segunda-feira, 6 de outubro de 2014

o véu

                            

                                                                O véu

            Antes de expor o assunto peço aos irmãos que leiam tudo antes de julgar o assunto. Nesta exposição vou apresentar as suposições históricas e culturais do assunto, sendo por último minha própria opinião. Vamos começar nossa exposição conhecendo corinto.

            Corinto era uma importante cidade cosmopolita, localizada na província romana da Acaia (parte sul da atual Grécia), em um grande istmo, aproximadamente 80 quilômetros a oeste de Atenas. Ela estava situada junto a uma das principais rotas comerciais e possuía uma próspera economia. Durante o século 1, ela foi uma  das  maiores cidades do Império Romano, e no fim do século 2 se tornara uma das mais ricas do mundo. Por receber viajantes de vários lugares do mundo, a igreja em corinto era estratégico para que o evangelho fosse levado a todo o mundo. No entanto a cidade de corinto também era uma das mais profanas dos tempos antigos. Nela havia abundância de imoralidade, negócios inescrupulosos e práticas pagãs.
            Paulo conseguiu estabelecer uma igreja em corinto durante os dezoito meses da sua residência ali (aproximadamente 52-53 d. C).

                                                   Por que usar o véu?

            Gostaria agora de chamar a atenção para dois versículos em especial:                            

Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.
Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.

1 Coríntios 11:5-6

            Agora vamos entender a natureza desse conselho. Naquela época em corinto havia um sentido bem literal do porque era vergonhoso para mulher rapar a cabeça, os visitantes de corinto quando atracavam procuravam bem mais que só vender e comprar, corinto também era centro de prostituição. Na época a forma de marcar todas as mulheres imorais era raspando a cabeça, assim eram facilmente reconhecidas tanto pelos visitantes quanto pelos moradores da cidade.
            Há alguns motivos pelo qual esta posição se torna sólida, pois em primeiro lugar, nesta cidade havia uma boa comunidade de judeus, o suficiente para se haver uma sinagoga. Então seria praticamente impossível dizer que as pessoas não conheciam as tradições judaicas tais como uso do véu. Outro fato que chama a atenção é que em nenhuma outra carta Paulo toca no assunto, na verdade no novo testamento esta é a única vez que é falado sobre o assunto. Claro que também devemos levar em consideração que o véu não é nenhuma novidade ensinada à igreja de corinto, em Gên. 24, Rebeca cobre-se com o véu reverenciando a Isaque, ou seja, isso na época era uma forma de mostra pudor e honra.

Rebeca também levantou seus olhos, e viu a Isaque, e desceu do camelo.
E disse ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então tomou ela o véu e cobriu-se.


Genesis 24:64-65

                                                                  Minha opinião

Diante dos fatos e da ordenança clara do apostolo Paulo fica claro a posição do véu como sinal de humilhação e pureza. O fato de não ser mencionado nas outras cartas, porém nos leva a duas suposições, ou as outras igrejas eram firmes neste assunto não sendo necessário que o fosse corrigido, ou Paulo achou necessário separar as mulheres Cristãs das prostitutas utilizando um costume judeu. Em ambos os casos não se pode negar que o véu era um costume como vimos no cap. 24 de Gêneses, e que em outras culturas com exceção a Corinto não se fazia necessário. Se observarmos bem há um paralelo entre o costume e a intenção, pois se o povo judeu já tinha este costume, porque quando a prostituta lavou os pés do Senhor com as lágrimas e enxugou com os cabelos como sinal de reverência e humilhação, poderia ela simplesmente ter posto sobre a cabeça um véu e se ajoelhado aos pés do Senhor, mas, porém julgou ela ser pouco diante do Mestre.
Creio fielmente que as irmãs fazem bem em usar o véu, mas, porém se necessário às julgo vãs se condenam outras Cristãs que mesmo não tendo tal costume servem ao Senhor com zelo.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;

.

Mesmo reconhecendo o papel importante do uso do véu no mundo judaico e sua implicação para a igreja não podemos associalo a nossa salvação. Por exemplo: uma pessoa pode passar a vida inteira ajudando os pobres e ainda assim se ele não tiver o Senhor Jesus como seu único salvador ele irá ser mandado ao inferno do mesmo modo que um assassino. Da mesma sorte esta o véu ou qualquer coisa que pensemos nos justificar diante de Deus. Como está escrito:

  ¶ Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.

Então é um erro  julgar a salvação pela aparência ou pelas obras, pois Deus não mandou seu Filho para quem não tinha doença, mas para todos aqueles a quem ele quis curar.

Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.
romanos 14

.





