sábado, 7 de novembro de 2020

Hermenêutica Básica


 


 

Primeira Regra da hermenêutica – É preciso, o quanto seja possível, tomar as palavras em seu sentido usual e comum.

Porém, tenha-se sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum não equivale sempre ao sentido literal.

Vejamos alguns exemplos:

 Gênesis  6.12 Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo “ser” vivente havia corrompido o seu caminho na terra.” (JFAA) -  E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda “carne” havia corrompido o seu caminho sobre a terra.”(JFAC); a palavra “carne” (no sentido usual e comum significa pessoa)
A palavra “carne”  (no sentido literal significa tecido muscular).

Leitura complementar:

“Em Gêneses 6.12 [...] Tomando aqui as palavras “carne e caminho” em sentido literal, o texto perde o significado por completo. Contudo, tomando em seu sentido comum, usando-se como figuras, ou seja, carne no sentido de pessoa e caminho no sentido de costumes, modo de proceder ou religião, o texto já não tem só significado, mas um significado terminante, conclusivo, dizendo-nos que toda pessoa havia corrompido seus costumes.” (p.39-40) (E e P.C, 2007)

 

Segunda regra da hermenêutica: “É de todo necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase”.

Em outras palavras, a segunda regra da hermenêutica atenta para o fato de que as palavras devem significar aquilo que o sentido do texto aponta, ou seja, seu significado está ligado ao sentido contextual da frase como um todo.

“Existem na linguagem bíblica, assim como em qualquer outra, palavras que variam muito em seu significado, conforme o sentido da frase ou o argumento apresentado. Por isso, é importante averiguar e determinar sempre qual o pensamento especial que o autor se propõe a expressar, e desse modo, fazendo desse pensamento uma diretriz, será possível determinar o sentido positivo do termo complexo.” (E e P.C, 2007)

Um exemplo vulgar que podemos utilizar é a seguinte frase: “Comprei pão e fiz o café. Por favor, frite os ovos!” Uma leitura natural dessa frase, levando em consideração a intenção expressa pelo contexto, torna impossível que qualquer pessoa confunda os ovos a serem fritos com ovos de chocolate, isso porque o contexto claro da frase exclui tal possibilidade.

 

Vejamos alguns exemplos:

·         O primeiro exemplo que vamos tomar é o uso da palavra fé. A palavra fé é comumente identificada com o sentido de confiança, contudo, esse não seja seu único significado nas Escrituras. Em Gálatas 1.23 - “ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir.” – podemos compreender que a palavra fé aqui é utilizada com o sentido de crença, “o evangelho”. Em Romanos 14.23 – “Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo que não provém de fé é pecado.” – a mesma palavra é utilizada com o sentido “certeza”, “convicção”.

·         O segundo exemplo é o uso das palavras salvação e salvar. Seus usos mais frequentes são relacionados ao sentido de libertação do pecado e de suas consequências. No entanto, em Atos 7.25 – Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria “salvar” (grifo meu) por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam.” – a palavra salvar diz respeito a libertação temporal dos hebreus, pois eram escravos no Egito. Em Romanos 13.11 – E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos.” – a palavra salvação diz respeito a volta de Cristo. Em Hebreus 2.3 – como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;”“salvação” se refere a “toda revelação do Evangelho”.

·         O terceiro exemplo que vamos utilizar é a palavra “graça”. Seu significado mais comum ou conhecido é “favor”. Contudo, ela pode ter outros significados. Em Efésios 2.8 - Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;”“a palavra “graça” significa a pura misericórdia  e bondade de Deus manifestadas aos crentes  sem mérito nenhum da parte deles” (E. Lund, P.C. Nelson, 2006. P. 45.), ou seja, não só um favor, mas um “favor imerecido”. Em Atos 14.3 - “Entretanto, demoraram-se ali muito tempo, falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que, por mão deles, se fizessem

 

 

sinais e prodígios.” – a palavra graça significa a pregação do evangelho. Em 1Pedro 1.13 – Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.” – a palavra “graça” equivale à bem-aventurança que ele, Cristo,  trará na sua vinda.

 

Leitura complementar:

Sangue: Falando de crucificar a Cristo, disseram os judeus: "Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos filhos!" (Mat. 27:25). Guiados por nossa regra vimos que sangue, aqui, ocorre no sentido de culpa e suas consequências, por matar um inocente. "Temos a redenção, pelo seu sangue" (Ef. 1:7); "Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira" (Rom. 5:9). O conjunto das frases torna evidente que a palavra sangue equivale à morte expiatória de Cristo na cruz. (E e P.C, 2007)

Exercício:

·         Definir os significados da palavra carne nos textos:

a.       Ezequiel 36.26;

b.      Efésios 2.3;

c.       1Timóteo 3.16;

d.      Gálatas 3.3

·         Respostas:

a.       Uma disposição terna e doce, ou seja, um coração que seja receptivo aos mandamentos de Deus que os queira amar e cumprir;

b.      Os desejos sensuais, desejos pecaminosos, frutos de nossa natureza caída;

c.       Refere-se a forma ou natureza humana. Cristo de fato assumiu forma de homem;

d.      Justificação pelas obras, dizendo respeito as cerimônias judaicas.

 

Terceira regra da hermenêutica: “É preciso tomar as palavras no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que antecedem e precedem o texto que se estuda”.

