sábado, 28 de dezembro de 2019

Não tenho fé suficiente para ser ateu

PREFÁCIO 

Na condição de uma pessoa que veio a Cristo depois de vários anos de ceticismo, tenho uma afeição particular pelos livros de apologética cristã. Eles são uma das minhas paixões. Existem muitas provas conclusivas que garantem a confiabilidade das Escrituras, a autoridade da Bíblia como Palavra de Deus inspirada e a perfeição do registro bíblico dos eventos históricos que retrata, incluindo a vida terrena de Jesus Cristo. Há provas incontestáveis e convincentes de que o cristianismo é a única religião verdadeira, que o Deus trino que se revela em suas páginas é o único Deus do Universo e que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos viver. 

É claro que as provas não substituem a fé, que é essencial para nossa salvação e comunhão com Deus. O estudo apologético também não desrespeita a nossa fé. Em vez disso, a enfatiza, qualifica, reforça e renova. Se não fosse assim, a Bíblia não diria "Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês" (IPe 3.15). 

Não tenho fé suficiente para ser ateu é o melhor livro que já vi capaz de preparar os crentes para darem as razões de sua fé e para os céticos que estão abertos à verdade. Este livro servirá como uma ferramenta indispensável de evangelização, especialmente quando se lida com não-cristãos que colocam obstáculos "intelectuais" diante da fé. Como sabemos, os obstáculos intelectuais normalmente são apenas uma desculpa para os não-cristãos, mas, quando se remove a essência de suas desculpas, ficam desprotegidos para confrontar seus obstáculos reais, seus verdadeiros demônios. 

Creio que existe outra razão importante para o mandamento bíblico "estejam preparados para responder". Não é simplesmente para nos ajudar a comunicar de maneira eficiente o evangelho, mas para equipar-nos com as ferramentas adequadas para resistir a certas dúvidas persistentes que encontramos nos momentos de fraqueza. Isso fortificará a nossa fé porque reunirá provas a favor do cristianismo. 

Sem dúvida, precisamos estar mais bem equipados com as evidências, seja para nos ajudar a evangelizar de maneira melhor, seja para fortalecer a nossa própria fé. Como se já não bastasse termos de lidar com as tentações da carne, também somos confrontados diariamente com influências externas negativas. Essas influências ficaram cada vez mais sinistras e insidiosas nos dias atuais, como a Bíblia advertiu que aconteceria. 

No passado, a dúvida dos não-cristãos era se o cristianismo era a única religião verdadeira, se alguma das outras religiões era verdadeira ou se Deus existia. Mas, de maneira geral, eles não estavam sobrecarregados pelo fardo de determinar se havia a assim chamada verdade. 

Nossa cultura pós-moderna apresenta uma série de idéias sobre a verdade. 

Ela ensina que a verdade e a moralidade são relativas, que não existe essa coisa de verdade absoluta. Para a elite intelectual que domina as nossas universidades e os principais meios de comunicação, essas idéias são consideradas sábias e progressistas, embora todos compreendamos intuitivamente que existe uma verdade absoluta e, mais importante, que todos conduzimos nossa vida baseados nesse reconhecimento. 

Se você encontrar um desses gênios, tão certos de que a verdade é um constructo social definido pelos poderosos para que continuem no poder, pergunte se ele estaria disposto a testar sua teoria pulando do topo do edifício mais alto da vizinhança. Você também poderá fazer perguntas sobre a lei da não-contradição. Pergunte se ele acredita que duas coisas contraditórias podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Se ele tiver a desonestidade intelectual de dizer "sim", então pergunte sobre quão seguro está de que a verdade absoluta não existe. Estaria ele absolutamente certo? 

Sim, a verdade é uma vítima de nossa cultura popular. Quando a verdade desaparece, a autoridade do evangelho diminui, porque o evangelho diz tudo sobre a Verdade. Podemos ver evidência disso em todos os lugares hoje. As noções atuais de "tolerância" e "pluralismo" são um resultado direto do ataque direto por parte da cultura à verdade. 

Os secularistas liberais insistem que a tolerância é a mais elevada virtude. 

Mas não dizem o que realmente entendem por "tolerância”. Para eles, a tolerância não envolve simplesmente tratar com respeito e civilidade aqueles que têm idéias diferentes. Significa afirmar que suas idéias são válidas, algo que os cristãos não podem fazer sem renunciar suas próprias crenças. Se, por exemplo, você defende a posição bíblica de que o comportamento homossexual é pecaminoso, então você não pode afirmar ao mesmo tempo que tal comportamento não é pecaminoso. 