Sandro F do Nascimento.

domingo, 5 de outubro de 2014

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A Aliança das Obras

                                                  A Aliança das Obras
Gn 2.17; Rm 3.20-26; Rm 10.5-13; Gl 3.10-14; Rm 3.23
"Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em
que dela comeres, certamente morrerás." (Gn 2.17)
Quando Adão e Eva foram criados, entraram num relacionamento moral com Deus, seu
Criador. Tinham a responsabilidade de obedecê-lo, sem nenhum direito inerente a
recompensa ou bênção por tal obediência. Deus, entretanto, em seu amor, misericórdia e
graça, voluntariamente entrou numa aliança com suas criaturas pela qual adicionou à sua
lei uma promessa de bênção. Não se tratava de uma aliança entre partes iguais, mas de
uma aliança de descansava sobre iniciativa de Deus e sua autoridade divina.
A aliança original entre Deus e a humanidade foi uma aliança de obras. Nesta aliança,
Deus exigiu obediência perfeita e total ao seu governo. Prometeu vida eterna com bênção
pela obediência, mas ameaçou a humanidade com a morte, caso desobedecessem sua
lei. Todos os seres humanos, de Adão até nós, no tempo presente, inevitavelmente são
membros dessa aliança. As pessoas podem recusar-se a obedecer ou até mesmo
recusar-se a reconhecer a existência de tal aliança, mas nunca poderão escapar dela.
Todo ser humanos se acha em relacionamento de aliança com Deus, seja como violador
da aliança ou como guardador da aliança. A aliança das obras é a base da nossa
necessidade de redenção (porque nós a violamos) e nossa esperança de redenção
(porque Cristo cumpriu seus termos por nós).
Um único pecado já é suficiente para violar a aliança das obras e nos tornar devedores
que não podem pagar a própria dívida para com Deus. O fato de que ainda tenhamos
esperança de redenção, mesmo depois de pecar, ainda que seja um único pecado, é
devido à graça de Deus e somente à graça de Deus.
As recompensas que recebemos de Deus no céu também são atos de graça.
Representam Deus corando seus próprios dons de graça. Se Adão tivesse obedecido a
aliança divina das obras, ele teria alcançado o mérito que procede da virtude de cumprir
os requisitos da aliança com Deus. Adão caiu em pecado e por isso Deus, em sua
misericórdia, acrescentou uma nova aliança com base na graça pela qual a salvação
tornou-se possível e disponível.
Somente um ser humano conseguiu guardar a aliança das obras. Essa pessoa foi Jesus.
Sua ação, como segundo ou novo Adão, satisfez todos os termos da nossa aliança
original com Deus. Seu mérito em alcançar isso está disponível a quem puser sua
confiança nele.
Jesus é a primeira pessoa a entrar no céu por suas boas obras. Nós também entramos no
céu pelas boas obras - as boas obras de Jesus. Elas se tornam "nossas" boas obras
quando nós recebemos Cristo pela fé. Quando depositamos nossa fé em Cristo, Deus
credita as boas obras dele em nossa conta. A aliança da graça cumpre a aliança das
obras porque Deus graciosamente aplica o mérito de Cristo em nossa conta. Desta
maneira, pela graça satisfazemos os termos estabelecidos na aliança das obras.
Sumário
1.Deus entrou numa aliança de obras com Adão e Eva.
2. Todo ser humanos está inevitavelmente envolvido na aliança divina das obras.
3. Todo ser humano é violador da aliança das obras.
4. Jesus cumpriu a aliança das obras.
5. A aliança da graça nos proporciona os méritos de Cristo, pelos quais os termos da
aliança das obras são satisfeitos.
Autor: R. C. Sproul
Fonte: 2º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã – R.C.Sproul. Editora Cultura Cristã.
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O PACTO COM ADÃO


                                  O Pacto com Adão:
Uma Breve Análise Histórica
Rev. Angus Stewart
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

As igrejas Reformadas ensinam uma relação pactual entre o Adão pré-queda e o
Deus Triúno. Neste artigo, analisaremos as visões de vários teólogos, especialmente João
Calvino, culminando na obra de Herman Hoeksema, que identificou o pacto, incluindo o
pacto com Adão, como comunhão entre o Deus vivo e seu filho [Adão], a quem criou à
sua própria imagem.