Obviamente, há momentos em que a leitura de uma frase ou verso somente não é suficiente para o entendimento adequado do sentido do texto. Por este motivo, quando não conseguimos entender o significado das palavras em uma leitura considerando o contexto da frase, é necessário que procuremos contextualizar tais palavras em seu contexto mais amplo, a saber as frases que a antecedem e precedem (que vem antes e depois). “É no contexto que achamos expressões, versículos ou exemplos capazes de nos esclarecer e definir o significado da palavra obscura.” (E e P.C, 2007)

Vejamos alguns exemplos:

·         Em efésios 3.4, encontramos a seguinte afirmação do apostolo Paulo: “Ao lerem isso vocês poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo”. Qual o significado da palavra mistério nesse texto? Ao ler os versos anteriores e posteriores ao 4 descobrimos que ele está falando sobre a inserção dos gentios no plano salvífico de Deus desde a eternidade. (cf. 2.11-3.6)

·         Em Gálatas 4.3, o apóstolo diz: “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão, debaixo dos rudimentos do mundo”. Qual o significado da palavra “rudimentos”? Ao examinarmos os versos de 9-11, percebemos que os rudimentos aos quais o apóstolo se refere são a prática dos costumes judaicos. Nesta carta, Paulo procura orientar aos irmãos da Galácia que não sejam conduzidos pelos legalistas judaizantes, grupo que queria impor aos irmãos as práticas da antiga aliança. O argumento principal que Paulo utiliza é o fato de ser Cristo o ápice da revelação divina (cf. 4.4). O fato daqueles irmãos quererem retroceder às práticas judaicas é algo tão grave para Paulo que ele diz que essa atitude constitui em pregar e viver um outro evangelho, não o de Cristo (cf.  1.6-10).

Algumas vezes, uma palavra obscura só poderá ter seu significado revelado quando encontramos seu antônimo ou sinônimos. A palavra “aliança” encontrada em Gálatas 3.17, por exemplo, tem seu significado explicado no final do versículo pela palavra “promessa”. Ou seja, Paulo afirma que a lei promulgada no Sinai, quatrocentos e trinta anos após a promessa feita a Abrão, não anula a “aliança” antes estabelecida. (cf. 3.13-18)

Leitura complementar:

Às vezes, uma palavra que expressa uma ideia geral e absoluta, deve ser tomada num sentido restritivo, segundo determine alguma circunstância especial do contexto, ou melhor, o conjunto das declarações das Escrituras em assuntos de doutrina. Quando Davi por exemplo, exclama: "Julga-me, Senhor, segundo a minha retidão, e segundo a integridade que há em mim", o contexto nos faz compreender que Davi só proclama sua retidão e integridade em oposição às calúnias que Cuxe, o benjamita, levantara contra ele (Sal. 7:8). Tratando-se do administrador infiel temos indicada sua conduta como digna de imitação; porém, pelo contexto vemos limitado o exemplo à prudência do administrador, com exclusão total de seu procedimento desonesto (Luc. 16:1-13). Falando Jesus do cego de nascimento, disse: "Nem ele pecou, nem seus pais", com o que de nenhum modo afirma Jesus que não houvessem pecado; pois existe no contexto uma circunstância que limita o sentido da frase a que não haviam pecado para que sofresse de cegueira como consequência, segundo erroneamente pensavam os discípulos. (Jo. 9:3). (E e P.C, 2007)

Exercício:

·         Definir os significados dos termos, “batizados no Espírito Santo e no fogo”, e, o significado da palavra “fruto”.

a.       Mateus 3.11;

b.      Mateus 3.10.

·         Respostas:

a.       Em Mateus 3.11, considerando o contexto dos versos (10-12), o batismo com o Espírito é a reunião do seu povo por meio da obra regeneradora do Espírito Santo, enquanto que o batismo com ou no fogo, diz respeito ao destino eterno daqueles que não fazem parte da igreja e que não serão regenerados e salvos pela obra do Espírito Santo.

b.      Em Mateus 3.10, a palavra fruto diz respeito as obras dignas de uma genuína conversão e consequentemente um verdadeiro arrependimento. João se dirige, na ocasião, a dois grupos de “hipócritas”, “fariseus e Saduceus”, que iam até ele simplesmente para serem vistos pelos homens, mas que não produziam em suas vidas nenhum fruto de um verdadeiro arrependimento. (cf. 7-10)

 

Quarta regra da hermenêutica: “É preciso tomar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.”

Em alguns casos a observação do contexto da frase ou mais amplo, versos anteriores e posteriores, não é suficiente para se concluir o significado de determinadas expressões no texto Bíblico. Nesses casos, devemos recorrer a seguinte pergunta: “o que o autor pretendeu tratar ao escrever isto?” Ou seja, há alguma circunstância ou conjunto de circunstâncias que motivaram a escrita de determinado documento? Podemos considerar a pergunta em três perspectivas: 1) Qual a finalidade do livro? 2) Qual a finalidade dessa passagem? 3) Qual a finalidade desse texto dentro do Canon?

Normalmente, para se chegar a todas essas respostas devemos nos exercitar na leitura mais atenciosa e repetitiva do texto. Essa leitura irá fazer com que o intérprete perceba determinadas ênfases, ou mesmo declarações claras sobre o propósito pretendido pelo autor. Embora seja uma tarefa que demanda muito trabalho, essas perguntas podem ser facilmente respondidas com o auxílio de materiais de estudos que proporcionam ao intérprete ou estudante da Bíblia acesso ao conhecimento reunido por diversos eruditos no assunto. Alguns exemplos:

 

·         Bíblias de estudo;

·         Comentários bíblicos;

·         Enciclopédias bíblicas;

·         Softwares de estudos bíblicos...

 

Vejamos alguns exemplos:

·         Romanos 15.4, Porque tudo o que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar, a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão.” Nesse texto, assim como em 2Timóteo 3.16-17, 16 Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.17 E isso para que o * servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações. – a intenção da Escritura é claramente exposta.

·         Em Mateus 19.16-17 (Lucas 18.18), a resposta dada por Jesus ao jovem rico “parece” sugerir um ensino de justificação pelas obras da Lei. Contudo, ao observar atentamente o desígnio de Cristo, constatamos que sua intenção foi na verdade confrontá-lo pela própria perspectiva de justiça própria, aquele jovem possuía um ídolo em seu coração que ocupava um espaço que deveria ser só de Deus, ele era um idólatra, não amava a Deus o suficiente para se desfazer de suas riquezas. Isso fica muito claro nos versos 23-26, ocasião onde Jesus despreza a crença de que as riquezas constituíam um sinal de posição elevada diante de Deus. Os discípulos ficaram “atemorizados” com a alegação de Cristo, então ele responde: Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus, tudo é possível.  Mateus 19.26, deixando claro que a salvação não depende do esforço humano ou de qualquer senso de justiça própria que possa possuir.

