de fato o divórcio é a melhor opção.

Conclusão
·         Finalizo citando o Rev. Jay Adams: “Diferentemente do Casamento o divórcio é uma instituição humana [...] Deus não deu origem a esse conceito como parte de sua ordem para o ser humano. Logo, o Divórcio e uma inovação humana [...] O fato de que Deus não estabeleceu o Divórcio, mas o permite em certas condições, é uma razão pela qual a Igreja tem tido problema em sua consideração essa prática”.    


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