1. Existe um pacto com Adão?

A igreja cristã tem falado da relação entre Deus e Adão antes da queda em termos
do pacto no mínimo desde Agostinho (354-430).2 A teologia Reformada desenvolveu essa
verdade. Estudiosos têm debatido, contudo, se Calvino (1509-1564) sustentou um pacto
pré-queda com Adão.
Lutero (1483-1546) e muitos teólogos Reformados viram corretamente uma
referência ao pacto de Deus com Adão em Oséias 6:7.3 Do seu comentário sobre Oséias
6:7, é claro que Calvino estava ciente que alguns em seus dias entendiam esses versículos
dessa forma: “Outros explicam as palavras assim: ‘Eles transgrediram o pacto como
Adão’.” Contudo, Calvino chama essa interpretação de “sem imaginação”, “fraca” e
“insípida”; e assim, “não paro para refutar esse comentário”.
Estudiosos de Calvino têm encontrado somente uma passagem na qual Calvino
fala explicitamente do pacto de Deus com o Adão pré-queda. Em suas Institutas da Religião
Cristã, ele escreve dos “pactos” (plural) com Adão e Noé, e seus respectivos sacramentos
ou sinais:
Do primeiro gênero são exemplos, como quando a Adão e Eva ele deu a
árvore da vida por penhor da imortalidade, para que confiadamente a
propusessem a si, por quanto tempo comessem de seu fruto [Gn 2.9; 3.22].
E quando estabeleceu, a Noé e a sua posteridade, o arco celeste por
testemunho de que depois disso não haveria de destruir a terra com um
dilúvio [Gn 9.13-16]. Adão e Noé tiveram esses elementos por sacramentos.
Não que a árvore lhes provesse a imortalidade, que por si só não podia dar,
1 E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em outubro/2007.
2 Peter A. Lillback cita a Cidade de Deus 16.27 e Dos bens do Matrimônio 2.11.24 de Agostinho (The Binding of God:
Calvin’s Role in the Development of Covenant Theology [Baker: Grand Rapids, 2001], pp. 41-45).
3 Cf. B. B. Warfield, “Hosea VI.7: Adam or Man?” in Selected Shorter Writings, vol. 1 (USA: P & R, 1970), pp. 116-
129.

nem o arco-íris, que é apenas a reverberação da radiação solar nas nuvens
opostas, seria eficaz em conter as águas, mas porque tinham a marca
esculpida pela Palavra de Deus a fim de que fossem provas e selos de seus
pactos. (Institutas 4.14.18). 4
Calvino não chama esse pacto pré-queda de “pacto de obras”, “pacto da criação”
ou “pacto da natureza”, termos usados por Zacharias Ursinus (1534-1583).5 A frase
“pacto com Adão” se encaixaria muito bem com a citação acima do reformador de
Genebra.

2. O Adão caído poderia obter vida eterna e celestial?

Calvino cria que “o primeiro homem teria passado para uma vida melhor se
permanecesse reto” (Com. sobre Gn. 3:19). Por uma vida “melhor”, ele quer dizer, mais
especificamente, “vida eterna” (Institutas 2.1.4) e “vida celestial”, pois “ele teria passado
para o céu sem a morte” (Com. sobre Gn. 2:16-17).
Calvino opina: “Nesta integridade, o homem usufruía de livre-arbítrio, mercê do
qual, caso quisesse, poderia alcançar a vida eterna”. Umas poucas linhas antes escreve:
“Portanto, Adão podia manter-se, se o quisesse, visto que não caiu senão de sua própria
vontade” (Institutas 1.15.8). Não temos querela com a declaração que Adão teria se
mantido no caminho da obediência. Mas Calvino não provou, nem qualquer outra pessoa,
que a Escritura ensina que Adão teria recebido “vida eterna e celestial”.
Comentando sobre “e o homem foi feito alma vivente”, Calvino escreve:
Paulo faz uma antítese entre esta alma vivente e o espírito vivificante que
Cristo confere aos fiéis (1Co. 15:45), por nenhum outro propósito que não
nos ensinar que o estado do homem não foi aperfeiçoado na pessoa de
Adão; mas é um benefício peculiar conferido por Cristo, que podemos ser
renovados para uma vida que é celestial, enquanto antes da queda de Adão, a
vida do homem era apenas terrena, visto que ela não tinha nenhuma
constância firme e estabelecida (Com. sobre Gn. 2:7).
O mínimo que se pode dizer é que 1 Coríntios 15:45 (e as observações acima de
Calvino sobre a passagem) não se encaixa fácil com a noção que o Adão pré-queda
poderia ter alcançado a vida eterna e celestial mediante o caminho da obediência, tanto
para ele como para, por implicação, os seus descendentes.
1 Coríntios 15:45-49 traça um contraste entre o primeiro Adão e o “último” ou
“segundo” Adão, Jesus Cristo. Primeiro, Cristo é “o Senhor… do céu”, enquanto Adão é
meramente “da terra,… terreno” (1Co. 15:47), um “boneco de barro”, como Calvino
coloca (Com. sobre Gn. 2:7). Segundo, Adão é “natural”; Cristo é “espiritual” (1Co.
4 “O termo ‘sacramento’”, nesse contexto, explica Calvino, “abraça, de modo geral, a todos os sinais que Deus, em todos
os tempos, outorgou aos homens, para que mais certos e seguros os tornasse quanto à veracidade de suas promessas”.
Nessa categoria ampla, Calvino inclui a lã de Gideão e o retroceder em dez linhas a sombra do relógio de Ezequias.
Assim, Calvino não está se referindo à arvore da vida como se ela fosse equivalente ao batismo ou Ceia do Senhor.
5 O Catecismo Maior de Westminster Q. & A. 20 também fala de um “pacto da vida” com Adão.

