terça-feira, 3 de novembro de 2020

INTRODUÇÃO ÀS ANTIGAS DOUTRINAS DA GRAÇA



INTRODUÇÃO

Dá-se o nome de As Antigas Doutrinas da Graça, aquelas doutrinas bíblicas defendidas durante a história bíblica e história da igreja, por diversos crentes que lutaram para manter intactos os ensinos bíblicos com respeito a doutrina da Eleição e Salvação Eterna.

Charles H. Spurgeon, grande pregador do evangelho, pastor Batista que viveu no século 19, falando sobre as Doutrinas da Graça, disse:

“Minha opinião pessoal é que não há pregação de Cristo e este Crucificado, a menos que se pregue aquilo que atualmente se chama calvinismo[...]”. (ANGLADA, 2009)

Já em sua época, Spurgeon experimentava uma aversão as doutrinas da graça, contudo, ele não concebia uma pregação que fosse fiel ao espírito do evangelho que não considerasse as doutrinas bíblicas que Calvino e tantos outros antes dele pregaram e defenderam. Por esse motivo, iremos partir do ponto de origem dessas doutrinas, a Sagrada Escritura. Por meio desse breve estudo iremos caminhar pelas vias da história até chegarmos ao momento em que essas doutrinas foram sistematizadas.

AS DOUTRINAS DA GRAÇA E AS ESCRITURAS

A história bíblica da redenção aponta para a ideia, que, Deus, durante a história, sempre agiu de forma eletiva com o homem. Essa eleição sempre ocorreu não com vista a uma retribuição divina as boas atitudes daqueles que foram alvo de sua eleição, mas contrariando essa perspectiva, Deus escolheu entre os homens aqueles que estavam perdidos.

No texto escrito por Paulo aos romanos, o apóstolo apresenta-nos em seus três primeiros capítulos a situação em que o homem caiu por ocasião da queda de nosso primeiro pai, Adão. Nesses capítulos Paulo encerra toda a humanidade debaixo do pecado e consequentemente alvos da ira de Deus. Por meio de sua argumentação, Paulo pretende demonstrar que não há diferença entre aqueles que são de Israel ou não, todos sem exceção necessitam da misericórdia de Deus e não possuem em si mesmos nada que os faça merecer a bondade Divina.

Rm 2:1  Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. 2  E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. 3  E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?

Rm 3:9  Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, 10  como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11  Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. 12  Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.[1] 

Ambos os textos, acima citados, demonstram aquilo que o Apóstolo entendia, pelo Espírito Santo, sobre qual era a situação da humanidade diante de um Deus Santo. Esse entendimento Paulino com respeito a condição humana permeia praticamente todos os seus escritos, em Efésios, por exemplo, nos capítulos 1 e 2, ele trata claramente tanto da doutrina da eleição, quanto elucida o motivo pelo qual os homens não podem por suas próprias forças se achegarem a Deus.[2][3]

Obviamente muitos outros textos poderiam ser citados, não só paulinos, contudo, por se tratar de uma introdução, não pretendo estender o assunto uma vez que cada ponto ficará devidamente estabelecido durante a abordagem individual de cada tópico dos chamados cinco pontos do calvinismo. Basta saber nesse momento que as escrituras demonstram de forma abundante que a queda corrompeu de tal maneira o ser humano que ele é incapaz de buscar a Deus por suas próprias habilidades, que o homem natural é escravo do pecado e está constantemente sob a ira Divina.

AS DOUTRINAS DA GRAÇA E AGOSTINHO[4].

Santo Agostinho de Hipona, como é popularmente conhecido, era originário do Norte da África. Converteu-se em Milão e logo se tornou Bispo de Hipona. Combateu diversas heresias em seu tempo, entre elas: o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo. Vamos discutir em particular seu debate com respeito as ideias heréticas de Pelágio.

A controvérsia girou mais especificamente sobre qual o estado do homem após a queda. Pelágio[5] defendia que apesar da queda, o homem não havia sido corrompido totalmente pelo pecado e que este poderia, sem o auxílio Divino, responder positivamente a graça de Deus (livre arbítrio). Agostinho, por outro lado, defendeu que o homem, após a queda, tornou-se totalmente depravado, não podendo por suas próprias habilidades voltar-se para Deus e sua Graça.

RESULTADO

O Pelagianismo foi condenado oficialmente pela Igreja antiga nos concílios de Cartago (418 d.C.), de Éfeso (431 d.C.) e finalmente no Concílio de Orange II (529 d.C.). (MAIA)

O SÍNODO DE DORT

Dort ou Dordrecht é uma cidade da Holanda, que fica nas proximidades de Roterdã. Na época, Dort era uma das principais  cidades, a província mais poderosa da República. (DORT, 2016)

A palavra “sínodo” significa, na estrutura da Igreja Reformada, uma assembleia de pastores e presbíteros, representantes das igrejas locais. Existem sínodos provinciais ou regionais, e sínodos nacionais. (DORT, 2016)

ORIGEM DO NOME “ARMINIANOS”

O nome arminianos deriva do nome de um teólogo holandês que era pastor da igreja reformada em Amsterdã e foi nomeado, em 1603, professor de teologia na Universidade  de Leiden, a mais antiga e mais famosa da Holanda, Jacobus Arminius, ou em português, Armínio. Um ano depois, Armínio apresentou uma tese sobre a doutrina da predestinação, onde afirmava que a eleição não era baseada no Eterno Decreto de Deus, mas na presciência  Divina. Sua tese foi contestada por um teólogo chamado Francisco Gomarus, Gomaro. Neste mesmo ano, Gomaro, apresentou uma tese onde reafirmou o posicionamento já antes estabelecido e aceito sobre a doutrina da predestinação. Em sua tese, ele reafirmou que Deus elege pecadores, com base em seu Eterno propósito, sem prever neles qualquer boa obra que os faça merecer sua graça Salvadora e que os demais são deixados em seu estado natural de queda para que recebam a pena devida exigida pela justiça divina.