·         Outro exemplo, que tem gerado não pouca controvérsia e equívocos, é a aparente contradição entre Paulo e Tiago, meio irmão de nosso Senhor. Ao ponto que Paulo parece desprezar totalmente a Lei e as obras, Tiago parece enfatizar e ensinar a justificação pelas obras da Lei.  Assim percebemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a lei manda.”Romanos 3.28; “Assim, vocês vêem que a pessoa é aceita por Deus por meio das suas ações e não somente pela fé.”Tiago 2.24.


Leitura complementar:

“É importante notar que as aparentes contradições desaparecem se levamos em consideração o desígnio. Quando Paulo diz que o homem é justificado  declarado sem culpa) pela fé sem obras, enquanto Tiago afirma que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé, a aparente contradição desaparece a partir do momento em que consideramos o desígnio diferente das cartas de um e de outro (v. Rm 3.28; Tg 2.24). Paulo combate e refuta o erro dos que confiavam nas obras da lei mosaica como meio da justificação e rechaçavam a fé em Cristo. Já Tiago combate o erro de alguns desordenados que se contentavam com uma fé imaginária, descuidando das boas obras e se opondo a elas. Por isso, Paulo trata da justificação pessoal diante de Deus, enquanto Tiago se ocupa da justificação pelas obras diante dos homens." (E e P.C, 2007)

 

Exercício:

·         Definir o significado da expressão - “Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, [...] ele não pode estar no pecado.”(1 João 3.9) – à luz do propósito do texto em questão, carta e sua relação com o propósito da Escritura.



·         Resposta:

a)      Se opor ao ensino de que por serem cristãos poderiam viver de toda forma, praticando pecado e vivendo uma vida que em nada se harmoniza com a graça de ser justificados em Cristo.

b)      Ele contrasta a vida pecaminosa – com prazer- daqueles que são por natureza “filhos do diabo”, pois não foram justificados pela fé em Jesus e por isso não se parecem com ele nem o reconhecem.

·         Qual o desígnio ou propósito dos seguintes livros da Bíblia?

a)      Provérbios;

b)     Gálatas;

c)      Tito;

d)     Filemom.

 

Quinta regra da hermenêutica: É necessário consultar as passagens paralelas, "explicando cousas espirituais pelas espirituais". (I Cor. 2.13)

As passagens paralelas são aquelas que fazem referência uma à outra, que possuam relação entre si ou que tratem do mesmo assunto. Os paralelos podem ser divididos em três tipos:

1.      Paralelos de palavras: usado quando o conjunto da frase e o contexto não são suficientes para explicar determinada palavra. Em Gálatas 6.17 Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as “marcas” de Jesus”, por exemplo, é elucidado quando comparamos com os textos paralelos em 2Coríntios 4.10 levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.”, e, em 2Coríntios 11.23-25São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São da descendência de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar”. As marcas dizem respeito aos suplícios sofridos por ao evangelho de Cristo.

“Tais suplícios eram tão cruéis que, se não deixavam o paciente morto, causavam marcas que permaneciam no corpo por toda vida. [...]as marcas no corpo de Paulo não eram chagas ou sinais da cruz milagrosa ou artificialmente produzidas, como julgam alguns, porém marcas ou sinais dos suplícios sofridos pelo Evangelho de Cristo.” (E e P.C, 2007)

2.      Paralelos de ideias: Para conseguir ideia completa e exata do que ensina determinado texto, talvez obscuro ou discutível, consulta-se não somente as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias. Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16) Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4, a ideia paralela: "E, chegando-vos para ele, (Jesus) pedra viva [...]" entenderemos que a pedra é Cristo.

3.      Paralelos de ensinos gerais: Para a correta interpretação de determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e de ideias, é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as obras da lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na Bíblia toda.

Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes presente. Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser interpretados à luz dos ensinos gerais das Escrituras.

 

terça-feira, 3 de novembro de 2020

INTRODUÇÃO ÀS ANTIGAS DOUTRINAS DA GRAÇA



INTRODUÇÃO

Dá-se o nome de As Antigas Doutrinas da Graça, aquelas doutrinas bíblicas defendidas durante a história bíblica e história da igreja, por diversos crentes que lutaram para manter intactos os ensinos bíblicos com respeito a doutrina da Eleição e Salvação Eterna.

Charles H. Spurgeon, grande pregador do evangelho, pastor Batista que viveu no século 19, falando sobre as Doutrinas da Graça, disse:

“Minha opinião pessoal é que não há pregação de Cristo e este Crucificado, a menos que se pregue aquilo que atualmente se chama calvinismo[...]”. (ANGLADA, 2009)

Já em sua época, Spurgeon experimentava uma aversão as doutrinas da graça, contudo, ele não concebia uma pregação que fosse fiel ao espírito do evangelho que não considerasse as doutrinas bíblicas que Calvino e tantos outros antes dele pregaram e defenderam. Por esse motivo, iremos partir do ponto de origem dessas doutrinas, a Sagrada Escritura. Por meio desse breve estudo iremos caminhar pelas vias da história até chegarmos ao momento em que essas doutrinas foram sistematizadas.

AS DOUTRINAS DA GRAÇA E AS ESCRITURAS

A história bíblica da redenção aponta para a ideia, que, Deus, durante a história, sempre agiu de forma eletiva com o homem. Essa eleição sempre ocorreu não com vista a uma retribuição divina as boas atitudes daqueles que foram alvo de sua eleição, mas contrariando essa perspectiva, Deus escolheu entre os homens aqueles que estavam perdidos.

No texto escrito por Paulo aos romanos, o apóstolo apresenta-nos em seus três primeiros capítulos a situação em que o homem caiu por ocasião da queda de nosso primeiro pai, Adão. Nesses capítulos Paulo encerra toda a humanidade debaixo do pecado e consequentemente alvos da ira de Deus. Por meio de sua argumentação, Paulo pretende demonstrar que não há diferença entre aqueles que são de Israel ou não, todos sem exceção necessitam da misericórdia de Deus e não possuem em si mesmos nada que os faça merecer a bondade Divina.