15:46). Terceiro, enquanto “Adão foi feito uma alma vivente; o último Adão [foi feito] em
espírito vivificante” (1Co. 15:45). O último aconteceu através da encarnação, morte,
ressurreição e ascensão de Cristo. Assim, se foi exigido a encarnação, crucifixão e
ascensão do “Senhor dos céus” “espiritual” – “um espírito vivificante!” – para transmitir
vida eterna e celestial ao eleito, como poderia o Adão “terreno” e “natural”, que era
meramente “uma alma vivente”, alguma vez ganhar vida eterna e celestial, e comunicá-la à
sua posteridade?
Embora muitos Presbiterianos e Reformados reconheçam que Adão poderia ter
adquirido a vida eterna, os Símbolos de Westminster não especificam isso na verdade: “O
primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras; nesse pacto foi a vida
prometida a Adão e nele à sua posteridade, sob a condição de perfeita obediência
pessoal” (Confissão de Westminster 7.2).
Thomas Goodwin (1600-1680), um Puritano inglês e proeminente delegado da
Assembléia de Westminster, faz um ataque prolongado sobre a idéia de Adão ganhando
vida eterna e celestial por sua perseverança, na parte 2 do seu livro Of the Creatures, and the
Condition of their State by Creation. Ele apela a 1 Coríntios 15:45 e seu contexto muitas
vezes.6 Em suas obra, Of Christ the Mediator, Goodwin escreve:
Adão não poderia conseguir uma condição mais nobre, nem alguma posição
maior do que aquela na qual foi criado poderia ser trazida por suas obras,
nem mesmo por todas elas. Fazê-lo estava ultra suam sphaerum, acima de sua
esfera; ele nunca conseguiria isso. Como, por exemplo, não poderia ter
alcançado aquele estado no céu que os anjos desfrutam. O que Cristo diz?
“Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei:
Somos servos inúteis” (Lucas 17:10). Isso ele não poderia fazer, não mais
que outras criaturas guardando aquelas suas ordenanças podem merecer ser
“transladadas para a liberdade gloriosa” que aguardam, e que haverá no
último dia. A lua, embora mantenha todos os seus movimentos
estabelecidos por Deus tão regularmente, todavia, não pode por causa disso
alcançar a luz do sol como nova recompensa. E assim, tampouco pode
alguma criatura de si mesma, por toda a sua retidão, obter em justiça uma
condição maior para si. E, portanto, os anjos, por toda a sua graça, não
merecem hoje uma condição melhor do que aquela na qual foram criados.7
Nem é a idéia que o Adão não-caído poderia ter ganhado vida eterna distintamente
Reformada, pois, como Goodwin aponta, os Católicos Romanos também sustentam
isso.8
Embora Calvino (erroneamente) sustente que Adão poderia ter obtido o céu, ele
(corretamente) rejeita toda noção de Adão merecendo isso diante de Deus. Peter Lillback
6 Thomas Goodwin, The Works of Thomas Goodwin (USA: Tanski Publications, 1996), vol. 7, pp. 36, 37, 48, 49-50, 62,
70, 73, 76-91 etc.
7 Goodwin, Works, vol. 5, pp. 82-83.
8 Goodwin, Works, vol. 7, p. 57.

