domingo, 15 de setembro de 2019

Por que não há mais apóstolos hoje?



Em sua polêmica contra os escribas e fariseus, Jesus de certa feita se referiu a seus apóstolos como aqueles que, à semelhança dos profetas, sábios e escribas enviados por Deus ao antigo Israel, seriam igualmente enviados, rejeitados, perseguidos e mortos (Lc 11.49 com Mt 23.34). Desta forma, ele estabelece o paralelo entre os apóstolos e os profetas como enviados de Deus ao seu povo.
Tem sido observado que os sucessores dos profetas do Antigo Testamento, como Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel e Amós, por exemplo, não foram os profetas do Novo Testamento, que tinham ministério nas igrejas locais, mas os apóstolos de Jesus Cristo, mais especificamente os doze e Paulo.1

Conforme já vimos acima, os profetas foram diretamente vocacionados e chamados por Deus (cf. Is 6.1-9; Jr 1.4-10; Ez 2.1-7; Am 7.14-15). A palavra mais usada para “profeta” no Antigo Testamento   (nabi), que transmite o conceito de alguém que fala por outro, como “sua boca” (Ex 4.16; 7.1; cf. ainda Dt 18.14-22). O profeta era, então, primariamente, alguém que falava da parte de Deus, inspirado e orientado por ele. Os profetas falaram ousadamente da parte dele sua mensagem ao povo de Israel (Lc 1.70; Hb 1.1-2). Parte destas profecias veio a ser escrita e registrada no Antigo Testamento, que é chamado por Paulo de “escrituras proféticas” (Rm 16.26, cf. ainda 2Pe 1.21; 2Tm 3.16).2 Notemos que a mensagem dos profetas não consistia apenas da predição de eventos futuros relacionados com a ação de Deus na história, os quais se cumpriram infalivelmente (Dt 18.20-22; cf. 1Rs 13.3,5; 2Rs 23.15-16). A mensagem deles consistia, em grande parte, na exposição desses eventos e sua aplicação aos seus dias. Os profetas introduziam suas palavras com as fórmulas “assim diz o Senhor” e “veio a mim a Palavra do Senhor dizendo,” o que identificava sua mensagem como inspirada e infalível. Como tal, deveria ser recebida pelo povo de Deus como a própria palavra do Senhor.

A literatura intertestamentária produzida pelos judeus nos séculos depois de Malaquias considerava que o ministério desses profetas encerrou-se com Malaquias.3 Da mesma forma, os escritores do Novo Testamento se referem aos profetas antigos como um grupo fechado e definido (cf. Mt 23.29-31; Mc 8.28; etc.). A pergunta é: através de quem Deus continuou a se revelar? Quem foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento como receptores e transmissores da Palavra de Deus? Resta pouca dúvida de que foram os doze apóstolos e o apóstolo Paulo, e não os profetas cristãos das igrejas locais, como aqueles que haviam em Jerusalém, Antioquia e Corinto, por exemplo (At 11.27; 13.1; 1Co 14.29). Ao contrário do que ocorria no Antigo Testamento, profetizar, na igreja cristã nascente, era um dom que todos os cristãos poderiam exercer no culto, desde que seguindo uma determinada ordem (1Co 12.10; 14.29-32). E, diferentemente dos grandes profetas de Israel, as palavras dos profetas cristãos tinham de ser julgadas pelos demais (1Co 14.29) e eles estavam debaixo da autoridade apostólica (1Co 14.37).

Em contraste com os profetas cristãos, os apóstolos  do Novo Testamento, isto é, os doze e Paulo, receberam uma chamada específica de Jesus Cristo, receberam revelações diretas da parte de Deus, como os antigos profetas (At 5.19-20; 10.9-16; 23.11; 27.23; 2Co 12.1), e assim predisseram futuros eventos relacionados com a história da salvação, entre os quais a segunda vinda do Senhor, a ressurreição dos mortos e o juízo final – isso não quer dizer que sua chamada se deu porque tinham o “dom” de apóstolo. (1Co 15.51-52; 2Ts 2.1-12; 2Pe 3.10-13).4 Lembremos que o livro de Apocalipse é uma profecia (ver Ap 1.3; 22.18-19) escrita por um apóstolo.5 Ao contrário dos profetas cristãos das igrejas locais, que não deixaram nada escrito, os apóstolos foram inspirados para escrever o Novo Testamento (1Ts 2.13; 2Pe 3.16) e a palavra deles deveria ser recebida, à semelhança dos profetas antigos, como Palavra de Deus, sem questionamentos, ao contrários dos profetas das igrejas locais (Gl 1.8-9; 1Co 14.37). Os autores neotestamentários que não foram apóstolos, como Marcos, Lucas, Tiago e Judas eram, todavia, parte do círculo apostólico e associados aos apóstolos, escrevendo a partir do testemunho deles.6