O secularista pós-moderno não aborda tais questões porque rejeita o conceito da verdade absoluta e da lei da não-contradição. Ele simplesmente segue seu caminho dando lições de moral a todos sobre tolerância e nunca explicando a contradição intrínseca de sua visão. 

Os mercadores da tolerância são ainda mais expostos como fraudulentos quando verificamos que simplesmente não praticam aquilo que pregam — pelo menos com aqueles cristãos chatos e teimosos. Absolutamente não estão dispostos a "tolerar" a premissa cristã de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Para eles, reconhecer isso seria necessariamente refutar seu conceito de tolerância, o qual afirma que todas as idéias são do mesmo mérito. Em sua infinita criatividade, encontram uma exceção para sua exigência de tolerância universal quando a questão é lidar com cristãos. 

Para eles, as prerrogativas da verdade exclusiva do cristianismo estão simplesmente fora dos limites, algo que chega a ponto de desqualificar os cristãos como pessoas dignas de receber a tolerância dos outros. Um administrador de uma universidade secular, por exemplo, disciplinou uma professora de posição conservadora por ter apresentado a literatura à sua classe em uma concepção cristã, o que incluiu um artigo sobre como os professores deveriam abordar a homossexualidade. O administrador afirmou: "Não podemos tolerar o intolerável". Como se vê, é muito fácil para esses tipos livrarem-se de suas posições indefensáveis. Eles simplesmente mudam de lugar os marcos de referência. Isso é que é definir a verdade por meio do poder! 

Mas a crença que os cristãos têm de que a sua religião é a única verdadeira não os faz ser intoleráveis com as outras pessoas nem desrespeitosos ao direito que os outros têm de crer e adorar da maneira em que optaram por fazê-lo. Nossa cultura atual está tristemente confusa por causa dessa discriminação, e, assim, usam a confiança que os cristãos têm em seu próprio sistema de crenças para pichá-los como intolerantes para com aqueles que possuem um sistema de crenças distinto. Não existe nada mais falso do que isso. Além do mais, apenas para registrar, o cristianismo não é a única religião com afirmações exclusivas da verdade. Todas as grandes religiões fazem tais afirmações. Muitas das idéias centrais das principais religiões não podem ser reconciliadas, o que dá margem à última mentira da moda que diz que, em seu cerne, todas as religiões são iguais. 

É comum ouvirmos ou lermos que todas os pessoas, em todos os lugares, adoram o mesmo Deus por meio de diferentes linguagens e culturas. Essa idéia, com o devido respeito, é absurda pelo que se apresenta. O islamismo, por exemplo, ensina que Cristo foi simplesmente um profeta, e não uma divindade. Como observou C. S. Lewis, se Cristo não é Deus, então não poderia ter sido um profeta exemplar ou um grande professor de moralidade, pois ele afirmava ser Deus. Se não era quem dizia ser, então ele era um mentiroso ou um lunático, e dificilmente um grande mestre de moral ou profeta. 

Outro exemplo bastante óbvio é a afirmação de certas religiões orientais de que Deus está em tudo e que não existe uma distinção clara entre o Criador e a criação, o que é totalmente conflitante com o cristianismo. Os exemplos são infindáveis, mas a questão é que, embora as várias religiões possam compartilhar de valores semelhantes, muitas das crenças fundamentais não podem se ajustar. Fazer de conta que todas as religiões são essencialmente as mesmas pode levar as pessoas a se sentirem melhor, mas é muito fácil demonstrar que esse conceito é falso. 

Mas o politicamente correto em nossa cultura acaba sendo vitorioso. Até mesmo muitas de nossas igrejas se corromperam com essas noções erradas de tolerância e pluralismo. Elas permitiram que sua teologia se diluísse e que a autoridade das Escrituras fosse denegrida em favor das idéias "evoluídas" que a sociedade tem sobre moralidade. Somente uma versão de cristianismo que prega que todas as religiões são iguais é tolerante e amorosa. Tradicionalmente, o cristianismo fundamentado na Bíblia é intolerante, insensível, exclusivo e não amoroso. 