escreve: “A teologia de Calvino não permite nenhum mérito no contexto pré-queda”.9
Ele explica:
A rejeição do mérito por Calvino no contexto pré-queda, é particularmente
motivada por um desejo de refutar a conexão de mérito e justificação do
pecador, feita pelos teólogos Católicos Romanos. Mas sua antipatia ao
mérito é mais profunda que isso. Para Calvino, nenhuma criatura de Deus
[incluindo o Adão pré-queda e os anjos eleitos], embora perfeita, pode
merecer algo de Deus o Criador.10
Lillback cita o comentário de Calvino sobre Romanos 11:35:
Paulo não somente conclui que Deus não nos deve nada, por causa de nossa
natureza corrompida e pecaminosa; mas ele nega que se o homem fosse
perfeito, poderia trazer algo diante de Deus, pelo qual ganharia seu favor;
pois tão longo começa a existir, ele já está tão endividado para com seu
Criador pelo direito de criação, que não possui nada para apresentar.
O ódio mortal de Lutero pelo mérito da criatura em todas as suas formas é bem
conhecido. Outros teólogos Reformados, tais como Thomas Goodwin e o suiço Daniel
Wyttenbach (1706-1779), também rejeitaram a idéia de Adão merecendo algo de Deus,
mesmo se fosse ex pacto (procedente do pacto).11

3. O pacto com Adão era um contrato ou um laço?
Peter Mastricht (1630-1706) fala por muitos teólogos Reformados e Presbiterianos:
“toda a essência do pacto de obras está contida na primeira publicação dele [em Gênesis
2:17].”12 Esse pacto de obras inclui uma “condição” (não comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal), uma “penalidade” por comer (morte) e uma
“promessa” (vida eterna e celestial). Em seu comentário sobre Gênesis 2:16-17 e em suas
Institutas (2.1.4), Calvino usa palavras tais como “teste”, “ameaça” e “promessa”, embora
não apresente a teologia esquematizada de muitos teólogos posteriores.
Contudo, não somente não existe nenhuma promessa de vida eterna em Gênesis
2:17, mas esse sistema também apresenta o pacto pré-queda como meramente um meio
para um fim. Mas a Bíblia ensina que o pacto é eterno e o fim dos tratamentos de Deus
com o seu povo (Ap. 21:3), e não meramente um meio. Além do mais, se “toda a essência
do pacto de obras” está contida em Gênesis 2:17, então houve um tempo, após a criação
de Adão e antes de Deus proferir o mandamento proibitório, no qual ele não estava em
pacto com Deus! Uma existência “sem pacto” para o Adão pré-queda, mesmo por
um curto período de tempo, é impensável!
9 Lillback, Op. cit., p. 299.
10 Ibid., p. 298.
11 Citado em Heinrich Heppe, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: Baker, 1978), p. 296; Goodwin, Works, vol. 7, pp.
23, 29, 49.
12 Citado em Heppe, Op. cit., p. 290.

O pacto com Adão foi um laço de comunhão entre o Deus Triúno e Todopoderoso
e Adão, seu amigo-servo pactual, a quem criou à sua própria imagem. Assim,
como Calvino observa: “Na própria ordem da criação, a eterna solicitude de Deus para
com o homem é evidente, pois ele forneceu ao mundo todas as coisas necessárias” para o
homem (Com. sobre Gn. 1:26). Deus deu a Adão um “lar” no “Paraíso”, que Calvino
mais tarde descreve como “um lugar que ele tinha especialmente embelezado com cada
variedade de deleites, com frutos abundantes, e com todos os outros dons mais
excelentes… do qual gozo podemos inferir a benevolência paternal de Deus” (Com.
sobre Gn. 2:8). Assim, Adão era “em cada aspecto, feliz”, pois vivia como um recipiente
da “liberalidade” divina (Com. sobre Gn. 2:16). Em sua bondade, Deus deu a Adão uma
esposa com a quem viveu na “mais doce harmonia” e com quem desfrutou “uma relação
santa, bem como amiga e pacífica” como a “ajudadora inseparável de sua vida” (Com.
sobre Gn. 2:18).
Herman Hoeksema desenvolveu a verdade da relação pactual entre o Deus criador
e sua criação, o homem. Ele trabalhou com os dados bíblicos do pacto como andando,
habitando e tendo amizade com Deus, e construiu sobre idéias encontradas na tradição
Reformada, especialmente em seu tratamento da bendita comunhão que Adão desfrutava
com Deus no Jardim do Éden. Hoeksema escreve:
Desde o primeiro momento de sua existência… e em virtude de ser criado à
imagem de Deus, Adão permaneceu numa relação pactual com Deus e
estava consciente dessa comunhão e amizade viva… Ele conhecia a Deus e
O amava, e estava ciente do amor de Deus por ele. Ele desfrutava do favor
de Deus. Recebia a Palavra de Deus, andava com Deus e falava com Ele; e
habitou na casa de Deus no primeiro paraíso.13
A formulação de Hoeksema do pacto (tanto antes como depois da queda) como
um laço gracioso de amizade explica o registro bíblico, exclui todo mérito humano e
preserva a soberania absoluta de Deus.
Fonte: http://www.cprf.co.uk/
13 Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: RFPA, 1966), p. 222.