Como sucessores dos profetas de Israel e canais da revelação, os apóstolos aparecem juntos com eles na base da igreja. Nas palavras de Jesus, “Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, e a alguns deles matarão e a outros perseguirão” (Lc 11.49). Paulo junta os dois grupos duas vezes na carta aos Efésios como aqueles designados por Deus para lançar as bases da igreja; “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2.20); “o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito” (Ef 3.5). Muitos estudiosos entendem que os “profetas” mencionados nestas duas passagens de Efésios são profetas das igrejas neotestamentárias, que vieram depois dos apóstolos. Todavia, mesmo estando numa sequência temporal invertida, “profetas” se entende melhor como os grandes profetas de Israel, que vieram antes dos apóstolos. A sequência “apóstolos e profetas” não precisa ser entendida como uma sequência temporal. Os apóstolos são mencionados primeiro por estarem no foco do contexto.7

Em sua segunda carta, Pedro admoesta seus leitores a se recordarem tanto das palavras que foram ditas pelos “santos profetas” como do mandamento ensinado por “vossos apóstolos” (2Pe 3.2). Alguns entendem que “vossos apóstolos” aqui é uma referência aos missionários pioneiros que haviam fundado as igrejas às quais Pedro escreve. Contudo, a carta de Pedro não foi destinada a igrejas locais específicas e sim aos cristãos em geral (cf. 2Pe 1.1). O único grupo de “apóstolos” que se encaixaria como “vossos apóstolos” seriam os doze, que eram apóstolos para todas as igrejas.8 A carta de Judas, cuja similaridade com a segunda carta de Pedro tem levado estudiosos a acreditarem numa dependência literária entre elas,9 ao se referir aos apóstolos neste mesmo contexto, designa-os como “os apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo,” numa clara referência ao grupo dos doze (Jd 17).10 Estas passagens refletem a consciência de que os apóstolos de Jesus Cristo foram os continuadores dos profetas do Antigo Testamento como canais pelos quais Deus revelou sua vontade.11
Uma vez que a revelação de Deus quanto ao plano da salvação foi totalmente escrita e registrada de maneira final, completa e infalível pelos apóstolos, no Novo Testamento, completando assim a revelação dada através dos profetas de Israel no Antigo Testamento, encerrou-se o ministério de ambos os grupos.
Já que os apóstolos foram os sucessores dos profetas do Antigo Testamento, não há, pois, hoje, possibilidade de haver apóstolos como os doze e Paulo, pois eles foram recipientes e transmissores da revelação final de Deus para seu povo, que se encontra registrada no Novo Testamento.