Portanto, até que ponto ser amoroso é tornar-se cúmplice da destruição da própria verdade, a ponto do esvaziamento do evangelho? Ser sensível é ajudar as pessoas a se afastarem do caminho da vida? Como cristão, de que maneira se pode explicar a decisão de Cristo voluntariamente se submeter à indignidade e à humilhação da forma humana, a experimentar a total separação do Pai, a fisicamente aceitar toda a ira real do Pai pelos pecados do passado, do presente e do futuro de toda a humanidade e sofrer o indescritível tormento e morte na cruz se todos os outros caminhos levam igualmente a Deus? Que imensurável afronta à obra completa de Cristo na cruz! Que ato de deliberada desobediência às orientações de Cristo para que levemos o evangelho a todos os cantos da Terra! Pois se todas as religiões são iguais, então tornamos Cristo mentiroso e consideramos sua Grande Comissão uma farsa inútil, porque removemos todo o incentivo para evangelizar. 

Não estou sugerindo que os cristãos devam abordar a questão da evangelização de maneira vociferante e desrespeitosa. Certamente devemos honrar os princípios de que todas as pessoas são iguais diante de Deus e dignas de igual proteção da lei, assim como de tratamento justo, cortês e respeitosa. Mas não existe um imperativo moral que nos diga que devamos adotar a idéia de que todos os sistemas de crenças são igualmente verdadeiros. Existe um imperativo moral para que não façamos isso. 

O texto bíblico ao qual me referi no início, que nos instrui para estarmos preparados a dar a razão de nossa fé, é imediatamente seguido por uma advertência: "Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias" (IPe 3.16). 

Devemos dar atenção também à seguinte declaração: "É melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal. Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus" (IPe 3.17,18). Devemos pregar a verdade, mesmo se isso custar a nossa popularidade, mesmo se isso nos levar a sermos considerados intolerantes ou insensíveis, mesmo se for para sofrermos perseguição e sofrimento. Sim, devemos evangelizar com mansidão e respeito, mas, acima de tudo, devemos evangelizar. Não podemos ficar calados diante da política de tolerância. 

Costumo manter contato com pessoas que ou não acreditam no cristianismo ou que acreditam mas têm sérios problemas com algumas partes da Bíblia ou elementos da doutrina cristã. Certamente não sou um especialista em teologia. Então, o que vou fazer com essas pessoas? Muito além de sugerir a resposta simples de ler a Bíblia do começo ao fim, de que maneira posso ajudá-las a descobrir as verdades que eu tardiamente conheci? 

Existem livros maravilhosos que podem ajudar, mas parece que há alguns obstáculos em cada um deles. São muito intelectuais, muito incompletos ou muito difíceis de ler. Para obter o pacote completo, normalmente preciso recomendar mais de um livro, o que diminui significativamente as chances de que alguma pessoa possa lê-los. 

Recentemente um amigo me pediu informações sobre algum material apologético que pudesse compartilhar com seu irmão não-cristão. Sabia que essa era uma chance única num futuro próximo, de modo que precisava indicar o livro perfeito. Sendo muito franco, eu posterguei a decisão porque simplesmente não podia decidir entre três ou quatro dos meus recursos favoritos, os quais, na minha opinião, não seriam suficientes se fossem usados sozinhos. 

Enquanto estava me preparando para dar uma desculpa e fazer uma recomendação de vários livros, em vez de apenas um, recebi um bilhete de Frank Turek pedindo-me que revisasse Não tenho fé suficiente para ser ateu. Depois de ler os primeiros capítulos do livro, fiquei convencido de que o contato com esta obra foi providencial. 

Finalmente, pensei, existe um livro que cobre o todo de uma maneira bastante fácil de ler. Ao concluir sua leitura, disse a Frank que este era o livro pelo qual eu estava esperando como uma ferramenta de evangelização, uma que poderia explanar as idéias e revelar a verdade de uma maneira muito superior à média. Com a impressão deste livro, tenho uma fonte única que posso recomendar aos céticos, aos que têm dúvidas e aos cristãos que precisam de provas mais contundentes. Já fiz uma lista com os nomes de dez pessoas para quem vou mandar este livro. Certamente ele foi enviado por Deus. 