Rm 2:1  Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. 2  E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. 3  E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?

Rm 3:9  Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, 10  como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11  Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. 12  Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.[1] 

Ambos os textos, acima citados, demonstram aquilo que o Apóstolo entendia, pelo Espírito Santo, sobre qual era a situação da humanidade diante de um Deus Santo. Esse entendimento Paulino com respeito a condição humana permeia praticamente todos os seus escritos, em Efésios, por exemplo, nos capítulos 1 e 2, ele trata claramente tanto da doutrina da eleição, quanto elucida o motivo pelo qual os homens não podem por suas próprias forças se achegarem a Deus.[2][3]

Obviamente muitos outros textos poderiam ser citados, não só paulinos, contudo, por se tratar de uma introdução, não pretendo estender o assunto uma vez que cada ponto ficará devidamente estabelecido durante a abordagem individual de cada tópico dos chamados cinco pontos do calvinismo. Basta saber nesse momento que as escrituras demonstram de forma abundante que a queda corrompeu de tal maneira o ser humano que ele é incapaz de buscar a Deus por suas próprias habilidades, que o homem natural é escravo do pecado e está constantemente sob a ira Divina.

AS DOUTRINAS DA GRAÇA E AGOSTINHO[4].

Santo Agostinho de Hipona, como é popularmente conhecido, era originário do Norte da África. Converteu-se em Milão e logo se tornou Bispo de Hipona. Combateu diversas heresias em seu tempo, entre elas: o maniqueísmo, o donatismo e o pelagianismo. Vamos discutir em particular seu debate com respeito as ideias heréticas de Pelágio.

A controvérsia girou mais especificamente sobre qual o estado do homem após a queda. Pelágio[5] defendia que apesar da queda, o homem não havia sido corrompido totalmente pelo pecado e que este poderia, sem o auxílio Divino, responder positivamente a graça de Deus (livre arbítrio). Agostinho, por outro lado, defendeu que o homem, após a queda, tornou-se totalmente depravado, não podendo por suas próprias habilidades voltar-se para Deus e sua Graça.

RESULTADO

O Pelagianismo foi condenado oficialmente pela Igreja antiga nos concílios de Cartago (418 d.C.), de Éfeso (431 d.C.) e finalmente no Concílio de Orange II (529 d.C.). (MAIA)

O SÍNODO DE DORT

Dort ou Dordrecht é uma cidade da Holanda, que fica nas proximidades de Roterdã. Na época, Dort era uma das principais  cidades, a província mais poderosa da República. (DORT, 2016)

A palavra “sínodo” significa, na estrutura da Igreja Reformada, uma assembleia de pastores e presbíteros, representantes das igrejas locais. Existem sínodos provinciais ou regionais, e sínodos nacionais. (DORT, 2016)

ORIGEM DO NOME “ARMINIANOS”

O nome arminianos deriva do nome de um teólogo holandês que era pastor da igreja reformada em Amsterdã e foi nomeado, em 1603, professor de teologia na Universidade  de Leiden, a mais antiga e mais famosa da Holanda, Jacobus Arminius, ou em português, Armínio. Um ano depois, Armínio apresentou uma tese sobre a doutrina da predestinação, onde afirmava que a eleição não era baseada no Eterno Decreto de Deus, mas na presciência  Divina. Sua tese foi contestada por um teólogo chamado Francisco Gomarus, Gomaro. Neste mesmo ano, Gomaro, apresentou uma tese onde reafirmou o posicionamento já antes estabelecido e aceito sobre a doutrina da predestinação. Em sua tese, ele reafirmou que Deus elege pecadores, com base em seu Eterno propósito, sem prever neles qualquer boa obra que os faça merecer sua graça Salvadora e que os demais são deixados em seu estado natural de queda para que recebam a pena devida exigida pela justiça divina.

OS REMOSNTRANTES

Após a morte de Armínio, seus alunos colheram anotações de sala de aula e formularam seus posicionamentos com base na tese defendida por seu mestre. Eles pediram que fossem considerados seus posicionamentos e que, a doutrina da salvação, com base nos seus escritos, fosse revista e alterada. Por esse motivo o Sínodo foi convocado para tratar da questão, o que ocasionou a resposta por parte daqueles que defendiam a doutrina da salvação com base no Eterno decreto de Deus.

Composição do sínodo:

·         39 pastores;

·         19 presbíteros;

·         19 comissários políticos- havia na época uma relação estreita entre a igreja e estado;

·         Representantes das universidades e seminários regionais;

·         Foram convidados também representantes das igrejas reformadas estrangeiras.

O sínodo teve início no dia 13 de novembro de 1618, sob a presidência do pastor da Frísia, Johannes Bogerman, que tinha como seu secretario particular o pastor inglês, puritano, Guilelmus Amesius. (DORT, 2016)

DECISÕES TOMADAS NO SÍNODO

No livreto publicado pela editora Cultura cristã, “Os Cânones de Dort”, nos é  apresentado uma informação muito interessante sobre a posição dos arminianos no decorrer do Sínodo.

“Nas primeiras sessões,  o Sínodo discutiu a agenda e decidiu chamar treze dos teólogos arminianos mais importantes para defender sua doutrina. Episcopius, professor da Faculdade de Teologia em Leiden e sucessor de Armínio, e doze pastores compareceram em dezembro de 1618. Para eles, o Sínodo não passava de uma conferência e eles lhe negavam competência para agir como tribunal em questões de doutrina. Eles não queriam ser tratados como réus. A tática do grupo arminiano era obstruir as reuniões do Sínodo com debates formais. O Sínodo queria discutir os artigos da Remonstrância, mas o grupo arminiano se recusava a expor claramente sua posição doutrinária. Após quatro semanas de debates inúteis, o presidente do Sínodo dispensou o grupo dos arminianos. Com isso, o Sínodo passou a julgar a doutrina arminiana com base em seus escritos. Os cinco artigos dos arminianos foram discutidos e uma comissão preparou o texto dos cânones ou regras de doutrina em que se condenava a doutrina arminiana e se expunha a doutrina reformada.” (DORT, 2016)

Por algum motivo, parece que os arminianos, ou não estavam seguros de sua posição, ou tentaram utilizar alguma tática para atrapalhar a condução do Sínodo. Contudo, no dia 6 de maio de 1619, sendo aceitos por todos os delegados, os Cânones de Dort foram solenemente promulgados.