Fonte: Trecho do livro “Apóstolos”, futuro lançamento da Editora Fiel.
Notas:
1 – Cf. Heber Carlos de Campos, “Profecia Ontem e Hoje” em Misticismo e Fé Cristã (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2013), pp. 63-126; Christiaan J. Beker, Paul the Apostle – The Triumph of God in Life and Thought (Philadelphia: Fortress Press, 1980), p. 113.
2 – Alguns estudiosos, como E. E. Ellis, sugerem que “escrituras proféticas” é uma alusão de Paulo a escrituras que haviam sido produzidas por profetas neotestamentários, escritos estes que haviam circulado pelas igrejas, mas nunca foram preservados (E. Earle Ellis, The Old Testament in Early Christianity em WUNT, 54 [Tübingen: Mohr/Siebeck, 1991], 4-5; E. Earle Ellis, Pauline Theology: Ministry and Society [Grand Rapids: Eerdmans; Exeter: Paternoster Press, 1989], 138 n. 79). Todavia, Cranfield corretamente considera esta interpretação de Ellis como “desesperada” (C. E. B. Cranfield, A Critical and Exegetical Commentary on the Epistle to the Romans, 2 vols, em International Critical Commentary [Edinburgh: T. & T. Clark, 1979], 2:811, n.8).
3 – “Desde que os últimos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias morreram, o Espirito Santo cessou em Israel” (T. Sota, 13, 2). Cf. πνε?μα no TDNT.
4 – O livro de Atos registra duas ocasiões em que Ágabo, um profeta de Jerusalém, anunciou acontecimentos futuros, relacionados com uma fome que veio a acontecer nos dias do imperador Cláudio (At 11.27-30) e com a prisão de Paulo em Jerusalém (At 21.10-11). O fato de que somente estes dois casos de profecias predictivas (e feitas por um único profeta) estão registrados pode indicar que a previsão do futuro não era comum fora do círculo apostólico, especialmente ainda se considerarmos que ambas as profecias de Ágabo estavam relacionadas com o ministério de Paulo. White tenta colocar estas profecias de Ágabo no mesmo nível daquelas revelações fundacionais que foram dadas aos apóstolos (Ef 3.5; cf. R. Fowler White, “Gaffin and Grudem on Eph 2:20: In Defense of Gaffin’s Cessationist Exegesis,” em Westminster Theological Seminary, 54 [1992], 309-310), mas é evidente que elas estavam relacionadas com a vida pessoal do apóstolo Paulo, tanto sua em ida a Jerusalém levando ajuda para os crentes da Judeia, como em sua posterior prisão naquela cidade.
5 – Assumimos aqui que foi o apóstolo João quem escreveu o livro de Apocalipse.
6 – Marcos escreveu a partir do testemunho de Pedro. Lucas foi companheiro de Paulo. Tiago era o irmão de Jesus, líder da igreja de Jerusalém e próximo do círculo (Gl 1.19). Judas era outro irmão de Jesus e também relacionado com o círculo apostólico. Lembremos por fim que Hebreus entrou no cânon porque sua autoria era atribuída ao apóstolo Paulo, como até hoje é defendido por vários estudiosos.
7 – Que Ef 3.5 se refere aos profetas do Antigo Testamento é também defendido por F. Mussner, Christus, das All und die Kirche: Studien zur Theologie der Epheserbriefes (Trierer: Paulinus, 1955), 108. Deve-se admitir, contudo, que grande parte dos comentaristas pensa que Paulo está se referindo aos profetas neotestamentários, como Andrew T. Lincoln, por exemplo. (Ephesians em Word Biblical Commentary, vol. 42, eds. D. Hubbard, et al. [Dallas, TX: Word Books, 1990], 153. Tanto Gaffin (Richard B. Gaffin, Jr. Perspectives on Pentecost: New Testament Teaching on the Gifts of the Holy Spirit [Grand Rapids: Baker, 1979], 93) quanto Grudem (Wayne Grudem, The Gift of Prophecy in 1 Corinthians [Washington: University Press of America, 1982], 47) entendem que “profetas” em Efésios 2.20 se refere aos do Novo Testamento, mas eles fazem esta defesa no contexto do debate cessacionismo-continuismo. Um dos principais argumentos contra o entendimento de que Paulo aqui se refere aos profetas do Antigo Testamento é a ordem “apóstolos e profetas,” o que tornaria isto cronologicamente impossível. Entretanto, a menção que Paulo faz dos profetas do Antigo Testamento, depois de Jesus em 1Ts 2.15, “os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram” certamente inverte a sequência histórica dos eventos e mostra que Paulo nem sempre está preocupado com a cronologia, como estudiosos modernos estão. Cf. F. F Bruce, 1 & 2 Thessalonians, WBC, vol. 45, eds. D. Hubbard, et al. (Dallas, TX: Word Books, 1982), 47; Robert Jamieson, A. R. Fausset, e David Brown, Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc., 1997).
8 – Cf. A. T. Robertson, Word Pictures in the New Testament (Nashville, TN: Broadman Press, 1933) in loco; D. A. Carson, R. T. France, J. A. Motyer, e G. J. Wenham, orgs. New Bible commentary: 21st century edition. 4th ed. (Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press, 1994) in loco.
9 – Veja Augustus Lopes, II e III de João e Judas (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2009).
10 – Cf. Jamieson, Commentary, in loco.
11 – É preciso observer que a declaração de Jesus de que “todos os Profetas e a Lei profetizaram até João” (Mt 11.13) significa o encerramento do ministério dos profetas do Antigo Testamento, mas não o término da revelação que começou a ser dada através deles. Os apóstolos do Novo Testamento – e não os profetas do Novo Testamento – foram os canais pelos quais esta revelação continuou a ser dada. É neste sentido que os consideramos como sucessores dos profetas de Israel.


 

Augustus Nicodemus é bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, mestre em Novo Testamento pela Universidade Cristã de Potchefstroom, na África do Sul, e doutor em Hermenêutica e Estudos Bíblicos pelo Seminário Teológico de Westminster, na Filadélfia (EUA), com estudos adicionais na Universidade Reformada de Kampen, na Holanda. Foi chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie por dez anos, é professor do Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper. Autor de diversos livros, dentre eles, Apóstolos, publicado pela Editora Fiel. É autor de vários livros, entre eles Apóstolos, publicado por Editora Fiel. É casado com Minka Lopes e tem quatro filhos: Hendrika, Samuel, David e Anna.






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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE?



                                                                                                            Por: Sandro Francisco do Nascimento.


É muito comum no dia a dia ouvir pessoas falarem ou mesmo ler em para-choque de caminhão a citação deste famoso versículo de Filipenses ( cap. 4.13). Contudo, me parece que o que tem faltado a mente popular é de fato o conhecimento do motivo pelo qual Paulo fala tal frase. É até comum, infelizmente, ouvir pessoas se enrolarem em promessas e transações que estão além de suas posses dizendo: “eu não tenho o dinheiro, mas tudo posso naquele que me fortalece”. Dessa forma Deus está com uma conta “fiado” na caderneta de muita gente!