Frank Turek, que descobri ser um grande cavalheiro e estudioso cristão, é autor deste livro juntamente com um gigante entre os gigantes no campo da apologética cristã, o dr. Norman Geisler. Possuo várias outras obras do dr. Geisler, dentre elas Christian Apologetics [Apologética cristã], When Critics Ask [Manual popular de dúvidas, enigmas e "contradições" da Bíblia] 1e When Skeptics Ask [Quando os céticos questionam]. Fui apresentado ao dr. Geisler por meio de meu amigo e ex-vizinho, dr. Steve Johnson, formado no Seminário Teológico de Dallas e um dos meus mentores espirituais. Steve emprestou-me (e não me lembro se devolvi!) uma fita de vídeo na qual o dr. Geisler explicava as verdades do cristianismo de uma maneira cativante e alegre. Foi naquele momento que decidi comprar e ler um grande número de seus excelentes livros sobre o assunto. 

Posso recomendar todo e qualquer livro do dr. Geisler, mas Não tenho fé suficiente para ser ateu é exatamente aquilo que um médico receitaria como uma dose única para aqueles que possivelmente não estejam dispostos a ler uma grande quantidade de livros. Tenho de admitir que o título intrigou-me de maneira particular desde que o ouvi. Sempre acreditei que é preciso ter muito mais fé para ser ateu. Certamente é preciso mais fé para crer que os seres humanos evoluíram de uma interação aleatória de moléculas (que, de alguma maneira, passaram a existir) do que acreditar num Criador. 
Este livro também me chamou a atenção porque, antes de tocar a questão da verdade do cristianismo, aborda a questão da própria verdade, provando de modo definitivo a existência da verdade absoluta. Ele destrói as tolices do relativismo moral e da pós-modernidade e, então, continua a marchar sistematicamente rumo à inescapável verdade da religião cristã. Este é um livro que precisava ser escrito e publicado. Existem muitas pessoas famintas esperando pelas verdades que são mostradas de maneira brilhante nesta obra. 


DAVID LIMBAUGH  



PREFÁCIO DOS AUTORES  
De quanta fé você precisa para acreditar neste livro? 

Os céticos à religião acreditam que livros como este não são confiáveis no que se refere a objetividade porque são escritos por pessoas religiosas que têm suas crenças. Na verdade, é desta maneira que os céticos vêem a Bíblia: ela é um livro tendencioso, escrito por pessoas tendenciosas. A avaliação dessas pessoas pode ser verdadeira para alguns livros sobre religiões, mas não é verdadeira para todos eles. Se fosse assim, não se poderia confiar em nada que se leia sobre religião, incluindo livros escritos por ateus ou céticos, porque todo escritor tem um ponto de vista sobre religião. 

Portanto, o que isso significa para você, leitor? Você deveria desacreditar aquilo que um ateu escreve sobre o cristianismo simplesmente porque o autor é ateu? Não necessariamente, porque ele pode estar dizendo a verdade. Você deveria desacreditar o que um cristão escreve sobre ateísmo simplesmente porque ele é cristão? Mais uma vez, não necessariamente, pois ele também pode estar dizendo a verdade. 

Mas e quanto às tendências do autor? Será que essa tendência fatalmente corromperá a sua objetividade? Se fosse assim, nenhum livro seria objetivo, incluindo aqueles escritos por ateus e céticos. Por quê? Porque todos os livros são escritos por uma razão; todos os autores têm uma tendência e eles (ou, pelo menos, a maioria deles) acreditam naquilo que escrevem! Contudo, isso não significa que aquilo que escrevem seja falso ou que não seja objetivo. Ainda que os autores muito raramente sejam neutros em relação aos seus objetos de pesquisa (motivações pessoais fazem-nos escrever), todavia podem apresentá-los maneira objetiva. 

Vejamos um exemplo. Os sobreviventes do Holocausto certamente não foram espectadores passivos. Acreditavam plenamente que os nazistas estavam errados e foram levados a relatar suas experiências de modo que o mundo jamais pudesse esquecer-se do Holocausto e, espera-se, que jamais o repita. Será que sua paixão ou suas intenções os fizeram torcer os fatos? Não necessariamente. O fato é que sua paixão pode ter produzido o efeito oposto. Enquanto a paixão pode induzir algumas pessoas a exagerar, também pode levar outras a serem ainda mais meticulosas e precisas, a ponto de não comprometerem a credibilidade da mensagem que desejam comunicar. 

Como você verá, entendemos que os autores da Bíblia seguiram por este caminho, o da meticulosidade e precisão. Esse também é o caminho que estamos tentando seguir neste livro (ao terminar esta leitura, diga-nos se realmente achou que o trilhamos). 