Ao longo dos anos, a estudada resposta do Sínodo de Dort às “heresias” arminianas tem sido apresentada na forma de um acróstico formado pela palavra Tulip: (SPENCER, 2000)

T

Total depravity

Depravação total

U

Unconditional election

Eleição incondicional

L

Limited atenement

Expiação limitada

I

Irresistible grace

Graça irresistível

P

Perseverance of the saints

Perseverança dos santos

 

CONCLUSÃO

Nossa intenção foi de apresentar um breve histórico de como foram formadas e estabelecidas as doutrinas da graça. Uma abordagem minuciosa será apresentada na exposição individual de cada um dos cinco pontos. Contudo, é de extrema importância que o aluno detenha esse conhecimento introdutório para que tenha em mente o contexto que define o espírito da época, isso o fará entender o porquê certas decisões tomaram seus rumos atuais.

Bibliografia

ANGLADA, P. R. B. Calvinismo: As Antigas Doutrinas da Graça. 3ª. ed. Belém: Knox Publicações, v. 0, 2009.

DORT, O. C. D. Os Cânones de Dort. 3ª. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016.

MAIA, C. R. http://misscristianerodrigues.blogspot.com/. misscristianerodrigues. Disponivel em: <http://misscristianerodrigues.blogspot.com/2011/02/controversia-de-agostinho-e-pelagio.html>.

SPENCER, D. E. TULIP: Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras. 2ª. ed. São Paulo: PARAKLETOS, 2000.

 



[1] Sl 14:2  O SENHOR olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. 3  Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um. Paulo cita o Salmo 14-2.3.

[2] Ef 1:3  Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4  como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, 5  e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6  para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. 7  Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, 8  que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência, 9  descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10  de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11  nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, 12  com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo; 13  em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; 14  o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória. 

[3] Ef 2:1  E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, 2  em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; 3  entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. 4  Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5  estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 6  e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; 7  para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. 8  Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. 9  Não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10  Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. 

 

Agostinho nasceu em 13 de novembro de 354 d.C., em Tagasta, na África (hoje Argélia) e faleceu em 28 de agosto de 430 em Hipona. Foi um dos maiores pensadores da Igreja. Era filho de Patrício, homem de recursos, pagão, mas que se converteu nos últimos anos de sua vida e sua mãe Mônica, cristã que sempre dedicou a vida à sua formação, conversão e esperanças (ao filho), embora Agostinho tenha vivido dissolutamente e desregradamente até os 32 anos, quando ocorreu sua conversão. (MAIA)

[5]Pelágio um monge britânico, nasceu por volta do ano 350 e muitos de seus escritos são conhecidos através das citações e alusões feitas em livros que se opõem a ele e o condenam, sua vida é cheia de mistérios assim como tantos outros hereges do cristianismo primitivo. Chegou em Roma, por volta do ano 400 ou 405 e viajou para a África do Norte, onde poderia ter conhecido Agostinho. (MAIA)

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

SÉRIE SOBRE O TEMA “A VIDA CRISTÃ NO LAR”, BASEADA NO LIVRO DO REV. JAY E. ADAMS.



APRESENTAÇÃO

Graça e paz!

Me chamo Sandro, sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, na Cidade do Cabo de Santo Agostinho – Pe. Tenho servido a Deus como presbítero na referida igreja e labutado também na área teológica. Estou me formando no curso de Bacharelado em Teologia pela Universidade Estácio de Sá, e, também, em Bacharel livre pela FATERGE – Faculdade de Teologia Reformada Genebra. Além desses dois Bacharelados, possuo também cursos específicos pelas instituições: Instituto Reformado de São Paulo; Escola Teológica Charles Spurgeon; Instituto Kuyper; Instituição Curso Fiel de Liderança; entre outros.

Este post é o primeiro de uma série que irei postar sobre o tema “A Vida Cristã no Lar”, baseado no livro de mesmo nome e escrito pelo Rev. Jay Adams.

SOBRE O AUTOR

Jay Edward Adams (30 de janeiro de 1929 (idade 91 anos)

“Pastor aposentado foi também Diretor de Estudos Avançados e Professor de Teologia Prática no Westminster Theological Seminary (EUA). Escreveu mais de 50 livros sobre ministério pastoral, pregação, aconselhamento, estudo bíblico, e vida cristã.” (SHEDDPUBLICACOES)

INTRODUÇÃO

Logo no prefácio do livro o autor deixa muito evidente qual o seu propósito ao  escrevê-lo, diz ele:

“Este livro tem o objetivo de cumprir dois propósitos fundamentais [...] No lar [...] avaliar, comentar e aperfeiçoar vários aspectos do lar cristão. Creio que ele indicará o caminho das soluções que Deus tem para os problemas familiares. [...] como auxílio para conselheiros cristãos. Pode ser usado no aconselhamento de cônjuges, pais e filhos ou membros da família [...].” (ADAMS, 2011)

 

CAPÍTULO I – UM LAR CENTRADO EM CRISTO

No início do primeiro capítulo, o Rev. Jay Adams nos desafia com uma pergunta retórica: “É possível ter um lar centralizado em Cristo no mundo atual de problemas e pecado?” Sua pergunta parte do pressuposto de que seus leitores são crentes e que entendem a gravidade do seu questionamento. A reposta obvia que a maioria sincera dos crentes chegaria, ou deveria chegar, é que seus lares estão aquém  daquilo que se pensa sobre um lar cristão e que certamente algo deve ser feito para mudar essa situação. Esta pergunta nos leva automaticamente a questionar: como deve ser um lar cristão? Na mente da maioria das pessoas, inclusive eu, um lar cristão deveria ser definido como: um lugar onde há continua harmonia, paz, silencio, tranquilidade e alegria (parafraseando o livro). Ao contrário disso, o autor nos afirma  que não devemos esperar esse grau de perfeição, mesmo se tratando de em um lar cristão. O motivo é muito simples e teologicamente plausível, um lar cristão é composto por pecadores arrependidos e justificados, mas ainda assim são pecadores. Ou seja, a ideia de que um lar cristão é perfeito não procede da Bíblia.