Mas, afinal, o que o texto está dizendo? Bem, inicialmente, devemos procurar o motivo da carta, ou seja, o que levou Paulo a escrever a carta aos Filipenses? A resposta pode ser encontrada nas primeiras linhas do capítulo 1.3-5 e 4.10-13. O propósito principal da carta segundo o próprio Paulo deixa claro é agradecer pela cooperação da igreja de Filipos.

3 Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês. 4 Em todas as minhas orações em favor de vocês, sempre oro com alegria 5 por causa da cooperação que vocês têm dado ao evangelho, desde o primeiro dia até agora.

10 Alegro-me grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo. 11 Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. 12 Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. 13 Tudo posso naquele que me fortalece. 

14 Apesar disso, vocês fizeram bem em participar de minhas tribulações. 15 Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; 16 pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. 17 Não que eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. 18 Recebi tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. São uma oferta de aroma suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus.

Ele inicia o verso 10, dizendo:

“Alegro-me muito no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo”. Almeida século 21, revisada e atualizada.
Ele está se referindo as doações enviadas para ele, isso se confirma nos versos 14-18. Uma leitura não isolada do texto nos mostra algumas coisas simples que nos dão a interpretação correta:

·         Fica evidente que Paulo escreveu a carta para agradecer as doações enviadas para ele por intermédio de Epafrodito. “Estou amplamente suprido, agora que recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram”.

·         Paulo usa uma série de palavras que expressam oposição, exemplo: “tanto na fartura como na fome; tendo muito ou enfrentado escassez".

·         Depois de falar que está apto a passar por qualquer tipo de oposição ele finalmente diz: “tudo posso naquele que me fortalece”, ou seja, posso passar e estar contente em qualquer situação.

Se você é daqueles que tem mania de usar esse texto fora de contexto, sabe agora que o Senhor realmente te fortalece, mas para que você esteja apto para se alegrar Nele em toda e qualquer situação, seja de fartura ou mesmo na provação.





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sábado, 31 de agosto de 2019

Nascido Escravo- Martinho Lutero.




Martinho Lutero, ao venerável D. Erasmo de Rotterdam, com os votos de Graça e Paz em Cristo
”. É assim que Lutero introduz a sua obra De Servo Arbítrio, A Escravidão da Vontade, resposta à famosa Diatribe sobre o Livre Arbítrio, que Erasmo publicou em 1524.


Desidério Erasmo (c. 1466-1536) e Martinho Lutero (1483-1546) permanecem como dois nomes precursores do espírito moderno, e entre eles há algumas semelhanças. Esses dois gigantes intelectuais europeus protagonizaram no contexto explosivo, destinado a dissolver a unidade do mundo medieval. Havendo passado pela Ordem agostiniana, ambos vieram a rejeitar métodos hermenêuticos da Igreja Romana, bem como muitas de suas superstições e crendices. Ambos ofereceram grande con- tribuição à disseminação do texto bíblico em sua época. Detentores de enorme capacidade para o debate acadêmico, erudito, e partilhando de talento literário, ambos escreveram acerca do “livre arbítrio”, embo-   ra com uma diferença diametral: Erasmo, o humanista, defendendo; e Lutero, o reformador, condenando. Isto marcou uma ruptura definitiva entre os dois homens, que, anteriormente, ofereciam-se mútuo enco- rajamento. Desde o debate de Leipzig (1519), os caminhos de ambos vinham conduzindo a rumos diferentes.


Publicado inicialmente em 1525, A Escravidão da Vontade é um primor de composição polêmica. Nesta obra transparecem com bastante evidência a personalidade e a franqueza dos sentimentos de Lutero. A força lógica e persuasiva de seus argumentos revelam a mente treinada na disciplina da escolástica medieval. O estilo polêmico de Lutero era o da época em que viveu e traduz o vapor existente na atmosfera aca- dêmica de então. Na obra original (tanto mais do que no sumário aqui apresentado), há ironias, asperezas, ad hominems e alusões indiretas.
Não obstante, o leitor deve comparar o texto luterano muito mais com o bisturi de um resoluto cirurgião do que com a pena de um clínico em seu receituário. Na estima de Lutero, o tratado erasmiano era uma obra da carne. Contendo uma anamnese mal feita, partia de um princípio falso e oferecia um placebo para uma ferida mortal. Lutero repudia a Diatribe de Erasmo expondo a doutrina bíblica do pecado original. Sem um diagnóstico preciso acerca da enfermidade humana, não há como discernir de maneira apropriada o valor das boas-novas do evangelho da graça de Cristo. Em sua réplica, Lutero procede a um honesto e rigoroso exame das Escrituras Sagradas, evidentemente preterido por Erasmo.
Foi com a compreensão do puro evangelho que se abriu para Lutero a noção do cativeiro radical da vontade. Sem nenhuma dúvida, na dou- trina da depravação do homem situa-se a pedra angular da Reforma. No coração da teologia de Lutero e da doutrina da justificação, está a sua compreensão da depravação original e da pecaminosidade do ho- mem – que ele conheceu muito bem, mesmo como um monge asceta na Ordem agostiniana. O reformador está muito bem qualificado para tratar do assunto da impiedade e da depravação.