Enquanto isso, se você é cético, por favor, tenha em mente que deve acreditar ou não naquilo que dizemos em função das provas que apresentamos, e não porque defendemos determinado conjunto de crenças religiosas. Nós dois somos cristãos, mas não fomos sempre cristãos. Passamos a crer por meio das provas. Assim, o fato de que somos cristãos não é o mais importante; porque somos cristãos é o ponto central. Esse é o foco deste livro. 

NORMAN GEISLER E FRANK TUREK  janeiro de 2004   


  





domingo, 1 de dezembro de 2019

O Que Precisamos Saber Sobre o Divórcio?



SERMÃO PREGADO PELO REV. JEFFERSON DE ANDRADE AZEVEDO, NA NOITE DE 01 DE DEZEMBRO DE 2019, NA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, EM CABO DE SANTO AGOSTINHO/ PE.
Texto: Mateus 19:3-12

Introdução
·         Queridos irmãos, eu quero iniciar minha exposição citando as palavras (a meu ver muito precisas) do Dr. Andreas Köstemberger: “Embora a beleza do plano de Deus para o casamento seja exposta claramente nas Escrituras e muitos anseiem experimentar o tipo de intimidade e amor que apenas o casamento bíblico pode proporcionar, a realidade triste é que relacionamentos conjugais muitas vezes se rompem e ficam a aquém do ideal bíblico”.
·         As palavras do Dr. Köstemberger traz consigo questões sobre as quais devemos refletir com muita atenção:
a)      O casamento conforme o ensino bíblico é em si mesmo belo.
b)     O casamento é belo porque foi devidamente planejado por Deus.
c)      Muitos anseiam experimentar a intimidade e o amor que só o casamento pode propiciar.
d)     Lamentavelmente muitos casamentos se rompem.
e)      E muitos casais ficam aquém do ideal bíblico (inclusive quando se divorciam por qualquer razão).  
·         Fatos como esses deveriam nos fazer refletir sobre que compreensão temos sobre a realidade e identidade do casamento. Mais que isso, esses fatos deveriam nos fazer pensar sobre a possibilidade e gravidade de seu rompimento. Em alguns países 50% dos casamentos terminam por divórcio.
·         Pode parecer estranho, mas hoje é alarmante o número de casais que se dizem evangélicos, e que decidem se divorciar por qualquer razão desconsiderando o fato de que o casamento é um pacto, e que, portanto, deve ser preservado para a glória de Deus. Mais que isso, é estranho que muitos se divorciem e casem novamente sem sequer observar o que Jesus ensina sobre isso.
·         No texto lido Jesus lidou com essas três questões: Casamento, Divórcio e Novo Casamento norteando e esclarecendo a questão.

Elucidação
·         O contexto em que Jesus elucidou seu ensino sobre o Casamento, Divórcio e Novo Casamento se deu num contexto marcado por uma polêmica. O texto diz que alguns Fariseus vieram para experimentá-lo. Em outras palavras, vieram pra pô-lo a prova. E a pergunta dirigida a Jesus teve a ver com a licitude ou ilicitude do divórcio. Jesus respondeu a pergunta afirmando não apenas quando a pessoa pode se divorciar. Jesus ampliou sua resposta e falou sobre Casamento, Divórcio e Novo Casamento. E deixou muito claro que:
a)      O Casamento é a união de um homem e uma mulher, e o padrão é que ambos vivam de modo vitalício.
b)     O Divórcio é a lastimável e indesejável ruptura dessa união.
c)      O Novo Casamento é uma segunda união para aqueles que sofreram infidelidade e resolveram se divorciar, e após o Divórcio casaram outra vez.
·         Hoje, entretanto nosso intuito é falar sobre o divórcio. Por isso, eu quero refletir com os irmãos sobre a seguinte questão:

Tema: O Que Precisamos Saber Sobre o Divórcio?