OS REMOSNTRANTES

Após a morte de Armínio, seus alunos colheram anotações de sala de aula e formularam seus posicionamentos com base na tese defendida por seu mestre. Eles pediram que fossem considerados seus posicionamentos e que, a doutrina da salvação, com base nos seus escritos, fosse revista e alterada. Por esse motivo o Sínodo foi convocado para tratar da questão, o que ocasionou a resposta por parte daqueles que defendiam a doutrina da salvação com base no Eterno decreto de Deus.

Composição do sínodo:

·         39 pastores;

·         19 presbíteros;

·         19 comissários políticos- havia na época uma relação estreita entre a igreja e estado;

·         Representantes das universidades e seminários regionais;

·         Foram convidados também representantes das igrejas reformadas estrangeiras.

O sínodo teve início no dia 13 de novembro de 1618, sob a presidência do pastor da Frísia, Johannes Bogerman, que tinha como seu secretario particular o pastor inglês, puritano, Guilelmus Amesius. (DORT, 2016)

DECISÕES TOMADAS NO SÍNODO

No livreto publicado pela editora Cultura cristã, “Os Cânones de Dort”, nos é  apresentado uma informação muito interessante sobre a posição dos arminianos no decorrer do Sínodo.

“Nas primeiras sessões,  o Sínodo discutiu a agenda e decidiu chamar treze dos teólogos arminianos mais importantes para defender sua doutrina. Episcopius, professor da Faculdade de Teologia em Leiden e sucessor de Armínio, e doze pastores compareceram em dezembro de 1618. Para eles, o Sínodo não passava de uma conferência e eles lhe negavam competência para agir como tribunal em questões de doutrina. Eles não queriam ser tratados como réus. A tática do grupo arminiano era obstruir as reuniões do Sínodo com debates formais. O Sínodo queria discutir os artigos da Remonstrância, mas o grupo arminiano se recusava a expor claramente sua posição doutrinária. Após quatro semanas de debates inúteis, o presidente do Sínodo dispensou o grupo dos arminianos. Com isso, o Sínodo passou a julgar a doutrina arminiana com base em seus escritos. Os cinco artigos dos arminianos foram discutidos e uma comissão preparou o texto dos cânones ou regras de doutrina em que se condenava a doutrina arminiana e se expunha a doutrina reformada.” (DORT, 2016)

Por algum motivo, parece que os arminianos, ou não estavam seguros de sua posição, ou tentaram utilizar alguma tática para atrapalhar a condução do Sínodo. Contudo, no dia 6 de maio de 1619, sendo aceitos por todos os delegados, os Cânones de Dort foram solenemente promulgados.

Ao longo dos anos, a estudada resposta do Sínodo de Dort às “heresias” arminianas tem sido apresentada na forma de um acróstico formado pela palavra Tulip: (SPENCER, 2000)

T

Total depravity

Depravação total

U

Unconditional election

Eleição incondicional

L

Limited atenement

Expiação limitada

I

Irresistible grace

Graça irresistível

P

Perseverance of the saints

Perseverança dos santos

 

CONCLUSÃO

Nossa intenção foi de apresentar um breve histórico de como foram formadas e estabelecidas as doutrinas da graça. Uma abordagem minuciosa será apresentada na exposição individual de cada um dos cinco pontos. Contudo, é de extrema importância que o aluno detenha esse conhecimento introdutório para que tenha em mente o contexto que define o espírito da época, isso o fará entender o porquê certas decisões tomaram seus rumos atuais.

Bibliografia

ANGLADA, P. R. B. Calvinismo: As Antigas Doutrinas da Graça. 3ª. ed. Belém: Knox Publicações, v. 0, 2009.

DORT, O. C. D. Os Cânones de Dort. 3ª. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016.

MAIA, C. R. http://misscristianerodrigues.blogspot.com/. misscristianerodrigues. Disponivel em: <http://misscristianerodrigues.blogspot.com/2011/02/controversia-de-agostinho-e-pelagio.html>.

SPENCER, D. E. TULIP: Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras. 2ª. ed. São Paulo: PARAKLETOS, 2000.

 



[1] Sl 14:2  O SENHOR olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. 3  Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um. Paulo cita o Salmo 14-2.3.

[2] Ef 1:3  Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4  como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, 5  e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6  para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. 7  Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, 8  que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência, 9  descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10  de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11  nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, 12  com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo; 13  em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; 14  o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória. 

[3] Ef 2:1  E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, 2  em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; 3  entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. 4  Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5  estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 6  e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; 7  para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. 8  Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. 9  Não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10  Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. 

 

Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354 d.C., em Tagasta, na África (hoje Argélia) e faleceu em 28 de agosto de 430 em Hipona. Foi um dos maiores pensadores da Igreja. Era filho de Patrício, homem de recursos, pagão, mas que se converteu nos últimos anos de sua vida e sua mãe Mônica, cristã que sempre dedicou a vida à sua formação, conversão e esperanças (ao filho), embora Agostinho tenha vivido dissolutamente e desregradamente até os 32 anos, quando ocorreu sua conversão. (MAIA)

[5]Pelágio um monge britânico, nasceu por volta do ano 350 e muitos de seus escritos são conhecidos através das citações e alusões feitas em livros que se opõem a ele e o condenam, sua vida é cheia de mistérios assim como tantos outros hereges do cristianismo primitivo. Chegou em Roma, por volta do ano 400 ou 405 e viajou para a África do Norte, onde poderia ter conhecido Agostinho. (MAIA)

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

SÉRIE SOBRE O TEMA “A VIDA CRISTÃ NO LAR”, BASEADA NO LIVRO DO REV. JAY E. ADAMS.