O que é a verdadeira liberdade? Neste caso, vê-se também que o discurso sobre a condição servil da vontade não visa a outra coisa, se não ao discurso correto sobre a liberdade. Para Lutero, a livre vontade é um termo divino, e não cabe a ninguém, a não ser unicamente à ma- jestade divina. Conceder ao ser humano tal atributo significaria nada menos do que atribuir-lhe a própria divindade, usurpando a glória do


Criador. Lutero, assim, compreende que a pergunta pela liberdade da vontade no fundo é a pergunta pelo poder da vontade. Por isso mesmo, a livre vontade é predicado de Deus. É poder essencialmente específico do próprio Deus.
Lutero considerava A Escravidão da Vontade a sua melhor e mais útil publicação. O valor deste tratado é inestimável realmente, e poucos livros que sejam tão necessários no presente momento. O atual ensino de muitos que se denominam “protestantes” está em maior acordo com os dogmas papistas, ou com as idéias de Erasmo, do que com os princí- pios dos Reformadores; analisado criticamente, tal ensino está em maior harmonia com os Cânones e Decretos do Concílio de Trento do que com as Confissões de Fé Protestantes e Reformadas.
O que o leitor tem em mãos é uma versão condensada e adaptada, facilitando o acesso ao clássico texto luterano. Oramos sinceramente que o Senhor abençoe o leitor e que este, abraçando com fé o Eleito de Deus, Jesus Cristo, batalhe por manter sua Causa e sua Verdade nestes dias em que muito tem sido perdido. Que o livro seja um meio de edifi- cação e fortalecimento para todos quantos desejam ser instruídos pelos oráculos de Deus!

Gilson Santos Maio, 2007
São José dos Campos – SP



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Martinho Lutero escreveu "A Escravidão da Vontade" como reação aos ensinamentos de Desidério Erasmo. Nascido em Rotterdam, na Holanda (1463 - 1494). Erasmo foi monge agostiniano, um dos maiores humanistas de toda a história... Erasmo rejeitava os métodos fantasiosos das Escrituras, bem como as muitas superstições dos mestres da Igreja Católica Romana. Rebelou-se contra a preguiça e o vício, comuns nos mosteiros. Erasmo acertadamente preferia uma abordagem simples dos ensinamentos de Cristo aos complicados e pormenorizados métodos dos teólogos profissionais. Ele evitava as controvérsias,e, por longo tempo, procurou não tratar publicamente sobre o conceito do "livre-arbítrio", mesmo sob a grande insistência da Igreja Católica Romana para que ele fizesse, no entanto, ao ceder e fazê-lo, constituiu um desafio que Martinho Lutero não pôde ignorar.

Martinho Lutero era uns 14 anos mais jovem que Erasmo. Enquanto ainda era monge passou por uma dramática experiência com o evangelho da graça de Deus. A partir de então, compreendeu que cada crença e experiência precisa ser testada através da autoridade das Escrituras Sagradas. Ele entendeu que a salvação é recebida como uma graça divina, "mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9).A sua própria experiência confirmou essa sua convicção. A Escravidão da Vontade é o Grande Debate da Reforma - A Igreja Católica defendendo o Livre-arbítrio, e o grande Reformador defendendo a Verdade bíblica da Escravidão da Vontade humana.



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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB)




Traduction œcuménique da Bíblia TOB ( Tradução Ecumênica da Bíblia ) é uma tradução ecumênica francesa da Bíblia, feita pela primeira vez em 1975-1976 por católicos e protestantes.

O projeto foi iniciado por dominicanos, e tomou a forma de uma revisão da Bíblia de Jerusalém (Bible de Jérusalem). A TEB é publicado pelas Éditions du Cerf e United Bible Societies e no Brasil pela Editora Loyola.

Ao contrário da Bíblia de Jerusalém, o TOB não recebeu um imprimatur, que é a autorização de um bispo católico para a impressão e difusão de uma tradução da Bíblia. Ela tem a recomendação de D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB e Arcebispo de Mariana e do bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil e Presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.

A Bíblia — Tradução Ecumênica baseia-se nos textos originais e reproduz fielmente o modelo da mundialmente reconhecida Traduction Occuménique de Ia Bible (TOB — 3a ed.. Paris: Éditions du Cerf; Pierrefitte: Société Biblique Française, 1989). Contém o texto integral do Antigo (ou Primeiro) Testamento, com os livros deuterocanônicos ou apócrifos, e o do Novo Testamento, traduzidos, introduzidos e anotados por ampla equi­pe de estudiosos de diversas confissões cristãs e do judaísmo, representando a harmonia da unida­de e o respeito da diversidade na leitura fiel do livro acolhido como Palavra de Deus.