“o primeiro e mais importante fato a recordar sobre um verdadeiro lar cristão é que ali vivem pecadores.” (ADAMS, 2011)

Por mais difícil que seja aceitar essa verdade, nossos lares não são perfeitos porque nós somos falhos e lamentavelmente somos bons nisso. O Rev. Adams nos oferece alguns exemplos de como cometemos diversas falhas: (paráfrase)

·         Os pais são falhos, tanto no seu relacionamento com os filhos, quanto com Deus;

·         Da mesma forma, os filhos também são falhos. Não são obedientes, são negligentes com suas obrigações;

·         O casal falha. Os pais discutem diante dos filhos, ficam irritados e em alguns casos (muitos na verdade), falam mutuamente palavras ofensivas.

Quando pintamos esse retrato sobre como normalmente é um lar cristão, inevitavelmente somos encorajados a fazer outra pergunta: que diferença há entre um lar cristão e o lar do vizinho não crente? A resposta é: assim como a ação salvadora de Cristo nos leva à um processo de crescimento onde chegaremos ao final em um estado de perfeição – glorificação – assim também se reflete no lar cristão. O que o caracteriza não é o fato de haver pessoas perfeitas, mas que sabem que são imperfeitas e por este motivo recorrem a Cristo para que seus lares sejam aperfeiçoados. Uma vez que essa verdade está clara na mente do leitor, o autor agora demonstra como que uma família cristã se distingui de uma descrente. Ele nos oferece três diferenças significativas:

1.      “Os crentes admitem seus pecados”; (cf. 1 João 1.8-10)

2.      “Os crentes sabem o que fazer com seus pecados; eles sabem a origem de seus problemas familiares e sabem onde encontrar a resposta para resolver esses problemas. Um lar cristão deve ser guiado pela palavra de Deus e aquilo que Ela aponta como regra para nossas vidas.

3.      “Os crentes abandonam seus pecados”. Assim como o crente cresce e se desenvolve na graça, também deve ocorrer o mesmo na vida familiar, o mesmo norte deve guiar as duas situações.(cf. 1 João 3.9)

“As pessoas que vivem no lar cristão são pecadoras, mas o Salvador, que não tem pecado, vive ali também. E isso faz toda a diferença! (ADAMS, 2011)

CONCLUSÃO

O que podemos aprender neste primeiro capítulo?

Aprendemos que muitas vezes nos enganamos em pensar que nosso lar é tão perfeito o quanto deveria ser. Julgamos que somos tão perfeitos por sermos cristãos que não percebemos a obvia verdade de que somos pecadores. Por termos essa falsa impressão de nós mesmos e daquilo que realmente é um lar cristão, esquecemo-nos de olhar para os membros de nossa família como se refletidos pelo espelho a nossa frente. Não percebemos que somos tão suscetíveis aos mesmos erros e por esse motivo, quando somos ofendidos, exigimos uma justiça própria que nem mesmo possuímos.

Aprendemos também que a distinção entre um lar cristão e um lar descrente é que o lar cristão possui Cristo como seu centro, sua vida, conduta e ações são pautadas por Ele. Que devemos crescer espiritualmente, pois a medida em que crescemos na graça e no conhecimento de Cristo, tão mais estaremos preparados para enfrentar de forma sábia e sóbria as adversidades que certamente surgirão em nossos lares.

Que o Senhor nos abençoe!

Assista ao vídeo sobre o tema!



RESUMO CRÍTICO - A BÍBLIA E A SUA INSPIRAÇÃO DIVINA, UM CATECISMO DE DOUTRINA BÍBLICA.



 RESUMO CRÍTICO

E-BOOK: A BÍBLIA E A SUA INSPIRAÇÃO DIVINA, UM CATECISMO DE DOUTRINA BÍBLICA.

AUTOR: W.R. DOWNING.

AUTOR DA CRÍTICA: SANDRO FRANCISCO DO NASCIMENTO.

1. INTRODUÇÃO

Sócrates, filósofo grego, desenvolveu um método de descobrir a verdade chamado maiêutica. A maiêutica consiste em, por meio do diálogo, conduzir o interlocutor a dar à luz as ideias que surgem na medida em que questiona ele mesmo aquilo que se dispõe a conhecer. Todo catecismo tem como objetivo conduzir os iniciados a descoberta das verdades ou axiomas bases da fé. É por meio dele, que o povo de Deus é conduzido, de forma didática, ao conhecimento das verdades essenciais da fé cristã.

“A bíblia e a sua inspiração divina, um catecismo de doutrina bíblica”, segue o mesmo pensamento e forma dos diversos Catecismos conhecidos e aceitos como símbolos de fé pela maioria das Igrejas de Confissão Reformada. É possível, por exemplo, encontrar paralelos nos Catecismos Maior e Breve, e, também, na confissão de fé de Westminster, aceitos como símbolos de fé pela Igreja Presbiteriana do Brasil.

Esta crítica, ou resumo, tem por objetivo comentar alguns aspectos do referido livro e como suas proposições podem ser uteis e aplicadas na comunidade da aliança, a Igreja.

2. Tema.

A Religião Cristã tem suas bases doutrinárias, regras de fé (o que crê) e conduta (como viver), nas sagradas Escrituras. “A bíblia e a sua inspiração divina, um catecismo de doutrina bíblica”, das perguntas 7 a 9, aborda as verdades inegociáveis que dizem respeito a palavra de Deus.

2.1. Pergunta número 7: o que é a Bíblia?

Como parte de todo processo de ensino aprendizagem, devemos iniciar os estudos de determinado assunto definindo os termos que o constituem. Obviamente, assim como as demais perguntas e respostas que se seguem, a pergunta 7, parte da pressuposição que as Escrituras são a Palavra de Deus. A verdade que Deus se revelou ao homem, por meio especial nas Escrituras, não é passível de negociação, por este motivo a chamamos de axioma.