APRESENTAÇÃO

Graça e paz!

Me chamo Sandro, sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, na Cidade do Cabo de Santo Agostinho – Pe. Tenho servido a Deus como presbítero na referida igreja e labutado também na área teológica. Estou me formando no curso de Bacharelado em Teologia pela Universidade Estácio de Sá, e, também, em Bacharel livre pela FATERGE – Faculdade de Teologia Reformada Genebra. Além desses dois Bacharelados, possuo também cursos específicos pelas instituições: Instituto Reformado de São Paulo; Escola Teológica Charles Spurgeon; Instituto Kuyper; Instituição Curso Fiel de Liderança; entre outros.

Este post é o primeiro de uma série que irei postar sobre o tema “A Vida Cristã no Lar”, baseado no livro de mesmo nome e escrito pelo Rev. Jay Adams.

SOBRE O AUTOR

Jay Edward Adams (30 de janeiro de 1929 (idade 91 anos)

“Pastor aposentado foi também Diretor de Estudos Avançados e Professor de Teologia Prática no Westminster Theological Seminary (EUA). Escreveu mais de 50 livros sobre ministério pastoral, pregação, aconselhamento, estudo bíblico, e vida cristã.” (SHEDDPUBLICACOES)

INTRODUÇÃO

Logo no prefácio do livro o autor deixa muito evidente qual o seu propósito ao  escrevê-lo, diz ele:

“Este livro tem o objetivo de cumprir dois propósitos fundamentais [...] No lar [...] avaliar, comentar e aperfeiçoar vários aspectos do lar cristão. Creio que ele indicará o caminho das soluções que Deus tem para os problemas familiares. [...] como auxílio para conselheiros cristãos. Pode ser usado no aconselhamento de cônjuges, pais e filhos ou membros da família [...].” (ADAMS, 2011)

 

CAPÍTULO I – UM LAR CENTRADO EM CRISTO

No início do primeiro capítulo, o Rev. Jay Adams nos desafia com uma pergunta retórica: “É possível ter um lar centralizado em Cristo no mundo atual de problemas e pecado?” Sua pergunta parte do pressuposto de que seus leitores são crentes e que entendem a gravidade do seu questionamento. A reposta obvia que a maioria sincera dos crentes chegaria, ou deveria chegar, é que seus lares estão aquém  daquilo que se pensa sobre um lar cristão e que certamente algo deve ser feito para mudar essa situação. Esta pergunta nos leva automaticamente a questionar: como deve ser um lar cristão? Na mente da maioria das pessoas, inclusive eu, um lar cristão deveria ser definido como: um lugar onde há continua harmonia, paz, silencio, tranquilidade e alegria (parafraseando o livro). Ao contrário disso, o autor nos afirma  que não devemos esperar esse grau de perfeição, mesmo se tratando de em um lar cristão. O motivo é muito simples e teologicamente plausível, um lar cristão é composto por pecadores arrependidos e justificados, mas ainda assim são pecadores. Ou seja, a ideia de que um lar cristão é perfeito não procede da Bíblia.

“o primeiro e mais importante fato a recordar sobre um verdadeiro lar cristão é que ali vivem pecadores.” (ADAMS, 2011)

Por mais difícil que seja aceitar essa verdade, nossos lares não são perfeitos porque nós somos falhos e lamentavelmente somos bons nisso. O Rev. Adams nos oferece alguns exemplos de como cometemos diversas falhas: (paráfrase)

·         Os pais são falhos, tanto no seu relacionamento com os filhos, quanto com Deus;

·         Da mesma forma, os filhos também são falhos. Não são obedientes, são negligentes com suas obrigações;

·         O casal falha. Os pais discutem diante dos filhos, ficam irritados e em alguns casos (muitos na verdade), falam mutuamente palavras ofensivas.

Quando pintamos esse retrato sobre como normalmente é um lar cristão, inevitavelmente somos encorajados a fazer outra pergunta: que diferença há entre um lar cristão e o lar do vizinho não crente? A resposta é: assim como a ação salvadora de Cristo nos leva à um processo de crescimento onde chegaremos ao final em um estado de perfeição – glorificação – assim também se reflete no lar cristão. O que o caracteriza não é o fato de haver pessoas perfeitas, mas que sabem que são imperfeitas e por este motivo recorrem a Cristo para que seus lares sejam aperfeiçoados. Uma vez que essa verdade está clara na mente do leitor, o autor agora demonstra como que uma família cristã se distingui de uma descrente. Ele nos oferece três diferenças significativas:

1.      “Os crentes admitem seus pecados”; (cf. 1 João 1.8-10)

2.      “Os crentes sabem o que fazer com seus pecados; eles sabem a origem de seus problemas familiares e sabem onde encontrar a resposta para resolver esses problemas. Um lar cristão deve ser guiado pela palavra de Deus e aquilo que Ela aponta como regra para nossas vidas.

3.      “Os crentes abandonam seus pecados”. Assim como o crente cresce e se desenvolve na graça, também deve ocorrer o mesmo na vida familiar, o mesmo norte deve guiar as duas situações.(cf. 1 João 3.9)

“As pessoas que vivem no lar cristão são pecadoras, mas o Salvador, que não tem pecado, vive ali também. E isso faz toda a diferença! (ADAMS, 2011)

CONCLUSÃO

O que podemos aprender neste primeiro capítulo?

Aprendemos que muitas vezes nos enganamos em pensar que nosso lar é tão perfeito o quanto deveria ser. Julgamos que somos tão perfeitos por sermos cristãos que não percebemos a obvia verdade de que somos pecadores. Por termos essa falsa impressão de nós mesmos e daquilo que realmente é um lar cristão, esquecemo-nos de olhar para os membros de nossa família como se refletidos pelo espelho a nossa frente. Não percebemos que somos tão suscetíveis aos mesmos erros e por esse motivo, quando somos ofendidos, exigimos uma justiça própria que nem mesmo possuímos.

Aprendemos também que a distinção entre um lar cristão e um lar descrente é que o lar cristão possui Cristo como seu centro, sua vida, conduta e ações são pautadas por Ele. Que devemos crescer espiritualmente, pois a medida em que crescemos na graça e no conhecimento de Cristo, tão mais estaremos preparados para enfrentar de forma sábia e sóbria as adversidades que certamente surgirão em nossos lares.

Que o Senhor nos abençoe!

Assista ao vídeo sobre o tema!



RESUMO CRÍTICO - A BÍBLIA E A SUA INSPIRAÇÃO DIVINA, UM CATECISMO DE DOUTRINA BÍBLICA.



 RESUMO CRÍTICO

E-BOOK: A BÍBLIA E A SUA INSPIRAÇÃO DIVINA, UM CATECISMO DE DOUTRINA BÍBLICA.

AUTOR: W.R. DOWNING.

AUTOR DA CRÍTICA: SANDRO FRANCISCO DO NASCIMENTO.

1. INTRODUÇÃO

Sócrates, filósofo grego, desenvolveu um método de descobrir a verdade chamado maiêutica. A maiêutica consiste em, por meio do diálogo, conduzir o interlocutor a dar à luz as ideias que surgem na medida em que questiona ele mesmo aquilo que se dispõe a conhecer. Todo catecismo tem como objetivo conduzir os iniciados a descoberta das verdades ou axiomas bases da fé. É por meio dele, que o povo de Deus é conduzido, de forma didática, ao conhecimento das verdades essenciais da fé cristã.

“A bíblia e a sua inspiração divina, um catecismo de doutrina bíblica”, segue o mesmo pensamento e forma dos diversos Catecismos conhecidos e aceitos como símbolos de fé pela maioria das Igrejas de Confissão Reformada. É possível, por exemplo, encontrar paralelos nos Catecismos Maior e Breve, e, também, na confissão de fé de Westminster, aceitos como símbolos de fé pela Igreja Presbiteriana do Brasil.

Esta crítica, ou resumo, tem por objetivo comentar alguns aspectos do referido livro e como suas proposições podem ser uteis e aplicadas na comunidade da aliança, a Igreja.

2. Tema.

A Religião Cristã tem suas bases doutrinárias, regras de fé (o que crê) e conduta (como viver), nas sagradas Escrituras. “A bíblia e a sua inspiração divina, um catecismo de doutrina bíblica”, das perguntas 7 a 9, aborda as verdades inegociáveis que dizem respeito a palavra de Deus.

2.1. Pergunta número 7: o que é a Bíblia?

Como parte de todo processo de ensino aprendizagem, devemos iniciar os estudos de determinado assunto definindo os termos que o constituem. Obviamente, assim como as demais perguntas e respostas que se seguem, a pergunta 7, parte da pressuposição que as Escrituras são a Palavra de Deus. A verdade que Deus se revelou ao homem, por meio especial nas Escrituras, não é passível de negociação, por este motivo a chamamos de axioma.

O Catecismo nos oferece uma resposta que corresponde aquilo que uma boa teologia Bíblica certamente demonstra com riqueza de evidências textuais, como de fato o faz.

Pergunta 7: O que é a Bíblia? Resposta: A Bíblia é a revelação especial de Deus para o homem, em forma escrita. 2 Timóteo 3:16- 17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17 para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Veja também: Êxodo 17:14; 24:12; 31:18; Lucas 24:25- 27, 45- 47; João 5:45- 47; Hebreus 1:1- 3; 2 Pedro 1:20- 21; 3:15- 16. (DOWNING, 2016)

2.1.1. Sobre o comentário.

O comentário inicia definindo a origem da palavra Bíblia, Βίβλος, palavra grega que inicia o evangelho segundo Mateus – “Livro da genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão:”. É a partir do significado da palavra grega que se define o conceito de que a Bíblia é o conjunto de sessenta e seis livros, cânon protestante. Esses sessenta e seis livros formam um conjunto harmônico, “[...] não contraditório (coerente), unificado, como a própria palavra de Deus escrita [...]”.

Além de apresentar os diversos aspectos da verdade da escritura, o autor relaciona o conhecimento da palavra de Deus com a vida Cristã. Uma importante contribuição é notada no fato de que o autor procura combater um posicionamento fideísta ou fundamentalista com relação ao relacionamento do crente com a escritura. Isso se mostra claro pelo fato de em sua abordagem, o comentário não só informa, mas ensina como correto uma apropriada aproximação do texto, com base nas ciências de interpretação e a aplicação apropriada do significado do texto para os leitores de hoje.

“Alguns poderiam contestar um Cristianismo “intelectual”, preferindo uma abordagem mais simplista ou “devocional”, não percebendo que o devocional — se legítimo em tudo — deve derivar do doutrinário, e o doutrinário da hermenêutica, e a hermenêutica da exegese (exata leitura do texto). Muitos parecem querer uma religião “coração” e não uma religião “cabeça”, que muitas vezes se t orna um zelo que não convém e sem o conhecimento adequado. Irracionalidade não é espiritualidade, nem o sentimento é a base adequada para a fé ou prática. Nós devemos entender que a ignorância da verdade Divina, o irracionalismo religioso e uma aversão à doutrina e a um estudo e aprendizagem sérios, não são virtudes Cristãs nem características que devam ser imitadas.” (DOWNING, 2016)

Por fim, ele encerra seu comentário enumerando treze motivos que nos devem levar ao estudo sério da Escritura Sagrada.

“Por que estudar a Bíblia? A seguir estão as principais razões corretas: (1) glorificar a Deus, (2) estar em comunhão com Cristo, (3) conhecer a vontade de Deus, (4) ser obediente a Deus, (5) crescer em direção à maturidade espiritual, (6) promover a nossa santificação , (7) preparar para o ministério da Palavra, (8) compreender o nosso propósito, (9) manter a pureza da igreja, (10) edificar os outros, (11) evangelizar os não- convertidos, (12) defender inteligentemente a fé e (13) se preparar para a eternidade.” (DOWNING, 2016)

2.2. Pergunta número 8: Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita?

A exemplo da pergunta de número 7, a oitava pergunta deve obrigatoriamente partir do pressuposto de que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Essa verdade é tão importante para a teologia cristã, que o autor inicia o comentário com a seguinte afirmação: “Se a Bíblia é a própria Palavra de Deus preservada em forma escrita — e ela é (conferir a ênfase) — então há certas coisas que são necessariamente verdadeiras [...]”. A partir desta perspectiva a resposta a pergunta nos oferece sete predicados que qualificam a Escritura.

“Resposta: Os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita são: “inspiração”, “autoridade”, “infalibilidade”, “inerrância”, “suficiência”, “canonicidade” e “iluminação”.” (DOWNING, 2016)

2.2.1. Sobre o comentário.

Ao falar da inspiração da Escritura, o autor deixou um pouco a desejar ou pelo ao menos sua atenção não teve como foco todo o aspecto da revelação divina. Sua abordagem foi totalmente direcionada para o aspecto divino da Escritura —“A Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, e não apenas a obra ou as palavras dos homens”, não houve nenhuma ênfase na necessidade de se entender a Bíblia em sua natureza humana, no sentido de definir o termo. Ignorar essa parte importante do conhecimento das naturezas da Escritura faz com que haja necessidade posterior de elucidação, fato que também não ocorreu, quando o autor apresenta de forma mais clara a necessidade de estudar a Escritura por meio das ciências exegese e hermenêutica. Para um cristão menos instruído, que possui apenas o conhecimento superficial da Escritura e que tem tendências a interpretação mais espiritualizada dos textos, o não conhecimento das implicações da natureza humana da Escritura, certamente, fará com que ele no mínimo ignore a necessidade de se fazer uma exegese do texto e por meio da hermenêutica compreender o significado pretendido pelo autor ao escrever de determinada passagem.

Há mais três termos importantes com os quais alguém deve estar familiarizado: exegese, hermenêutica e aplicação. Exegese (mostrar o significado do texto — significado da palavra, gramática e sintaxe — na língua original) refere- se à leitura do texto, ou seja, ela responde à pergunta: “O que o texto diz?”. Hermenêutica é a ciência de interpretação. Ela responde à pergunta: “O que o texto quer dizer?” (Lucas 10:26). Aplicação refere- se ao texto da Escritura, uma vez que ele pode ser aplicado a uma determinada situação: “Como esta passagem é ou pode ser legitimamente aplicada às nossas modernas era e situação?”. (DOWNING, 2016)

2.3.Pergunta número 9: que se entende por “inspiração” das Escrituras?

Nesta pergunta, a falta de informação sobre a natureza humana da Escritura é parcialmente solucionada — “Inspiração” é a obra de Deus sobre os corações, mentes e mãos dos homens para nos dar a própria Palavra de Deus em forma escrita”. Ou seja, por sua soberana providência, Deus utilizou homens para transmitir sua palavra de forma que pudesse ser compreendida. Cada um desses homens que recebeu a graça divina de ser objeto do propósito divino de comunicar sua Palavra, as transmitiu por meio de suas culturas, línguas e conhecimento de mundo. A inspiração divina não só os capacitou a escrever por suas próprias palavras, utilizando-se de seus idiomas, como garantiu que tudo quanto eles transmitiram não viesse a conter qualquer erro. Por esse motivo podemos afirmar que a Palavra de Deus é infalível e inerrante.

Pergunta 9: O que se entende por “inspiração” das Escrituras? Resposta: “Inspiração” é a obra de Deus sobre os corações, mentes e mãos dos homens para nos dar a própria Palavra de Deus em forma escrita. 2 Timóteo 3:16: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça”. 2 Pedro 1:20- 21: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Veja também: Isaías 8:20; 1 Coríntios 2:9- 14; Hebreus 1:1- 3. (DOWNING, 2016)

2.3.1. Sobre o comentário.

O autor inicia o comentário explicando o significado do termo “inspiração”.

O termo inspiração deriva do Latim inspiro, “respirar para dentro”, referindo- se aos autores humanos. A questão real, no entanto, é que as próprias Escrituras são “inspiradas por Deus”, ou seja, soprada por Deus (theopneustos ) — 2 Timóteo 3:16. (DOWNING, 2016)

Aqui fica mais evidente o motivo pelo qual devemos estudar a Escritura — “A inspiração é desta forma tanto verbal (estende-se às verdadeiras palavras, e, portanto, às nuances de gramática e sintaxe nas línguas originais) quanto plena (completa ou igual em todo)”. Pelo fato de haver a participação humana na escrita da Bíblia, se faz necessário que as deficiências quanto à compreensão dos distanciamentos dos textos sejam transpostas, o que só é possível por meio do estudo sério e orientado. Isso não quer dizer que a Bíblia seja um livro enigmático, nem que seja compreendido somente por uma minoria intelectual. O exame simples da Escritura pode levar qualquer crente sincero ao entendimento das verdades essenciais necessárias a salvação — “A grande verdade da revelação Divina é que Deus falou aos homens (Hebreus 1:1- 3). Ele não só falou aos homens, mas falou em termos compreensíveis.”, mas existem de fato algumas passagens ou doutrinas que são melhor entendidas, ou somente compreendidas, por meio de uma abordagem mais detalhada do texto.

Por fim, o autor apresenta informações muito pertinentes no que diz respeito as traduções e as chamadas paráfrases das Sagradas Escrituras.

“Há uma nítida diferença entre uma tradução e uma versão. O excesso de versões modernas torna esta discussão necessária. A tradução estrita começa com a língua original e, ao passo que, expressando- se em outro idioma, mantém- se o mais próximo possível do texto no idioma original com suas complexidades gramaticais, de sintaxe e expressões idiomáticas — mesmo ao sacrifício de estilo. Uma versão difere de uma tradução na medida em que ela é uma versão de uma tradução anterior, em uma segunda língua, ela usa a gramática, sintaxe e expressões dessa segunda língua e torna muito maiores as concessões para a suavidade da leitura e da expressão do pensamento. Em suma, uma tradução se detém mais perto da linguagem original, enquanto que uma versão se detém mais de perto da segunda língua.” (DOWNING, 2016)

As lições aprendidas neste paragrafo são muito valiosas, pois um trabalho de tradução, desde que devidamente realizado, é a aplicação das ciências interpretativas anteriormente citadas para a compreensão do significado das palavras, do significado pretendido, e das melhores formas de se empreender aplicações que não façam violência ao texto. Devotar-se de forma demasiada as chamadas versões, que como muito bem coloca o autor, são baseadas em traduções do texto original, pode em alguma medida comprometer o sentido real do texto.

“Muitas “versões” modernas são totalmente inadequadas, uma vez que elas não se baseiam em qualquer texto dado, mas são, na realidade, paráfrases, e algumas realmente mudam o sentido do texto e por isso alteraram o seu ensinamento doutrinário. Não há substituto para um conhecimento e um estudo das línguas originais.” (DOWNING, 2016)

3. Conclusão.

“A bíblia e a sua inspiração divina, um catecismo de doutrina bíblica”, apesar de não expor de forma tão mais detalhada as implicações do aspecto humano da Escritura, certamente pode alcançar bons resultados se devidamente apresentado aos alunos. Infelizmente, com o crescimento dos movimentos “avivados” que têm cada dia representado mais os cristãos protestantes com sua ênfase na subjetividade da fé e pouco ou nenhum interesse no estudo das Escrituras, os catecismos estão cada vez mais associados a igreja romana. Os crentes sequer sabem o que é um catecismo e ignoram o fato de que toda igreja, consciente ou não, possui uma confissão de fé.

O mais importante sobre os símbolos de fé é que eles estão sujeitos as verdades reveladas nas Escrituras Sagradas. As escrituras são o Norte que direciona a mente e vida da igreja, e estudar as escrituras e tudo que provém da fiel interpretação delas é ser fiel a Deus e sua Palavra revelada.

Bibliografia

DOWNING, W. R. A Bíblia e a Sua Inspiração Divina: Um Catecismo de Doutrina Bíblica. 1ª. ed. São Paulo: Estandarte de Cristo, 2016. ISBN 978- 1- 60725- 963- 3.

domingo, 1 de novembro de 2020

O cristão e a política | Pr. Jefferson Andrade

 


Culto de Louvor e Adoração ao Eterno Deus. Sermão Expositivo pregado pelo Rev. Jefferson Andrade em romanos 13.1-7.

Texto Base

1 Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. 2 Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. 3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. 4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. 5 Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. 6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. 7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.

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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Correção do primeiro exercício da quarta regra- 1João 3.9.


Observação: no no final do vídeo eu disse que o proto gnosticismo surgiu na segunda metade do ano 100, mas na verdade o que queria dizer é segunda metade do primeiro século.
Definir o significado da expressão - “Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, [...] ele não pode estar no pecado.”(1 João 3.9) – à luz do propósito do texto em questão, carta e sua relação com o propósito da Escritura.
Resposta:
a) Se opor ao ensino de que por serem cristãos poderiam viver de toda forma, praticando pecado e vivendo uma vida que em nada se harmoniza com a graça de ser justificados em Cristo.
1Jo 3:9  Todo aquele que é nascido de Deus não se dedica à prática do pecado, porquanto a semente de Deus permanece nele e ele não pode continuar no pecado, pois é nascido de Deus. KJA
b) Ele contrasta a vida pecaminosa – com prazer- daqueles que são por natureza “filhos do diabo”, pois não foram justificados pela fé em Jesus e por isso não se parecem com ele nem o reconhecem. Comentário:
“Muitos comentaristas sugerem que o tempo verbal de “pecando” dá a ideia de “viver em” pecado, isto é, pecar como estilo de vida. Só que isso não é o mesmo que viver da forma certa, mas, às vezes, sucumbir à tentação ou ao engano e se arrepender de verdade depois.” (KEENER, p. 838)
1Jo 3:9  Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. JFAA 1Jo 3:9  Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. JFAC
Comentário:
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. [...] Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.” Tiago 1.18,21.

“Alguns estudiosos sugeriram que João adota a imagem da “semente” [...] certos pensadores acreditavam na existência de uma “semente divina” no ser humano [...], ideia que os cristãos podiam usar, de forma adaptada, em referência àqueles que nasceram do Espírito.” (KEENER, p. 838)
“pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.”  1Pedro 1:23.
Conclusão:
Concluímos que João procura defender a fé cristã dos ensinos heréticos de um “proto gnosticismo”.
Combate o dualismo entre a matéria má e o espírito bom. Esse ensino leva a dois erros graves: 1)O espírito está prezo ao corpo, por esse motivo, o corpo deve se destruído para que a alma seja libertada (se comete todo tipo de pecado, pois, segundo eles, o espírito não seria afetado); 2) Alguns vão partir de uma posição ascética, entendendo que tudo é mau e que certas praticas devem levar o corpo a sofrer por meio da abnegação. Colossenses 2.21-23.

Obs: Eles admitiam algum tipo de divindade de Cristo, contudo, não aceitavam que ele de fato havia encarnado, o que nos leva à outro tipo de abordagem gnóstica.
Outra forma gnóstica de heresia que possivelmente está sendo combatida por João é aquela ensinada por Cerinto. Nas palavras de MacArthur: “[...] afirmava que o “espírito” de Cristo desceu sobre Jesus humano no seu batismo, mas o deixou pouco antes de sua crucificação.” João combate esse ensino de forma muito clara em 1 João 5.6.

domingo, 30 de agosto de 2020

Três verdades que você precisa saber sobre a pregação do evangelho.

 





Pregação Expositiva

Cabo de Santo Agostinho, 30/08/2020.

Por: Sandro Francisco do Nascimento.

Texto base: Mateus 28:18-20.

 

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”

 

·         Introdução

Inicio esta exposição fazendo uma citação do livro do renomado autor Norte Americano, Mark W. Baker, “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”. Ele conta que quando estava na faculdade observava um grupo de cristãos que costumava fazer pregações nos pontos mais frequentados do campus. Ele disse que ficava impressionado com “sinceridade” e o poder da “convicção” de um desses cristãos em particular. Depois de ouvi-lo por meses, Mark disse que passou a crer que aquele rapaz, por meio de sua “fervorosa pregação”, deveria ter conseguido a conversão de muitas pessoas. No entanto, para surpresa de Mark, aquele rapaz revelou que não havia conseguido atrair ninguém a Cristo durante todo aquele tempo. Ele disse: “[...] isso não importa. É a nossa missão.”

Aquele rapaz tinha a convicção de que sua postura diante dos resultados de sua pregação não tinha nenhuma importância, desde que, de qualquer forma, ele cumprisse aquilo que em sua mente deveria ser cumprido. “Ordem dada, ordem cumprida”.

Segundo Mark, aquela atitude indiferente do rapaz produziu em muitos de seus ouvintes irritação e antipatia para com o “Deus indiferente” pregado por ele. Sou sincero em dizer para os irmãos que não concordo com todas as afirmações feitas pelo auto com respeito a sua interpretação de Cristo e das Escrituras,  mas nesse caso específico, percebo que muitos de nós que dizemos pregar e que encorajamos outros a fazerem o mesmo, temos agido de forma semelhante por desconhecer qual a natureza da “Missão” e da pregação do evangelho. 

O texto que lemos a alguns instantes nos mostra pelo ao menos três verdades que nós, cooperadores na “Missão”, devemos saber. Por este motivo, convido os irmãos a ler esse texto e o observar na perspectiva do seguinte tema: três verdades que você precisa saber sobre a pregação do evangelho.

 

·         Exposição

“A primeira verdade que precisamos saber sobre a pregação do Evangelho é:”

A.     A pregação do evangelho faz parte da missão de Cristo, Missio Dei (Missão de Deus). ( cf. verso 18)

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” ( cf. verso 18)

                                                      I.            Exposição:

a.      Encontramos aqui a base para a pregação - Tendo cumprido tudo que haveria de cumprir, Jesus tem autoridade legal para ordenar que sua missão (a Missio Dei)(Missão de Deus) prossiga e alcance seus eleitos de todas as nações.  Podemos constatar isso em (cf. Lc 24.44-47)

 

“Texto paralelo”

“Depois lhes disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco: Era necessário que se cumprisse tudo o que estava escrito sobre mim  na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as escrituras, e disse-lhes: Está escrito que o Cristo sofreria, e ao terceiro dia ressuscitaria dentre os mortos; e que em seu nome se pregaria o arrependimento para perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.”

 

b.      Devemos ainda entender o que Jesus quis dizer quando afirmou que toda autoridade lhe foi dada - Hendriksen, em seu comentário, faz distinção entre a autoridade de Cristo antes da ressurreição e após. Diz ele:

 

Antes de seu triunfo sobre a morte, o uso desse dom estava sempre restringido de algum modo”.

 

Ou seja, enquanto Cristo não fosse morto e ressuscitado como previa o cumprimento da lei, ainda faltava vencer um inimigo do povo de Deus, a saber, “a morte”.

 

                                                   II.            Ilustração:

Algo que poderíamos utilizar aqui como ilustração, embora toda ilustração com respeito a obra de Cristo seja simplista diante da dimensão do ato divino, é a imagem de um homem que com muito trabalho, penoso, consegue pagar o penhor de uma propriedade. Após efetuar o pagamento, ele é levado à um cartório e a propriedade é passada para o seu nome. Ele agora é de fato o dono, mesmo que antes ele já utilizasse a propriedade para plantar, por exemplo, mas legalmente, a propriedade lhe pertence quando por meio do total pagamento ele a tem em seu próprio nome.

Após ser declarado legalmente o dono, por meio do pagamento reconhecido em cartório, ele, diante de seus servos, lhes dá a ordem para construir e edificar moradias. “Ele tem autoridade para tal.”

 

                                                 III.            Aplicação:

Como podemos aplicar essa verdade?

·          Com base na autoridade de Cristo, Bradando ao mundo como o apostolo Paulo o fez: “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego.” (Rm 1.16)

 

“A primeira verdade que precisamos saber sobre a pregação do Evangelho é:”

A.     A pregação do evangelho faz parte da missão de Cristo, Missio Dei (Missão de Deus). ( cf. verso 18)

“A segunda verdade que precisamos saber sobre a pregação do Evangelho é:”

B.     Somos convocados a participar da Missão. (cf. verso 19a)

 

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações,”

 

                                                      I.            Exposição:

Somos chamados por Cristo para participar da “Missão” ao menos de duas formas.  

a.      Por meio da pregação .

Literalmente, o “ide”, segundo Hendriksen, pode ser tranquilamente traduzido como “havendo ido”. O imperativo aqui é “fazer discípulos”.

 Voltando ao exemplo de nossa introdução, gostaria de revelar aos irmãos uma impressão que tenho sobre a prática de entregar literaturas. Particularmente, acho que tem pouco efeito, ao menos se negligenciarmos o fato de que estamos lidando com pessoas e que como é parte do indivíduo social humano, somos muito mais receptivos quando envolvidos em relação pessoal e interativa. A ordem de Cristo é muito clara, “havendo ido, fazei discípulos”, isso pressupõe que sigamos em direção aqueles que haverão de ser chamados.

b.      Por meio do ensino.

“[..]batizando-os, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.”

O batismo obviamente é o resultado do chamado eficaz, quando o indivíduo, após ter ouvido a pregação do evangelho, é convertido pelo Espírito Santo e inicia sua caminhada cristã. O que se segue é que como cooperadores da “Missão de Cristo”, temos o dever de acompanhar aqueles que são chamados pela palavra, ensinando-os a andar segundo a sua vocação.

O ensino deve seguir a vida daqueles que são chamados a aliança a fim de que eles obedeçam a todas as coisas que Cristo ordenou. ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”.

 

                                                   II.            Ilustração:

Uma excelente ilustração que podemos utilizar aqui é o compromisso do apostolo Paulo para com as igrejas plantadas por ele, seja de forma direta ou indireta. Em Filipenses, por exemplo, ele trata de forma muito amável aqueles irmãos que receberam o evangelho por meio de sua missão evangelística. Nos versos 3 e 4 do primeiro capítulo, por exemplo, o apostolo expressa seu cuidado para com os filipenses por meio de súplicas e agradecendo a Deus por saber que aqueles irmãos estão prosperando e crescendo na graça.

  

                                                 III.            Aplicação:

Como podemos aplicar essa verdade?

Em primeiro lugar, tornando-nos dispostos a ir. Precisamos sair de nossa zona de conforto, as almas estão sedentas, não fomos chamados para a inatividade.

Em segundo lugar, sendo atenciosos, amáveis, lançando a semente e visitando a terra para garantir que a planta irá prosperar.

 

“A primeira verdade que precisamos saber sobre a pregação do Evangelho é:”

A.     A pregação do evangelho faz parte da missão de Cristo, Missio Dei (Missão de Deus). ( cf. verso 18)

“A segunda verdade que precisamos saber sobre a pregação do Evangelho é:”

B.     Somos convocados a participar da Missão. (cf. verso 19a)

“A terceira verdade que precisamos saber sobre a pregação do Evangelho é:”

C.     Embora a Missão não seja fácil, Cristo garantiu que não estaríamos sozinhos.

“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt 28.20b)

 

                                                      I.            Exposição:

Como Cristo está conosco?

a.      Por meio da presença do Espírito Santo que  nos garante as ferramentas para a missão.

Embora tenhamos a responsabilidade de buscar o conhecimento necessário e os meios para o cumprimento da missão, devemos nos sujeitar ao Santo Espírito, por meio dele é que nossas palavras alcançarão êxito. Podemos constatar essa verdade em Atos 16.6-10, onde o Espírito intervém nos planos do apóstolo o enviando para a Macedônia, local onde o evangelho floresceu e para quem Paulo enviou uma de suas cartas. É por meio do Espírito de Cristo que somos direcionados segundo a vontade de Deus

b.      A presença do Espírito Santo nos garante que os eleitos receberão a palavra para a salvação.

Novamente devemos ter em mente que tanto a conversão, quanto o crescimento,-Filipenses 1.6- são frutos da ação soberana de Deus na pessoa do seu Santo Espírito. embora sejamos o canal para a operação do Espírito no descrente, não devemos pensar que a conversão de “a” mais “b” se deu por causa do nosso próprio intelecto. Podemos facilmente exemplificar essa verdade ao observar os resultados da intervenção do Espírito em Atos 16.

  •       Demônios foram expulsos;
  •          Milagres ocorreram;
  •          Pessoas foram convertidas.

 

                                                   II.            Ilustração:

Para ilustrar essa verdade, vou utilizar a imagem de um jovem que ao completar seus 18 anos, segue para uma junta militar com o fim de alistar-se. Ele passa por todo processo de alistamento e posteriormente, sendo convocado, irá receber todo treinamento necessário para prestar seu serviço a pátria. Ele é um agente passivo, se submete a autoridade para que sendo convocado possa estar preparado, mas por outro lado ele é ativo em fazer-se disponível para o treinamento. Da mesma forma, uma vez convocados por Deus para a missão, somos passivos pois recebemos de Deus tanto a missão quando as ferramentas necessárias para ir até o descrente, mas ao mesmo tempo devemos nos dispor a fazer a vontade de Deus ou caso contrário seremos negligentes para com a nossa vocação.

                                                 III.            Aplicação:

 

Como podemos aplicar essa verdade em nossas vidas?

·         Tendo a consciência que devemos nos submeter ao Espírito de Deus se quisermos ter êxito na evangelização.

·         Sabendo que devemos nos preparar, utilizar as ferramentas que o Senhor nos dá por meio de sua palavra.

·         Mesmo passando por dificuldades por causa do Evangelho, não devemos desanimar, pois aquele que nos chamou para a missão está conosco.

 

 

Conclusão

O que aprendemos por meio desse texto?

Aprendemos que:

  •         A evangelização faz parte da “Missão de Deus”, Ele, por meio da obra de Cristo, tem toda autoridade legal para enviar seus cooperadores a convocar seus eleitos que estão espalhados pelo mundo;
  •          Somos convocados a participar da Missão de Cristo, a evangelização é um imperativo e se não estamos abandonando nossa zona de conforto para cumprir com nosso chamado estamos em desobediência direta e aberta a Cristo;
  •          Que certamente encontramos dificuldades diversas para cumprir a missão, mas que devemos confiar em Deus, pois por meio de seu Espírito veiculado pela palavra pregada as almas são convertidas para a glória de Deus.

 

Que o Senhor aplique sua palavra em nossas vidas!