Recomendamo-la, portanto, aos leitores desejo­sos de aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus consignada na Bíblia. Escritura Sagrada do Judaísmo e do Cristianismo, patrimônio da huma­nidade.
A Edição da Bíblia – Tradução Ecumênica mereceu o louvor das Instituições Ecumênicas de nosso País e a Aprovação da Presidência da CNBB, conforme o Cânon 825 §§ I e 2.

Ela é o modelo das traduções ecumênicas, por causa da composição interconfessional de seus colaboradores e porque ela adapta, inclusive, para o Antigo Testamento, a seqüência judaica dos livros bíblicos. É uma excelente bíblia de estudo, com ricas notas e muitas referências de textos paralelos. Por causa do valor das notas, a editora desistiu de publicar a edição reduzida e oferece atualmente a edição integral.
A “BÍBLIA – TRADUÇÃO ECUMÊNICA” E O « DIÁLOGO CRISTÃO-JUDAICO

No final do ano de 1994 foi publicada pela Ed. Loyola a tradução em língua portuguesa da mundialmente elogiada Bible – Traduction Oecuménique (TOB) pre-parada por um time de proeminentes biblistas de língua francesa, pertencendo às diversas confissões cristãs ou à religião judaica. A edição brasileira (Bíblia – Tradução Ecumênica Sigla TEB) segue a “versão integral” do original francês, segundo a 3” edição (Paris, Cerf, 1989). Contém, portanto, além da tradução integral da Bíblia hebraica (Tanakh), dos apócrifos ou dêuterocanônicos (na terminologia católica) e das Escrituras Cristãs (“Novo Testamento”), o completo aparato de notas da edição francesa integral, provida de ricas introduções, notas, índices e mapas. Embora não nascida de um acordo interconfessional como o original francês, e sim da coragem de uma editora em lançar um livro denso e erudito em tempos de publicações “light”, atribuímos à tradução brasileira grande significado ecumênico, de modo especial em relação ao judaísmo.

Diversas razões justificam esta opinião. Entre a dúzia de versões da Bíblia completa atualmente vendidas no país, é a única que segue escrupulosamente a Bíblia Hebraica conforme a recente edição crítica do texto “massorético” (em uso na sinagoga desde a Antiguidade) pela Deutsche Bibelge-sellschaft de Stuttgart, sob a direção de K. Elliger e W. Rudolph. Isto, a diferença de muitas traduções, inclusive a prestigiosa Bíblia de Jerusalém, que em caso de dificuldades no texto massorético recorrem a leituras mais fáceis encontradas nas antigas traduções para o grego e o siríaco, produzindo um texto híbrido. A TOB/TEB chega a deixar certas expressões sem tradução, antes que recorrer a tal ecletismo.

Outra razão para ver nesta publicação – tanto no original francês como na versão em língua portuguesa – um grande passo a frente para o ecumenismo cristão-judaico é o respeito pela sensibilidade judaica na tradução. Em primeiro lugar, a tradução do tetragrama YHWH por “o Senhor”, o equivalente de Adonai, sem transformar o Nome num nome próprio pronunciado, como faz a Bíblia de Jerusalém, ou sem a artificial tradução “O Eterno” adotada pela Bíblia na Linguagem de Hoje – pois se Adonai é indubitavelmente eterno, ele é sobretudo histórico!

O mesmo respeito pelo caráter hebraico reflete-se na tentativa bastante corajosa de escrever os nomes próprios de maneira hebraizante, transcrevendo inclusive as letras heth e o tsade com ponto debaixo da letra. É verdade que os nomes próprios mais conhecidos, como no original francês, são conservados na forma latinizante corriqueira no Ocidente neolatino, mas a versão brasileira, ultrapassando a edição francesa neste ponto, inclui na Introdução uma lista de equivalências trazendo a forma hebraizante dos nomes conservados em forma latinizada.

A busca de termos semanticamente exatos, adequados ao colorido da terra bíblica, é outra prova de respeito pela Bíblia hebraica, mesmo a custa da inculturação
brasileira – por exemplo, quando os simpáticos animaizinhos do Salmo 104,18, inexistentes no Brasil, são chamados com o nome certo de “híraces” e não de arganazes, coelhos ou marmotas…