O Catecismo nos oferece uma resposta que corresponde aquilo que uma boa teologia Bíblica certamente demonstra com riqueza de evidências textuais, como de fato o faz.

Pergunta 7: O que é a Bíblia? Resposta: A Bíblia é a revelação especial de Deus para o homem, em forma escrita. 2 Timóteo 3:16- 17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17 para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Veja também: Êxodo 17:14; 24:12; 31:18; Lucas 24:25- 27, 45- 47; João 5:45- 47; Hebreus 1:1- 3; 2 Pedro 1:20- 21; 3:15- 16. (DOWNING, 2016)

2.1.1. Sobre o comentário.

O comentário inicia definindo a origem da palavra Bíblia, Βίβλος, palavra grega que inicia o evangelho segundo Mateus – “Livro da genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão:”. É a partir do significado da palavra grega que se define o conceito de que a Bíblia é o conjunto de sessenta e seis livros, cânon protestante. Esses sessenta e seis livros formam um conjunto harmônico, “[...] não contraditório (coerente), unificado, como a própria palavra de Deus escrita [...]”.

Além de apresentar os diversos aspectos da verdade da escritura, o autor relaciona o conhecimento da palavra de Deus com a vida Cristã. Uma importante contribuição é notada no fato de que o autor procura combater um posicionamento fideísta ou fundamentalista com relação ao relacionamento do crente com a escritura. Isso se mostra claro pelo fato de em sua abordagem, o comentário não só informa, mas ensina como correto uma apropriada aproximação do texto, com base nas ciências de interpretação e a aplicação apropriada do significado do texto para os leitores de hoje.

“Alguns poderiam contestar um Cristianismo “intelectual”, preferindo uma abordagem mais simplista ou “devocional”, não percebendo que o devocional — se legítimo em tudo — deve derivar do doutrinário, e o doutrinário da hermenêutica, e a hermenêutica da exegese (exata leitura do texto). Muitos parecem querer uma religião “coração” e não uma religião “cabeça”, que muitas vezes se t orna um zelo que não convém e sem o conhecimento adequado. Irracionalidade não é espiritualidade, nem o sentimento é a base adequada para a fé ou prática. Nós devemos entender que a ignorância da verdade Divina, o irracionalismo religioso e uma aversão à doutrina e a um estudo e aprendizagem sérios, não são virtudes Cristãs nem características que devam ser imitadas.” (DOWNING, 2016)

Por fim, ele encerra seu comentário enumerando treze motivos que nos devem levar ao estudo sério da Escritura Sagrada.

“Por que estudar a Bíblia? A seguir estão as principais razões corretas: (1) glorificar a Deus, (2) estar em comunhão com Cristo, (3) conhecer a vontade de Deus, (4) ser obediente a Deus, (5) crescer em direção à maturidade espiritual, (6) promover a nossa santificação , (7) preparar para o ministério da Palavra, (8) compreender o nosso propósito, (9) manter a pureza da igreja, (10) edificar os outros, (11) evangelizar os não- convertidos, (12) defender inteligentemente a fé e (13) se preparar para a eternidade.” (DOWNING, 2016)

2.2. Pergunta número 8: Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita?

A exemplo da pergunta de número 7, a oitava pergunta deve obrigatoriamente partir do pressuposto de que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Essa verdade é tão importante para a teologia cristã, que o autor inicia o comentário com a seguinte afirmação: “Se a Bíblia é a própria Palavra de Deus preservada em forma escrita — e ela é (conferir a ênfase) — então há certas coisas que são necessariamente verdadeiras [...]”. A partir desta perspectiva a resposta a pergunta nos oferece sete predicados que qualificam a Escritura.

“Resposta: Os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita são: “inspiração”, “autoridade”, “infalibilidade”, “inerrância”, “suficiência”, “canonicidade” e “iluminação”.” (DOWNING, 2016)

2.2.1. Sobre o comentário.

Ao falar da inspiração da Escritura, o autor deixou um pouco a desejar ou pelo ao menos sua atenção não teve como foco todo o aspecto da revelação divina. Sua abordagem foi totalmente direcionada para o aspecto divino da Escritura —“A Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, e não apenas a obra ou as palavras dos homens”, não houve nenhuma ênfase na necessidade de se entender a Bíblia em sua natureza humana, no sentido de definir o termo. Ignorar essa parte importante do conhecimento das naturezas da Escritura faz com que haja necessidade posterior de elucidação, fato que também não ocorreu, quando o autor apresenta de forma mais clara a necessidade de estudar a Escritura por meio das ciências exegese e hermenêutica. Para um cristão menos instruído, que possui apenas o conhecimento superficial da Escritura e que tem tendências a interpretação mais espiritualizada dos textos, o não conhecimento das implicações da natureza humana da Escritura, certamente, fará com que ele no mínimo ignore a necessidade de se fazer uma exegese do texto e por meio da hermenêutica compreender o significado pretendido pelo autor ao escrever de determinada passagem.

Há mais três termos importantes com os quais alguém deve estar familiarizado: exegese, hermenêutica e aplicação. Exegese (mostrar o significado do texto — significado da palavra, gramática e sintaxe — na língua original) refere- se à leitura do texto, ou seja, ela responde à pergunta: “O que o texto diz?”. Hermenêutica é a ciência de interpretação. Ela responde à pergunta: “O que o texto quer dizer?” (Lucas 10:26). Aplicação refere- se ao texto da Escritura, uma vez que ele pode ser aplicado a uma determinada situação: “Como esta passagem é ou pode ser legitimamente aplicada às nossas modernas era e situação?”. (DOWNING, 2016)

2.3.Pergunta número 9: que se entende por “inspiração” das Escrituras?