1º O Divórcio não pode ocorrer por qualquer causa (v.3-6).
·         Vivemos um momento histórico delicado onde as pessoas muitas vezes ingressam no casamento já com uma perspectiva pessimista: “Se der certo deu”. Quando não: “Eu caso e se não der eu me divorcio e caso de novo”. E ingressam no casamento com essa perspectiva pessimista por duas razões: ou não sabem quão grave é romper o Casamento, ou são licenciosos (as vezes é uma questão de depravação mesmo). De qualquer forma é alarmante o número de Divórcios entre cristãos e nós nem podemos fechar os olhos para isso, nem podemos enxergar nisso algo normal.
·         O Rev. Hernandes Dias Lopes em seu livro Casamento, Divórcio e Novo Casamento cita algumas causas ilícitas para o divórcio: “ausência de diálogo, emancipação da mulher, mudança do padrão profissional, desemprego, arrocho financeiro, facilidades legais para o divórcio, declínio da fé". Eu ainda acrescento outras duas: incompatibilidade de gênio, e porque o amor acabou (hoje está na moda estas duas desculpas). A meu ver duas desculpas sem a menor justificativa.
·         Nos dias de Jesus, a discussão envolvendo a possibilidade do Divórcio era dominada por das Escolas Rabínicas: a Escola de Hillel e a Escola de Shammai. Esses dois Rabinos se posicionaram acerca daquilo que está em Deuteronômio 24:1-4. Especificamente no v.1 quando o texto fala “coisa indecente”. Hillel interpretava isso numa perspectiva mais aberta (inclusive uma refeição mal feita). Shammai interpretava essa questão afirmando que ela se refere à imoralidade sexual (mas também abria exceções quando suas Regras de Conduta eram transgredidas). Jesus é taxativo ao dizer que apenas a infidelidade poderia ser causa para o Divórcio.
·         Eu fico a pensar que quando as pessoas dizem ama outra pessoa, e após casar, pouco tempo depois, ou por qualquer motivo se divorciam elas mentem. A semana passada aprendemos com base em Gênesis 2:23-24 que a única coisa que justifica o Casamento é o amor. E Paulo vai dizer em 1Coríntios 13:8: “O amor jamais acaba”. O texto grego diz literalmente: “O amor jamais cai/termina”. Ou seja, quem ama até o fim. Logo, um divórcio ilegítimo é sinônimo de nunca houve amor.
·         O que podemos aprender aqui? Aprendemos que o Divórcio não pode ser tratado como algo normal e que deva ser aceito com tal. Aprendemos que o Divórcio não deve ser idealizado antes de ingressar no Casamento como um modo adequado de resolver certos impasses que surgirão no decorrer do mesmo. Por mais que o Divórcio se mostre atraente nos momentos em que o Casamento está eivado de problemas, saiba que ele nem é a única nem a melhor opção.

2º O divórcio ocorre por permissão, não como padrão (v.7-8, 12).
·         Essa distinção deve ser repetida e enfatizada. O Divórcio foi tolerado e permitido por Deus, mas não estabelecido por Ele. Nos vs.3-4 Jesus já havia aludido à ordem da criação onde homem e mulher são descritos como “uma só carne”. Essa tolerância aparece claramente em Deuteronômio 24:1-4. Ali o Divórcio é regulamentado por Moisés. No contexto de Deuteronômio 24 nada é dito sobre as razões pelas quais Deus permitiu que Moisés incluísse na Lei tal permissão. Jesus em Mateus 19:8 esclarece que foi por causa “da dureza do coração do homem”.
·         O v.8 deixa muito claro que o divórcio foi permitido por causa da obstinação humana, não por iniciativa divina. Deus tem prazer na perpetuação do casamento, não em sua dissolução. E mais, o que os Fariseus chamam de mandamento, Jesus esclarece ser uma permissão. Uma permissão que não pode ser vista como padrão. A prova disso é que no final do v.8 Jesus disse: “Não foi assim desde o princípio”. O Dr. Köstemberger diz algo interessante: “Embora tanto Jesus quanto Paulo tenham defendido energicamente o ideal bíblico de um matrimônio monógamo e vitalício, ambos trataram da possibilidade de divórcio e novo casamento”. Possibilidade não é padrão, é exceção.
·         O padrão é o Casamento tal como Deus idealizou e Jesus mencionou nos vs.3-4. O grande problema é que o homem desde a Queda perverte os padrões estabelecidos por Deus ao acolher para si padrões que ele mesmo tende a criar. Hoje vemos muitos cristãos e até pastores tentam justificar o injustificável. Muitos já casaram e se divorciaram mais de uma vez e por isso fazem de tudo para defender como normal tal prática. Muitos inclusive se divorciaram em condições que a Bíblia não legitima. Esses também não são exemplos a serem seguidos ou levados a sério. O padrão é o Casamento duradouro. 
·         Quando olhamos para Gênesis 2:20-24 vemos claramente a alegria de Adão quando o Senhor criou Eva. Ele a chamou de “osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Ou seja, ele a chamou de “pedaço de mim”. Logo, esse deve ser o padrão. Por outro lado, quando olhamos para um Divórcio vemos o oposto disso. Vemos o padrão estabelecido por Des sendo posto de lado. E lamentavelmente ouvimos pessoas dizendo o seguinte: “Durou muito. Eu pensava que iria durar menos”.
·         O que podemos aprender aqui? Aprendemos que nossos olhos devem estar voltados para a ordem da criação. O Casamento foi uma criação divina dada a homem como mandamento. Lembremos que em Gênesis 1:31Deus viu que tudo que Ele havia criado era muito bom”. Isso inclui o Casamento. Logo, o Divórcio o oposto disso. Ele é muito mau. Deus o deia, e aqueles que passam por ele jamais serão os mesmos.

3º O divórcio PODE ocorrer em caso de infidelidade (v.9-11).
·         O texto é claro ao dizer que o divórcio PODE ocorrer em caso de infidelidade. O texto não diz que o divórcio DEVE ocorrer em tal caso. Isso porque o cônjuge que sofreu a infidelidade PODE perdoar e permanecer com o cônjuge que cometeu infidelidade (ou não). O texto não diz que ele DEVE permanecer. Essas observações são importantes para não criminalizarmos todos os Divórcios. Aliás, só quem pode criminalizar um Divórcio é a Escritura.
·         Uma coisa é fato: Deus em sua santidade abomina o divórcio. Mas essa atitude divina precisa ser devidamente compreendida: O Rev. Jay Adams chama a nossa atenção para um fato importante: “Todos os divórcios são causados por pecados, mas nem todos os divórcios são pecaminosos [...] Deus odeia o divórcio, não como processo, mas por suas causas pecaminosas e por muitas das suas consequências devastadoras”. Ou seja, há divórcios lícitos e ilícitos.
·         O que é que estamos chamando de infidelidade? A palavra usada por Jesus e traduzida como “relações sexuais ilícitas” em Mateus 19:9 é porneia. Essa palavra abarca toda sorte de pecados sexuais. Ou seja, essa palavra abarca todos os pecados proibidos pelo sétimo mandamento (Êxodo 20:14 “Não adulterarás). D.A.Carson diz que porneia aqui pode ser traduzida como “imoralidade sexual”. Ou seja, infidelidade tem a ver com o envolvimento de um cônjuge com toda forma de vínculo sexual fora do casamento: adultério, pedofilia, incesto, homossexualismo, bestialidade etc.
·         Não é possível ignorar o fato de que quando Jesus afirma ser a infidelidade causa para o divórcio, ao mesmo tempo Ele afirme ser ela base legítima para o Novo Casamento. Ou seja, uma vez que a infidelidade é confirmada, o cônjuge que sofre a infidelidade PODE requerer carta de divórcio, e posteriormente vir a casar novamente. Por isso, aqueles que pensam em se divorciar e casar novamente devem ouvir o que Jesus diz sobre essa questão. E Jesus é claro: o Novo Casamento pode ocorrer após infidelidade sofrida e divórcio consumado.
·         O que podemos aprender aqui? Aprendemos que o Divórcio pode ocasionar a ruptura do Casamento. Uma ruptura traumática e cujas consequências serão sofridas por ambos os cônjuges (e para os filhos se houverem). Também aprendemos que o Divórcio uma vez consumado dá a parte ofendida a possibilidade (o direito) de ingressar em um Novo Casamento não sendo o mesmo permitido a parte ofensora.
Aplicações

1ª O Divórcio nunca será o padrão para nós cristãos.
2ª Não podemos transformar a exceção em regra.
3ª Avalie se de fato o divórcio é a melhor opção.

Conclusão
·         Finalizo citando o Rev. Jay Adams: “Diferentemente do Casamento o divórcio é uma instituição humana [...] Deus não deu origem a esse conceito como parte de sua ordem para o ser humano. Logo, o Divórcio e uma inovação humana [...] O fato de que Deus não estabeleceu o Divórcio, mas o permite em certas condições, é uma razão pela qual a Igreja tem tido problema em sua consideração essa prática”.