O “senso semítico” se mostra também, muitas vezes, em detalhes quase imperceptíveis da tradução, como, por exemplo, a tradução de shabat por cessar (o trabalho) em vez de repousar, e sobretudo, de érets por terra em vez de país, etc.  Na mesma linha observa-se, em comparação com outras traduções, a quase-ausência do termo raça, sendo substituído por etnia, linhagem etc., conforme o sentido exigido pelo contexto.
Por outro lado, os tradutores não cederam à tentação do “politiciamente correto”, como fazem aqueles que no polêmico evangelho de João substituem o termo
“judeus” por “autoridades (judaicas)”. Pois, se é provável que não foi o povo de Israel, mas no máximo alguns chefes judaicos que fizeram um acordo com os romanos para eliminar Jesus, o evangelista João, polemizando acerbamente com o judaísmo renovado dos rabinos de Javne, não faz esta distinção no seu escrito, e não se deve exigir dos tradutores que corrijam 0 evangelista! Melhor deixar o leitor perceber que João – por sinal um dos hagiógrafos cristãos que mais citam ou evocam as antigas Escrituras – usa um vocabulário condicionado por uma polêmica historicamente situada, quase uma “briga de irmãos”, que só ensejará atitudes antijudaicas em pessoas sem senso histórico. Ora, a TOB/TEB certamente não se destina a tais leitores… Não é uma Bíblia que facilite a leitura superficial a ponto de esconder os problemas de fundo, e por isso os editores merecem todo louvor. `

Um grande passo na aproximação entre os dois ramos da tradição bíblica – O judaísmo e o cristianismo – é a organização dos escritos. A primeira parte da Bí-blia reproduz sem modificação a ordem dos livros segundo a Tanakh: Lei, Profetas anteriores e posteriores, Escritos. Mesmo a  surpreendente ordem Esdras-Nehe- mias-Crônicas é conservada. Seguem depois os escritos intertestamentários, normalmente chamados apócrifos ou deuterocanônicos, que na antiga tradução grega dos judeus de Alexandria (a Septuaginta) e posteriormente nas bíblias cristãs se encontram integrados na classificação tripartita de livros his- tóricos, livros proféticos e livros sapienciais. A TOB/TEB é a primeira biblia cristã (com “abertura ao judaismo”, é verdade) a adotar a ordem da Tanakh. Isso não é apenas um detalhe externo. É uma chave de interpretação. Pois faz muita diferença se o leitor percebe que a Torá ocupa outra posição que as Crônicas, ou encontra justapostas na mesma categoria as histórias de Moisés e as dos Macabeus! Também no tratamento dos escritos intertestamentários transparece o radical respeito pelas origens judaicas desses escritos, corno se poderá perceber na leitura da introdução a Baruc e à Epístola de Jeremias (que nas outras Bíblias cristãs se encontra integrada no livro de Baruc).-

Quanto às introduções e as notas, percebe-se claramente que o ecumenismo da TOB/TEB não é uma “homogeneização” (que geralmente é uma esterilização). Os comentadores dos diversos escritos falam francamente a voz de suas respectivas confissões. O sóbrio comentador dos Salmos, com suas frequentes referências a Qimbi, Ibn Ezra e Rashi não é o mesmo que o luteraníssimo introdutor da Epístola aos Romanos ou o bem católico exegeta do evangelho de João. Precisamente esta diferença traz à luz a rica potencialidade do texto bíblico e a pluralidade que a tradição bíblica pode abrigar. É uma prova viva de que o judaísmo e o cristianismo têm raízes comuns, e assim como o cristianismo perderia muito se não descobrisse suas raízes no Primeiro Testamento nunca ab-rogado (cf. Gálatas 3,17), o judaísmo perderia se não reconhecesse o sentido de universalidade da eleição e do Reino, que o cristianismo vê desabrochar definitivamente em Jesus de Nazaré, mas que também a comunidade judaica pode considerar legado seu. O mútuo reconhecimento de duas maneiras de entender o legado da Aliança, sem cair no relativismo, levará ambos os herdeiros a admirar mais ainda O tesouro que lhes foi confiado.

Terminando estas considerações, quero agradecer os amigos da Fraternidade Cristã-Judaica que me orientaram quando assumi o trabalho de supervisão, e homenagear de modo especial o saudoso írmão Walter Rehfeld, que me ajudou na elaboração do onomástico hebraizado.

Prof. Johan Konings, supervisor científico da edição em língua portuguesa, respondendo a uma solicitação da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico/Judaico, CNBB.







Posteriormente irei postar uma pesquisa que estou fazendo sobre a Teb e o movimento ecumênico.



terça-feira, 20 de agosto de 2019

LUTERO, O FILME.








Duração: 2h 01min
Direção: Eric Till
Gêneros: HistóricoBiografia
Nacionalidades: AlemanhaEUA


SINOPSE E DETALHES
Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Joseph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se junta ao monastério, mas logo fica atormentado com as práticas adotadas pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma igreja suas 95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que se redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas teses e desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas e contradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e inicia sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.

Título original: Luther
Distribuidor –





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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

BREVE CATECISMO- LEONARD T. VAN HORN- Pergunta N°7




Pergunta 7. Que são os decretos de Deus?

Resposta: Os decretos de Deus são o seu eterno propósito, segundo o conselho da sua vontade, pela qual, para a sua própria glória, ele predestinou tudo o que acontece.
Referências Bíblicas: Ef 1.4, 11; Rm 9.23; At 4.27, 28; SI 33.11.
Perguntas:

Qual é a natureza dos decretos de Deus?


Os decretos de Deus são imutáveis; não podem ser mudados, portanto é certo que serão cumpridos. Seus decretos são eternos, e foram decididos por Deus na eterni- dade.

Há mais de um decreto?


Não, há um só único decreto. Contudo, esse decreto inclui muitos detalhes e por isso falamos dele no plural.

Quando  se usa a  palavra   "decreto ela não será em geral sinônimo de arbitrariedade?


Quando o ser humano usa a palavra isso poderá ser verdade, mas não quando Deus a usa. Os decretos de Deus não devem ser classificados assim visto que foram orde- nados por ele conforme o conselho de sua vontade. Deve-se olhar atrás do decreto e ver ali o amor de um Deus pessoal infinito, cujo plano que a tudo abrange também é em tudo sábio.

Qual é o propósito dos decretos de Deus?


O propósito é sua própria glória em primeiro lugar, e por meio dela, o bem dos eleitos.

Quem são os objetos  especiais  dos decretos  de Deus  e qual  é seu decreto  em relação a eles?


Os anjos e os homens são os objetos especiais e seu decreto para com eles é a predestinação.

O que  quer  dizer predestinação?


Predestinação é o plano ou propósito de Deus com respeito a suas criaturas morais. Divide-se em eleição e reprovação.

Qual é a definição de eleição; e de reprovação?


Eleição é o propósito eterno de Deus para salvar uma parte da raça humana em e por Jesus Cristo. Reprovação é o propósito eterno de Deus de ignorar alguns seres humanos quanto à operação de sua graça especial e puni-los por seu pecado.

Se a reprovação for verdade, como pode Deus ser justo?


Deus seria justo em condenar todos ao castigo eterno, visto que todos pecaram. Ele tem o comando; ele é o oleiro e nossa atitude deve ser de gratidão se formos dos eleitos por sua graça. O homem não tem direitos a exigir de Deus e Deus não deve ao homem a salvação eterna nem qualquer outra coisa.

FIXE  OS OLHOS   NO TRONO DE DEUS!

Pouquíssimas pessoas hoje duvidam que os homens estejam vivendo numa era repleta de sentimentos de frustração, fracasso, inadequação, ansiedade, medo e culpa. No esforço de ocultar tais sentimentos, as pessoas estão perseguindo uma variedade de objetivos transitórios. Para umas, é o sucesso nos negócios; alguns anseiam por vida social; alguns acham que a bebida resolverá o problema; e para outros é só o orgulho da vida. Mas qualquer que seja o objetivo terreno, há sempre um "amanhã", quando os homens acordam de novo para a certeza de que nenhum método é duradouro. Nenhum método provê paz duradoura. A todas as pessoas vem o desafio: "Fixe os Olhos no Trono de Deus!"
O estudo desta pergunta do catecismo deverá capacitar qualquer pecador salvo pela graça a ver algo da natureza de Deus sentado em seu trono, e deverá habilitá-lo a reconhecer que sua vida está nas mãos do Todo-poderoso e Soberano Deus. Tantas vezes as pessoas se esquecem. Esquecem que o Deus que formulou seus decretos conforme o conselho da sua vontade é o nosso Pai Celestial pessoal, de infinito amor por nós; esquecem que ele pode cuidar e cuida dos comparativamente pequenos males e problemas dos humanos.
No mundo atribulado de hoje a necessidade de que o Deus do propósito eterno, o , Deus que tem o mundo em  suas mãos,  seja proclamado por aqueles que são seus filhos por mediante Jesus Cristo. Mas a dificuldade em nossos dias é que tantos que o proclamam como seu Salvador querem usurpar tão grande parte de sua eficácia. Desejam o conforto e a sustentação do Deus Soberano mas querem exaltar o homem, seus poderes e suas habilidades, mesmo até o ponto de sugerir que o homem pode funcionar independentemente de Deus. Ou então parecem inserir nos decretos de Deus que ele escolhe certas pessoas porque ele antevê nelas certas capacidades de arrependimento e crença. Ou pior, elas querem escolher o que crer com respeito à predestinação, muitas vezes ignorando uma parte dos ensinos da Palavra de Deus.
E sempre bom que os cristãos se lembrem de que ele elegeu algumas pessoas simplesmente por razões que só ele conhece e não porque havia nelas qualquer mérito. E mais, é bom que os cristãos se lembrem de não ousar intrometer-se com a Palavra de Deus. É verdade que há muita coisa que nossa mente finita não consegue entender. É verdade que há muito contra o qual nossa mente pecadora se revolta. Mas a Palavra de Deus se mantém em meio a seu eterno propósito. É somente quando a Palavra escrita é aceita como está, quando as Escrituras são proclamadas em toda sua integridade, que o desafio pode ser lançado ao mundo: "Fixe os Olhos no Trono de Deus!" pois ali está assentado o Deus infinito, santo, soberano, aquele que elege e guarda eternamente.