Nesta pergunta, a falta de informação sobre a natureza humana da Escritura é parcialmente solucionada — “Inspiração” é a obra de Deus sobre os corações, mentes e mãos dos homens para nos dar a própria Palavra de Deus em forma escrita”. Ou seja, por sua soberana providência, Deus utilizou homens para transmitir sua palavra de forma que pudesse ser compreendida. Cada um desses homens que recebeu a graça divina de ser objeto do propósito divino de comunicar sua Palavra, as transmitiu por meio de suas culturas, línguas e conhecimento de mundo. A inspiração divina não só os capacitou a escrever por suas próprias palavras, utilizando-se de seus idiomas, como garantiu que tudo quanto eles transmitiram não viesse a conter qualquer erro. Por esse motivo podemos afirmar que a Palavra de Deus é infalível e inerrante.

Pergunta 9: O que se entende por “inspiração” das Escrituras? Resposta: “Inspiração” é a obra de Deus sobre os corações, mentes e mãos dos homens para nos dar a própria Palavra de Deus em forma escrita. 2 Timóteo 3:16: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça”. 2 Pedro 1:20- 21: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Veja também: Isaías 8:20; 1 Coríntios 2:9- 14; Hebreus 1:1- 3. (DOWNING, 2016)

2.3.1. Sobre o comentário.

O autor inicia o comentário explicando o significado do termo “inspiração”.

O termo inspiração deriva do Latim inspiro, “respirar para dentro”, referindo- se aos autores humanos. A questão real, no entanto, é que as próprias Escrituras são “inspiradas por Deus”, ou seja, soprada por Deus (theopneustos ) — 2 Timóteo 3:16. (DOWNING, 2016)

Aqui fica mais evidente o motivo pelo qual devemos estudar a Escritura — “A inspiração é desta forma tanto verbal (estende-se às verdadeiras palavras, e, portanto, às nuances de gramática e sintaxe nas línguas originais) quanto plena (completa ou igual em todo)”. Pelo fato de haver a participação humana na escrita da Bíblia, se faz necessário que as deficiências quanto à compreensão dos distanciamentos dos textos sejam transpostas, o que só é possível por meio do estudo sério e orientado. Isso não quer dizer que a Bíblia seja um livro enigmático, nem que seja compreendido somente por uma minoria intelectual. O exame simples da Escritura pode levar qualquer crente sincero ao entendimento das verdades essenciais necessárias a salvação — “A grande verdade da revelação Divina é que Deus falou aos homens (Hebreus 1:1- 3). Ele não só falou aos homens, mas falou em termos compreensíveis.”, mas existem de fato algumas passagens ou doutrinas que são melhor entendidas, ou somente compreendidas, por meio de uma abordagem mais detalhada do texto.

Por fim, o autor apresenta informações muito pertinentes no que diz respeito as traduções e as chamadas paráfrases das Sagradas Escrituras.

“Há uma nítida diferença entre uma tradução e uma versão. O excesso de versões modernas torna esta discussão necessária. A tradução estrita começa com a língua original e, ao passo que, expressando- se em outro idioma, mantém- se o mais próximo possível do texto no idioma original com suas complexidades gramaticais, de sintaxe e expressões idiomáticas — mesmo ao sacrifício de estilo. Uma versão difere de uma tradução na medida em que ela é uma versão de uma tradução anterior, em uma segunda língua, ela usa a gramática, sintaxe e expressões dessa segunda língua e torna muito maiores as concessões para a suavidade da leitura e da expressão do pensamento. Em suma, uma tradução se detém mais perto da linguagem original, enquanto que uma versão se detém mais de perto da segunda língua.” (DOWNING, 2016)

As lições aprendidas neste paragrafo são muito valiosas, pois um trabalho de tradução, desde que devidamente realizado, é a aplicação das ciências interpretativas anteriormente citadas para a compreensão do significado das palavras, do significado pretendido, e das melhores formas de se empreender aplicações que não façam violência ao texto. Devotar-se de forma demasiada as chamadas versões, que como muito bem coloca o autor, são baseadas em traduções do texto original, pode em alguma medida comprometer o sentido real do texto.

“Muitas “versões” modernas são totalmente inadequadas, uma vez que elas não se baseiam em qualquer texto dado, mas são, na realidade, paráfrases, e algumas realmente mudam o sentido do texto e por isso alteraram o seu ensinamento doutrinário. Não há substituto para um conhecimento e um estudo das línguas originais.” (DOWNING, 2016)

3. Conclusão.

“A bíblia e a sua inspiração divina, um catecismo de doutrina bíblica”, apesar de não expor de forma tão mais detalhada as implicações do aspecto humano da Escritura, certamente pode alcançar bons resultados se devidamente apresentado aos alunos. Infelizmente, com o crescimento dos movimentos “avivados” que têm cada dia representado mais os cristãos protestantes com sua ênfase na subjetividade da fé e pouco ou nenhum interesse no estudo das Escrituras, os catecismos estão cada vez mais associados a igreja romana. Os crentes sequer sabem o que é um catecismo e ignoram o fato de que toda igreja, consciente ou não, possui uma confissão de fé.

O mais importante sobre os símbolos de fé é que eles estão sujeitos as verdades reveladas nas Escrituras Sagradas. As escrituras são o Norte que direciona a mente e vida da igreja, e estudar as escrituras e tudo que provém da fiel interpretação delas é ser fiel a Deus e sua Palavra revelada.

Bibliografia

DOWNING, W. R. A Bíblia e a Sua Inspiração Divina: Um Catecismo de Doutrina Bíblica. 1ª. ed. São Paulo: Estandarte de Cristo, 2016. ISBN 978- 1- 60725- 963- 3.

domingo, 1 de novembro de 2020

O cristão e a política | Pr. Jefferson Andrade

 


Culto de Louvor e Adoração ao Eterno Deus. Sermão Expositivo pregado pelo Rev. Jefferson Andrade em romanos 13.1-7.

Texto Base

1 Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. 2 Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. 3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. 4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. 5 Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. 6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. 7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.

Siga as redes sociais da nossa igreja e das nossas sociedades:
Facebook da Igreja Presbiteriana do Cabo
Instagram da Igreja Presbiteriana do Cabo
Instagram da União de Mocidade Presbiteriana do Cabo
Instagram da União de Crianças Presbiterianas do Cabo
Ouça nossos sermões nas plataformas digitais: