segunda-feira, 11 de julho de 2016

PREGAÇÃO EXPOSITIVA-Tema: Eleição incondicional.



Autor: Sandro Francisco do Nascimento
Texto Base: Efésios 1:4-11.


Introdução

Em 1618 foi convocado um Sínodo nacional para reunir-se em Dort, a fim de examinar os pontos de vista de Armínio à luz das Escrituras. Essa convocação foi feita pelos Estados Gerais da Holanda para o dia 13 de novembro de 1618. Constou de 84 membros e 18 representantes seculares. Entre esses estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e de outros países da Europa. Durante os sete meses de duração do Sínodo houve 154 sessões para tratar desses artigos. Após um exame minucioso e detalhado de cada ponto, feito pelos maiores teólogos da época, representando a maioria das Igrejas Reformadas da Europa, o Sínodo concluiu que, à luz do ensino claro das Escrituras, esses artigos tinham que ser rejeitados como não bíblicos. Isso foi feito por unanimidade. Não somente isso, mas o Concílio impôs censura eclesiástica aos “remonstrantes”, - depondoos de seus cargos, e a autoridade civil (governo) os baniu do país por cerca de seis anos.
Além de rejeitar os cinco artigos de fé dos arminianos, o Sínodo formulou o ensino bíblico a respeito desse assunto na forma de cinco capítulos que têm sido, desde então, conhecidos como “os cinco pontos do Calvinismo”, pelo fato de Calvino ter sido grande defensor e expositor desse assunto. Embora cause estranheza a muitos essa posição, devido à mudança teológica que as igrejas têm sofrido desde vários séculos, os reformadores eram unânimes em condenar o arminianismo como uma heresia ou quase isso. A salvação era vista como uma obra da graça de Deus, do começo ao fim, sem qualquer contribuição do homem. Essa posição pode ser resumida na seguinte proposição: Deus salva pecadores[1].

Os cinco pontos do calvinismo demonstram de forma sistematizada as verdades reveladas na palavra de Deus sobre a posição do homem diante de Deus. Minha proposta nesta exposição é demonstrar o 2° ponto que é a Eleição incondicional.

Uma breve definição sobre este ponto:

Deus em sua soberana vontade elegeu pecadores, mortos em delitos e pecados, não por qualquer obra prevista, mas somente pelo beneplácito de sua própria vontade.

Para compreendermos corretamente este ponto é necessário que nos lembremos e entendamos corretamente o primeiro ponto: “Depravação total”.

Apesar da expressão “total”, normalmente oque se entende por depravação total é um equivoco por parte de algumas pessoas. Quando falamos em depravação total estamos dizendo que o pecado afetou o homem em toda sua extensão, ou seja, não há uma única parte do homem que não tenha sido tocada pelo pecado. A queda afetou o homem de tal modo que o mesmo é incapaz de por sua própria força se decidir a Deus.

Veja o que o Eterno fala:

E o Senhor sentiu o suave cheiro, e o Senhor disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz. Gn 8:21.

João Calvino escreveu a respeito da mente humana:

A mente humana é como um depósito de idolatria e superstição; de modo que, se o homem confiar na sua própria mente, é certo que ele abandonará a Deus e inventará um ídolo, segundo sua própria razão.

Analisando o texto bíblico não é difícil chegar à conclusão de Calvino. A partir do pecado todo homem passou a ser inimigo de Deus.

 Paulo diz:

Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. Rm 3:10-12.

Esta é a posição que se encontra todo homem a não ser que Deus o cure de sua seguira. Um fato que se deve ter atenção é que o homem não é somente sujo, mas também está morto.
No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. Rm 5:14.

Visto a real posição do homem diante de Deus, isso nos leva a seguinte pergunta: Há no homem algo que o faça merecer o favor de Deus? A resposta é clara e sonora: NÃO!

Baseado nesta verdade o calvinismo defende que pela palavra de Deus é evidente que o homem não pode fazer nada para merecer o favor de Deus. Sua posição de rebelião total contra Deus o fez perder a comunhão que desfrutava com o Soberano Deus.

Sendo, pois o homem incapaz de buscar sua salvação, estando cego, surdo e obstinado pelo erro, precisa da obra Soberana de Deus para que possa desfrutar da salvação.
Por este motivo as escrituras demonstram que Deus em sua soberania elegeu pecadores para salvar demonstrando assim seu amor.

Esta eleição não se baseia na fé prevista.

O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento de Deus esta baseado no seu propósito ou no seu próprio plano. Resulta da livre vontade do criador (Deus) e independe do ser humano, o qual está espiritualmente morto.

Irei expor agora o texto sagrado que se encontra na carta de Paulo aos Efésios 1:4-11.

Creio termos neste texto evidencias da eleição incondicional.

Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado. Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas às coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos. Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade,


Ø  Nos elegeu Nele: Deus nos elegeu não baseado nas nossas obras, mas unicamente representados pelas obras de Cristo. Isto pode ser reafirmado no Cap. 2:8-10.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

Ø  O tempo em que houve esta eleição é exposto como: “Antes da fundação do mundo”. A palavra aqui traduzida por “mundo” é bem mais abrangente, é a mesma palavra usada em João 3:16. Nos dois textos a palavra grega usada é ko,smoj, que é melhor traduzida como universo, toda a criação. Paulo esta dizendo que a eleição ocorreu em um momento fora da história onde só a Majestade Divina esta presente. Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo sendo um, elegeu pecadores para a salvação antes que o tempo existisse.

                      Assim, os céus, a terra, e todo o seu exército foram acabados.
                                                                                                                               Gn 2:1.

O primeiro ponto a ser entendido é que Deus escolheu seus eleitos antes da fundação do mundo.  Certamente este tempo que se faz presente no texto como antes da fundação do mundo é um lugar no tempo que não podemos demarcar, sendo Deus Eterno e não sujeito as questões temporais sua decisão em escolher seus eleitos não estão sujeitas a qualquer ação externa que o tenha influenciado em sua escolha. Podemos ver esta mesma expressão em Apocalipse 17:8.

 A besta que você viu, era e já não é. Ela está para subir do abismo e caminha para a perdição. Os habitantes da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do mundo, ficarão admirados quando virem a besta, porque ela era, agora não é, e entretanto virá.

Apocalipse 17:8


Ø  O motivo desta eleição é colocado não como visto no homem por Deus, mas um propósito de Deus para o homem. Deus nos elegeu não por sermos santos, mas “para sermos santos e irrepreensíveis”. Esta afirmação de Paulo mostra claramente que Deus não foi influenciado por qualquer obra vinda do homem.

Ø  O que determinou então a decisão de Deus? Isso fica claro nas palavras de Paulo nos demais versículos:

“segundo a boa determinação de sua vontade”
“Gratuitamente no Amado”
“O mistério da sua vontade”
“Predestinados conforme o propósito Daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade”


Ø  Para que Deus elegeu pecadores?

“Para o louvor da sua Glória”.
Esta expressão ocorre quatro vezes no 1° capitulo. Isto demonstra qual a centralidade da mensagem, Paulo firma aqui a base da eleição como sendo para a glória de Deus.


Condicional ou incondicional?

O texto já citado, de Efésios 1, responde essa pergunta de modo suficientemente claro. Paulo não declara nesse capítulo que Deus escolheu os seus eleitos antes da fundação do mundo porque fossem santos ou fiéis, e sim para serem santos e fiéis. A seguir, ele é ainda mais explicito ao afirmar que os predestinou em “em amor” (a motivação da predestinação), “segundo o beneplácito da sua vontade”. Como se não fosse suficiente, o apostolo afirma ainda, no verso 11, que os crentes foram “predestinados segundo o conselho daquele que faz todas as cousas conforme o conselho da sua vontade”.

Quem escolhe?

Em toda a escritura podemos ver claramente que Deus escolhe aqueles a quem deseja salvar.

Não foste vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça.
João 15:16.[2]

Em Romanos 8:28, Paulo demonstra que aqueles que Deus chamou segundo seu proposito, esses é que amam a Deus. Não são chamados por amarem a Deus, mas amam a Deus por terem sido chamados.

Quem vem a Cristo?

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de maneira nenhuma o  lançarei fora... E a vontade daquele que me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressussitarei no úçtimo dia (Jo 6:37-39). Ninguem poderá  vir a mim, se pelo pai não lhe for concedido (Jo 6:65). Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi (Jo 13:18).


Aplicação

·         Somos carentes da graça de Deus.
·         Não somos merecedores do favor de Deus.
·         Todos os homens longe da graça se encontram mortos em delitos e pecados, escravos do pecado e do diabo, inimigos de Deus, amantes da imundícia do mundo e condenados ao fogo eterno.
·         Deus elegeu pecadores.
·         Deus elegeu pelo propósito da sua vontade.
·         Nos fez justificados em Cristo Jesus.
·         Nos elegeu para as boas obras, para sermos santos e irrepreensíveis Nele (Cristo) em amor.
·         Sua escolha foi efetuada na eternidade.
·         O motivo principal dessa sua misericórdia é o louvor da sua Glória.
·         Por este motivo devemos ser gratos pelo seu imenso amor e cumprir todo seu querer, sendo submissos a sua majestade.













Que o Senhor aplique sua palavra em nossas vidas.



[1] (Tradução livre e adaptada do livro The Five Points of Calvinism - Defined, Defended,
Documented, de David N. Steele e Curtis C. Thomas, Partes I e II, [Presbyterian &
Reformed Publishing Co, Phillipsburg, NJ, USA.], feita por João Alves dos Santos)
[2] Calvinismo, As Antigas Doutrinas da Graça (Paulo Anglada).

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