quarta-feira, 8 de outubro de 2014

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QUEM JESUS FOI REALMENTE?
por Augustus Lopes Vol.4, No.1
Nem todos os que hoje se consideram cristãos aceitam que Jesus, foi e fez o que os Evangelhos nos dizem. Em 1994 uma pesquisa revelou que 87% dos americanos acreditavam que Jesus ressuscitou literalmente dos mortos. Três anos depois, a pesquisa descobriu que 30% dos americanos que se consideram verdadeiros cristãos não aceitavam que a ressurreição de Jesus tenha sido algo físico e literal, mas sim uma série de experiências psíquicas dos seus discípulos, que de alguma forma os transformou completamente.
O Jesus sobrenatural
Durante séculos o relato dos Evangelhos acerca de Jesus vem sendo aceito pela Igreja cristã em geral como sendo fidedigno, isto é, correspondendo com exatidão aos fatos que realmente ocorreram no início do primeiro século, e que formam a base histórica do cristianismo. Baseando-se nesse relato, o cristianismo vem ensinando, desde o seu surgimento, que Jesus é o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que nasceu de uma virgem, que realizou milagres e que ressuscitou fisicamente de entre os mortos. A teologia cristã nunca teve dificuldade séria em admitir a atuação miraculosa de Deus na história, e sempre encarou a mensagem da Igreja apostólica registrada no Novo Testamento (como as cartas de Paulo e os Evangelhos) como sendo o registro acurado dos eventos sobrenaturais que se sucederam na vida de Jesus de Nazaré. Os Concílios cristãos que elaboraram dogmas a respeito da pessoa de Jesus (Nicéia, 325; Constantinopla, 381; Calcedônia, 451), não o fizeram como meras idéias divorciadas da história e de fatos concretos. Para eles, a Segunda Pessoa da Trindade encarnou, viveu, atuou, morreu e ressuscitou dentro da história real.
O Jesus racional
A situação mudou, com o surgimento do Iluminismo no início do século XVIII. A razão humana foi endeusada como capaz de explicar todas as dimensões do universo e da existência do homem. Tudo que não pudesse ser aceito pela razão deveria ser rejeitado. Houve uma "desmistificação" de todos os aspectos da vida e do pensamento. A própria Igreja se viu invadida pelo racionalismo. Muitos estudiosos cristãos se tornaram racionalistas em alguma medida. Como resultado, em muitas universidades e seminários chego-se à conclusão de que milagres realmente não acontecem. Os relatos dos Evangelhos acerca da divindade de Jesus e de sua atividade sobrenatural passaram a ser desacreditados. Era preciso pesquisar para encontrar o verdadeiro Jesus, já que aquele pintado nos Evangelhos nunca poderia ter realmente existido. E assim teve inicio a "busca do Jesus histórico", levada a efeito por professores e eruditos de universidades e seminários cristãos que achavam irracional o Jesus sobrenatural dos Evangelhos.
Eles afirmaram que para reconstruir o verdadeiro Jesus era necessário abandonar os antigos dogmas da Igreja acerca da inspiração e infalibilidade das Escrituras, bem como sobre a divindade de Jesus Cristo. Era preciso usar o critério da razão para separar nos relatos bíblicos a verdade da fantasia. Para isso, desenvolveram vários métodos que analisavam os Evangelhos como qualquer outro livro antigo de religião, procurando descobrir como as idéias fantasiosas acerca de Jesus se originaram nas igrejas cristãs primitivas. Pensavam (ingenuamente) que seria possível examinar a história de forma isenta de preconceitos ou pressuposições. Acreditavam que o historiador era tão inocente quanto um eunuco. Entretanto, quando os resultados apareceram, verificou-se que o Jesus reconstruído por eles tinha a "cara" de seus criadores.
No século XVII alguns desses estudiosos publicaram obras asseverando que os escritores bíblicos eram impostores fraudulentos; estes estudiosos ofereceram suas próprias reconstruções do verdadeiro Jesus de uma perspectiva totalmente humanística. Segundo alguns deles, Jesus fora um judeu que se considerava como o messias de Israel, e que tentara estabelecer um reino terreno e libertar os judeus da opressão política. Ele pensava que Deus o ajudaria nisto, mas desapontou-se ao ser preso e crucificado ("Deus meu, Deus meu, por desamparastes .... ?"). Os discípulos, disseram estes estudiosos, a principio ficaram atônitos com o fracasso de Jesus; mas depois roubaram seu corpo e substituíram a idéia de um reino messiânico terreno pela idéia de uma "segunda vinda". Também inventaram os relatos dos milagres tendo como base os milagres do Antigo Testamento, quando Jesus, na verdade não havia feito milagre algum. O propósito dos discípulos com esse embuste, afirma os racionalistas, fora ter um meio de vida, pois não queriam voltar a trabalhar. Obras desse tipo hoje estão desacreditadas e mesmo estudiosos críticos as consideram como amadorísticas e superficiais. Entretanto, elas deram o impulso inicial à busca do Jesus da história, que para seus empreendedores, não era o mesmo Cristo da fé da Igreja.
No século XVIII apareceram muitas "vidas de Jesus", que eram tentativas de reconstrução novelística do que teria sido a verdadeira vida de Jesus de Nazaré. Nelas, Jesus foi geralmente considerado como um reformador social, um visionário, que pretendia construir uma sociedade melhor através de uma religião associada à razão. Os milagres dos Evangelhos foram explicados apelando-se para causas naturais. As explicações para o surgimento da crença dos discípulos na ressurreição são por vezes curiosas. A mais freqüente é a de que Jesus não havia morrido realmente, mas entrado em coma. Algumas são criativas: uma delas sugere que após a morte de Jesus, um terremoto sacudiu o local onde estava o túmulo de José de Arimatéia, dando a impressão de que o corpo morto de Jesus se movia com vida. Isso explicaria o surgimento da crença na ressurreição de Jesus. Outras, relacionadas às curas, dizem que Jesus nunca curou sem usar remédios. O vinho de Caná havia sido trazido pelo próprio Jesus. Para outros, algumas vezes Jesus atuava no sistema nervoso das pessoas através de seu poder espiritual. Milagres sobre a natureza foram, na verdade, ilusões que os discípulos tiveram acerca de Jesus, como por exemplo, o andar sobre as águas. Os discípulos, afirmam os estudiosos liberais, imaginaram coisas como a transfiguração, entre outras. As ressurreições de mortos foram, na verdade, casos em que pessoas não estavam mortas de fato, mas apenas em estado de coma.
O Jesus liberal
Com a queda do racionalismo e o surgimento do existencialismo, alguns estudiosos procuraram entender Jesus à luz da experiência religiosa. Jesus passou a ser visto como um homem cujo sentido de dependência de Deus havia alcançado a plenitude. Esse conceito serviu de base para o desenvolvimento do seu retrato pintado pelos liberais, em que Ele era simplesmente um homem divinamente inspirado.
No século passado, os estudiosos, em busca do Jesus histórico, começaram a aceitar a idéia do "mito", ou seja, a idéia de que os Evangelhos são relatos mitológicos sobre Cristo, lendas piedosas criadas em torno da figura histórica de Jesus pelos seus discípulos. Assim, firmou-se a idéia de que Jesus não ressuscitou fisicamente. A ressurreição, na verdade, era a crença dos discípulos na presença espiritual de Jesus.
A essa altura, os próprios estudiosos perceberam que a "busca" não os estava levando a lugar algum. Era fácil destruir o Cristo dos Evangelhos, mas eles não conseguiam reconstruir um Jesus histórico que os satisfizesse. As vidas de Jesus reconstruídas pelos pesquisadores diziam mais acerca dos autores do que da pessoa que eles tentavam descrever. Os autores olharam no poço profundo da história em busca de Jesus, e o que viram foi seu próprio reflexo no fundo do poço. Também perceberam que haviam esquecido ou minimizado um importante aspecto da vida e do ensino de Jesus, que foi o escatológico-apocalíptico, proclamando o aspecto ainda futuro do reino de Deus. Essa conscientização desfechou um golpe fatal na concepção liberal de um reino de Deus que se confundia com uma sociedade ética no mundo presente, ou numa experiência espiritual interior, que dominava na época.
Além disso, o estudo crítico dos Evangelhos começou a afirmar que eles (os Evangelhos) não eram biografias no sentido moderno, mas apresentações de Jesus altamente elaboradas e adaptadas por diferentes alas da comunidade cristã nascente. Portanto, era impossível, achar o verdadeiro Jesus, pois ficara soterrado debaixo da maquiagem imposta pela Igreja primitiva. Como conseqüência, alguns começaram a insistir que o centro da fé para a Igreja não era o Jesus da história, mas o Cristo da fé, criado pela igreja nascente. Portanto, a busca estava baseada num erro (que o Jesus histórico era importante) e era teologicamente sem valor. O único Jesus em que os estudiosos deveriam se interessar era o Cristo da fé da igreja, pois foi o único que influenciou a história. Alguns, assim, se tornaram absolutamente cépticos quanto à possibilidade de se recuperar o Jesus histórico.
Tentando "salvar" a busca, esses estudiosos acabaram por piorar a situação. Quando separamos a fé dos fatos históricos, o Cristianismo, despido do seu caráter histórico, e dos fatos que lhe servem de fundamento, torna-se uma filosofia de vida. Uma fé que se apoia num Cristo que não tem nenhum ancoramento histórico toma-se gnosticismo ou docetismo.
Assim, os Evangelhos e o retrato de Jesus que eles nos trazem, passaram a ser vistos como uma elaboração mitológica produzida pela fé da Igreja. Segum seus defensores, foi a imaginação da comunidade que criou as histórias dos milagres e muitos dos ditos de Jesus.
Apesar das diversas tentativas de reconstrução, ao fim chegava-se a um Jesus cuja existência era não apenas implausível, como impossível de ser provada. O Jesus liberal, desprovido do sobrenatural e da divindade, foi uma criação da obstinação liberal, que se recusava a receber como autêntico o relato dos Evangelhos sobre Jesus. A falta de comprovação histórica e documentária quanto ao Jesus liberal acabou por dar fim à "busca".
O Jesus do liberalismo pouco se parecia com o Jesus da concepção histórica da Igreja de Jesus Cristo, como sendo tanto humano quanto divino, as duas naturezas unidas organicamente numa mesma pessoa. O racionalismo eliminou a natureza divina de Cristo e a considerou como produto da Igreja, dissociada do Jesus da história. Jesus era apenas o grande exemplo, e a religião que Ele ensinou era simplesmente um moralismo ético e social.
O Jesus liberal fracassou em todos os sentidos! Ele acabou fundando uma nova religião, mesmo sem querer. Acabou sendo "endeusado" pelos seus discípulos, contra a sua vontade. O seu ensino social e ético de um reino de Deus meramente humano acabou sendo sobrepujado pelo ensino de um reino de Deus sobrenatural, presente e ainda por vir. E sua verdadeira identidade se perdeu logo nos primeiros séculos, para ser "redescoberta" apenas depois de 2.000 anos de ilusões. Que ironia!
O Jesus libertador
Mas a tentativa dos estudiosos que não criam nos relatos miraculosos dos Evangelhos não parou com o fracasso. Em meados da década de 50, outros estudiosos, igualmente céticos, acharam que poderiam acertar onde os antigos liberais falharam, desde que não fossem tão radicais em seu ceticismo quanto aos relatos dos Evangelhos. Alguns discípulos dos teólogos liberais afirmaram que, apesar dos muitos erros nos Evangelhos, havia neles elementos históricos suficientes para se tentar chegar ao Jesus que realmente existiu. Um deles chegou mesmo a questionar: "se a Igreja primitiva era tão desinteressada na história de Jesus, por que os quatro Evangelhos foram escritos?" Os que escreveram os Evangelhos acreditavam seguramente que o Cristo que eles pregavam não era diferente do Jesus terreno, histórico.
Mas, ao fim, esses pesquisadores da "nova busca" pensavam de forma muito semelhante à dos seus antecessores: o Jesus que temos nos Evangelhos não corresponde ao Jesus que viveu em Nazaré há 2.000 anos, o qual pode ser recuperado pelo uso da crítica histórica. Uma coisa todos estes pesquisadores, antigos e novos, tinham cm comum: não criam na divindade plena de Jesus, na sua ressurreição nem nos milagres narrados nos Evangelhos. Para eles, tudo isso havia sido criado pela Igreja. Além disso, eram todos comprometidos com a filosofia existencialista em sua interpretação dos Evangelhos. Os resultados da pesquisa feita individualmente por eles, porém, eram tão divergentes, que a "nova busca" acabou desacreditada em meados da década de 70.
Mas o ceticismo destes estudiosos não deixou a coisa parar por aí. Faz poucos anos, um grupo de 75 estudiosos de diversas orientações religiosas reuniu-se nos Estados Unidos para fundar o "Simpósio de Jesus" (The Jesus Seminar), que os reúne regularmente duas vezes ao ano para levar adiante a "busca pelo verdadeiro Jesus". Suas idéias básicas são fundamentalmente as mesmas dos que empreenderam a "busca" antes deles, ou seja, que o retrato de Jesus que temos nos Evangelhos é uma caricatura altamente produzida, resultado da imaginação criativa da Igreja primitiva. A novidade é que agora incluíram material extrabíblico em suas pesquisas, como o evangelho apócrifo de Tomé, o suposto documento "Q" contendo ditos antigos de Jesus e os Manuscritos do Mar Morto.
A conclusão do simpósio é que somente 18% dos ditos dos Evangelhos atribuídos a Jesus foram realmente pronunciados por Ele. O simpósio, trouxe a público esse resultado de suas pesquisas bastante cépticas quanto á confiabilidade dos Evangelhos, causando grande sensação e furor nos Estados Unidos e na Europa, e reacendendo, em certa medida, o interesse pelo Jesus histórico. E mais uma vez a polêmica acerca de Jesus foi reacendida, desta feita ganhando até a capa de revistas internacionais como Time, Newsweek e U.S. News & World Report, e do Brasil, como Veja e Isto É. Ao final, o Jesus do simpósio é uma mistura de sábio tímido, modesto demais para falar de si mesmo ou de sua missão neste mundo. A pergunta é: como uma pessoa assim conseguiu ganhar o ódio dos judeus e acabar sendo crucificada, um fato que até os antigos liberais radicais reconhecem como histórico?
Várias outras tentativas têm sido feitas cm tempos recentes para se descobrir o Jesus que realmente existiu por detrás daquele que é representado nos textos dos Evangelhos. Ele tem sido retratado diferentemente como profeta e libertador social, simpatizante dos Zelotes e de suas idéias libertárias, reformador social por meio pacíficos e espirituais, pregador itinerante carismático e radical, instigador de um movimento, de reforma, libertador dos pobres, "homem, do Espírito", que tinha visões e revelações e uma profunda intimidade com Deus, de quem recebia poder para curar, fazer milagres e expelir demônios. Um hasid, homem santo da Galiléia, um judeu piedoso, uma figura carismática, um operador de milagres, movendo-se fora do ambiente oficial e tradicional do judaísmo, um exorcista poderoso e bem sucedido - o catálogo é interminável. Mas todas essas tentativas têm uma coisa em comum: para seus autores, o Jesus pintado pelos Evangelhos é o produto da imaginação criativa e piedosa, da fé dos discípulos de Jesus. Os defensores destas idéias partem do conceito de que a Bíblia nos oferece um quadro distorcido do verdadeiro Jesus.
De volta ao Jesus sobrenatural
Entretanto, é preciso mais do que teorias, como estas que acabei de expor, para tornar convincente a tese de que a comunidade cristã inventou tanto material sobre Cristo, e que ela mesma acabou crendo em sua mentira. É quase inconcebível que uma comunidade tenha criado material histórico para dar sustentação histórica à sua fé. Uma comunidade que dá tal importância aos fatos históricos, não os criaria! Além do mais, essas teorias não levam em conta o fato de que os eventos e ditos de Jesus foram testemunhados por pessoas que estiveram com Ele, e que essas testemunhas oculares certamente teriam exercido uma influência conservadora na imaginação criativa da Igreja. Também ignoram o fato de que os líderes iniciais da comunidade os apóstolos, estiveram com Jesus e muito perto dos fatos históricos para dar asas à livre imaginação. Também deixa sem explicação o alto grau de unanimidade que existe entre os Evangelhos. Se cada Evangelho é o produto da imaginação criativa da igreja, como explicar diferenças entre eles? E se é o produto de comunidades isoladas, como explicar as semelhanças? Essas teorias são especulações e nada podem nos dar de evidência concreta. Portanto, continuamos a crer nas evidências internas e externas de que os Evangelho dão testemunho confiável do Jesus histórico, que é o mesmo Cristo da fé. Entretanto, o ceticismo crítico desses estudiosos influenciou de tal maneira os seminários que introduziu na Igreja de Cristo uma semente que produziu seu fruto amargo: um Evangelho e um Cristo, fruto da imaginação da Igreja, e que, portanto não tinham. poder, vitalidade nem respostas para as questões humanas. Resultado: igrejas esvaziadas por toda a Europa, em uma geração.
Queira Deus guardar as igrejas brasileiras dessas pessoas, e firmá-las cada vez mais no Senhor Jesus Cristo, fielmente retratado nas páginas dos Evangelho.
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terça-feira, 7 de outubro de 2014

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Aparentes contradições ( Augustus Nicodemus Lopes)


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Gálatas 6:14-18


                                           Gálatas 6:14-18
                                                     por
                                            João Calvino
[vv. 14-18]

Mas longe de mim gloriar-me senão na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado
para mim e eu para o mundo. Pois em Cristo nem a
circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma, mas o
ser nova criatura. E a todos quantos andarem conforme
esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre
o Israel de Deus. Quanto ao mais, que ninguém me
perturbe; porque trago em meu corpo as marcas do
Senhor Jesus. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém.

14. Mas longe de mim. Ele agora contrasta as tramas dos
falsos apóstolos com sua própria sinceridade, como se estivesse
dizendo: “Para não serem compelidos a levar a cruz, então negam
a cruz de Cristo, adquirem os aplausos dos homens com o preço
de vossa carne e terminam conduzindo-vos em triunfo. Meu
triunfo e minha glória, porém, se encontram na cruz do Filho de
Deus”. Se os gálatas não estivessem ainda destituídos de todo
aquele comum sentimento, porventura não deveriam ter detestado
aqueles a quem viam se refestelando a expensas deles?

Gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo é o
mesmo que gloriar-se no Cristo crucificado, ainda que algo mais
esteja implícito. Ele tem em mente a morte cheia de miséria e
ignomínia, a qual Deus mesmo amaldiçoou; a morte que os
homens contemplaram com aversão e vergonha; nessa morte, diz
ele, me gloriarei, porque nela eu encontro perfeita felicidade. Pois
onde o bem mais excelente existe, aí há glória. Mas, por que não
também em outros lugares? Ainda que a salvação seja revelada na
cruz de Cristo, onde fica sua ressurreição: Eis minha resposta: na
cruz está contida a totalidade da redenção e todas as suas partes,
mas a ressurreição de Cristo não nos afasta da cruz. E note-se
bem que ele abomina todas as outras formas de glória como não
sendo nada menos que uma terrível ofensa. Que Deus nos proteja
de tal praga; isso não passa de uma monstruosidade! Eis o
significado da frase que Paulo freqüentemente usa — de modo
algum!

Pelo qual o mundo. Como stauros (stauros) é masculino, o
pronome relativo pode, no grego, referir-se ou a Cristo ou à cruz.
Em minha opinião, contudo, é preferível que se refira à cruz.
Porque por meio dela, estritamente falando, morremos para o
mundo. Mas, o que significa 'o mundo'? Ele é indubitavelmente
contrastado com a nova criatura. Tudo quando se opõe ao reino
espiritual de Cristo é o mundo, visto que ele pertence ao velho
homem; ou, numa palavra, o mundo é, por assim dizer, o objeto e
o alvo do velho homem.

O mundo está crucificado para mim, diz Paulo. No mesmo
sentido, em outro lugar ele declara que considera todas as coisas
como esterco [Fp 3.8]. Crucificar o mundo é menosprezá-lo e
reduzi-lo a nada.
E ele adiciona o oposto: e eu para o mundo. Com essa
expressão ele quer dizer que o mundo era completamente sem
importância e deveras absolutamente nada, porque a nulidade
pertence aos mortos. De qualquer forma, ele quer dizer que, pela
mortificação do velho homem, havia renunciado o mundo. Alguns
o expõem assim: “Se o mundo me considera como amaldiçoado e
proscrito, eu considero o mundo condenado e maldito”. Isso, a
meu ver, parece ser um tanto estranho ao pensamento de Paulo,
porém deixo a decisão com os leitores.

15. Pois em Cristo Jesus. A razão por que ele está crucificado
para o mundo e o mundo para ele é que, em Cristo, em quem o
apóstolo está enxertado, somente uma nova criatura é de algum
valor. Tudo mais deve ser descartado; não, perecido! Estou me
referindo às coisas que obstruem a renovação procedente do
Espírito. Isso é o que ele diz em 2 Coríntios: “Se alguém está em
Cristo, que ele seja uma nova criatura” [2 Coríntios 5.17]. Ou seja,
se alguém deseja ser considerado dentro do reino de Cristo, que
ele seja reformado pelo Espírito de Deus; que não mais viva para si
mesmo nem para o mundo, senão que se erga para uma nova
vida. A razão por que ele conclui que nem circuncisão nem
incircuncisão é de algum valor já foi mencionada. A verdade do
evangelho absorve e desfaz todas as sombras da lei.

16. E a todos quantos andarem conforme esta regra. “Que
todos quantos sustentam esta regra”, diz ele, “desfrutam de
prosperidade e felicidade!” Isso equivale tanto como uma oração
por eles quanto como um sinal de aprovação. Sua intenção,
portanto, é que todos aqueles que ensinam esta doutrina são
dignos de amor e beneplácito; e, por outro lado, os que a
abandonam não são dignos de ser ouvidos. Ele sua a palavra regra
para expressar o sólido e contínuo curso que todos os piedosos
ministros do evangelho devem seguir. Pois como os arquitetos, ao
erigir edifícios elaboram um plano, para que todas as partes se
harmonizem em perfeita proporção e simetria, assim o apóstolo
confia aos ministros da Palavra um cânon por meio do qual
pudessem edificar a Igreja adequada e ordeiramente.

Esse lugar deve gerar profundo zelo aos fiéis e honestos mestres
e a todos quantos se permitem conformar a essa regra, pois nela
ouvem Deus abençoando-os pelos lábios de Paulo. Não carecemos
de recear os trovões do papa, se Deus nos promete do céu paz e
misericórdia. O verbo andar, aqui, pode aplicar-se tanto ao
ministro quanto ao povo, ainda que sua referência seja
primordialmente aos ministros. O tempo futuro do verbo é usado
para expressar perseverança.

E sobre o Israel de Deus. Esta cláusula se constitui num motejo
indireto à vã ostentação dos falsos apóstolos, os quais alegavam
ser os descendentes de Abraão segundo a carne. Ele, pois, produz
um duplo Israel: um, uma simulação e visível somente aos homens;
o outro, visível somente a Deus. A circuncisão era um sinal aos
olhos humanos; a regeneração, porém, é a verdade aos olhos de
Deus. Numa palavra, ele agora os chama o Israel de Deus, a quem
anteriormente se chamavam filhos de Abraão pela fé, e portanto se
incluíam todos os crentes, quer gentios, quer judeus, que foram
unidos numa mesma Igreja. Em contrapartida, o Israel segundo a
carne só pode reivindicar o nome e a raça, e disso ele trata em
Romanos 9.

17. Que ninguém me perturbe. Ele agora fala com voz de
autoridade, com o fim de refrear seus adversários, pois manifesta
todo o direito de seu poder superior: “Que eles parem de obstruir
o curso de minha pregação”. Estava pronto, por amor a toda a
Igreja, a solucionar as dificuldades, mas não será obstruído pela
oposição.

Perturbar é opor-se com o fim de subverter o progresso de
alguma obra.

Quanto ao mais, ou seja, todas as coisas que se acham além da
nova criatura. Eis sua intenção: “Esta única coisa é bastante para
mim. Outras questões são sem importância e não me interessam.
Que ninguém me aborreça com elas”. E assim ele se coloca acima
de todos os homens e não dá a ninguém o direito de assaltar seu
ministério. Literalmente, significa: “quanto ao resto do que ficou”.
Em minha opinião, Erasmo estava errado ao referi-lo ao tempo.

Porque trago em meu corpo as marcas. Ele mostra que a
ousadia de sua autoridade repousava nas marcas de Cristo, as
quais ele levava em seu corpo. E que marcas eram essas? Prisões,
cadeias, açoites, calamidades, apedrejamentos e muitos tipos de
maltratos que ele sofreu em decorrência do testemunho do
evangelho. Pois assim como as guerras terrenas têm suas
condecorações com as quais os generais honram a bravura de um
soldado, também Cristo, nosso General, tem suas marcas
pessoais, das quais ele faz bom uso para condecorar e honrar a
alguns de seus seguidores. Essas marcas, porém, são muito
diferentes das outras; pois elas contêm a natureza da cruz, e aos
olhos do mundo não passam de ignomínia. Isso é sugerido pela
palavra 'marcas', pois literalmente significam ferroadas, as marcas
com que os escravos estrangeiros, ou fugitivos, ou malfeitores,
eram marcados. Paulo, portanto, fala mui estritamente quando
alega ser distinguido por essas marcas com as quais Cristo
costumava honrar seus mais distintos soldados. Aos olhos do
mundo, essas marcas eram vergonhosas e símbolo de desgraça;
mas diante de Deus e dos anjos elas excedem a todas as honras
do mundo.

18. A graça de Cristo seja com o vosso espírito. Ele ora não
para que a graça fosse derramada sobre eles gratuitamente, mas
para que pudessem ter em sua mente um sentimento correto
sobre ela. Realmente, ela só é usufruída por nós quando atinge o
nosso espírito. Devemos, pois, pedir a Deus que prepare nossa
alma para ser uma habitação de sua graça. Amém.


Fonte: Extraído do comentário de Gálatas de João Calvino,

publicado pela Editora Paracletos, páginas 188-192.

Maldições Hereditárias

Os Pais Chuparam Uvas Verdes e os Filhos
Embotaram os Dentes
Um Estudo Introdutório a Respeito das Maldições Hereditárias
por
Alan Rennê Alexandrino Lima

INTRODUÇÃO

Vivemos num período caracterizado por uma tremenda confusão
doutrinária. Na verdade, de um lado existem aqueles que
desprezam os estudos teológicos por acharem que teologia
“esfria” a Igreja. Por outro lado existem aqueles que são herdeiros
de uma tradição rica em conceitos sadios e que concordam com a
sã doutrina da Palavra de Deus, mas que mesmo assim, se apóiam
em doutrinas completamente contrárias aos ensinamentos da
Palavra de Deus.
Isso acontece porque tais pessoas desconhecem um princípio
hermenêutico (princípio de interpretação) bíblico sadio e correto. A
maior verdade de interpretação existente é de que A BÍBLIA
INTERPRETA A PRÓPRIA BÍBLIA. Em outras palavras, isso quer
dizer que as passagens que são complicadas devem ser
interpretadas por outras passagens mais claras. Outro princípio
diz que as passagens bíblicas devem ser interpretadas dentro do
seu contexto. É bem conhecido aquele ditado que diz que “texto
sem contexto é pretexto pra heresia”. Um exemplo de pessoas
que viviam dessa forma eram os cristãos da cidade de Beréia que
conferiam nas Escrituras se Paulo estava pregando corretamente.
Tais noções nos ajudam contra doutrinas erradas que muitas
vezes são passadas dos púlpitos das nossas igrejas. Uma destas
doutrinas é a conhecida doutrina das maldições hereditárias. Esta
doutrina tão perniciosa é definida por um de seus principais
defensores no Brasil da seguinte forma:
A maldição é a autorização dada ao diabo por alguém
que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano
à vida do amaldiçoado... A maldição é a prova mais
contundente do poder que têm as palavras.
Prognósticos negativos são responsáveis por desvios
sensíveis no curso da vida de muitas pessoas, levandoas
a viver completamente fora dos propósitos de Deus...
As pragas se cumprem. [1]
Algumas perguntas surgem nas nossas mentes: será que Deus
castiga os filhos por causa dos pecados dos pais? Será Deus um
agente arbitrário que castiga os filhos que não cometeram pecado
no lugar dos pais, que são os verdadeiros culpados? Ou há algo
no lugar dos pais, que são os verdadeiros culpados? Ou há algo
que deve ser entendido devidamente nas passagens onde Deus
fala sobre maldição hereditária? São exatamente estas perguntas
que nos propomos a responder dentro da única regra de fé e
prática da Igreja: A BÍBLIA SAGRADA.

EXAME DAS PASSAGENS QUE FALAM SOBRE MALDIÇÃO
HEREDITÁRIA

Dentro da revelação bíblica, a primeira passagem onde ocorre um
pronunciamento divino a respeito de castigar nos filhos os
pecados dos pais é em Êxodo 20: 4-6, que diz exatamente assim:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma
do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas
águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto;
porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a
iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração
daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações
daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”. Há
algumas coisas que devem ser percebidas na passagem acima, as
quais são muito elucidativas para o problema em questão.
Primeiramente, devemos notar que essa ameaça divina está dentro
do contexto da entrega dos Dez Mandamentos. Deus estava
entregando ao seu servo Moisés uma regra de vida para o seu
povo escolhido. Percebamos que a advertência divina está logo
após a declaração do segundo mandamento “não farás para ti
imagem de escultura...”. logo em seguida o Senhor Deus Todopoderoso
dá a razão porque o povo de Israel não poderia fazer
imagens: “porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que
visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta
geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil
gerações daqueles que me amam e guardam os meus
mandamentos”. Deve ser notado o uso da palavra “porque”, que
indica a razão do segundo mandamento. De forma simples, a
advertência divina de castigar nos filhos os pecados dos
pais sempre está conectada com a possibilidade do
pecado de idolatria.
Em segundo lugar, Deus diz que é Deus zeloso. A palavra “zeloso”
quando usada a respeito de Deus descreve o amor que Deus tem
pelo seu nome santo, um zelo que exige a devoção exclusiva de
seu povo. Ela é usada quando essa reivindicação é ameaçada por
falsos deuses (conferir Dt 6.15; Js 24.19). É por causa do zelo que
tem pelo próprio nome que Deus adverte o povo de Israel contra o
pecado da idolatria e faz a ameaça de castigar as gerações
subseqüentes. João Calvino comenta essa passagem de forma
interessante. Ele diz o seguinte: “Ora é completamente estranho à
equidade da justiça divina o castigar no inculpado o castigo do
pecado alheio”. [2] Ele continua dando a razão pela qual essa
advertência seria efetivada: “onde esta maldição pesou, que se
pode esperar, senão que o pai de família, destituído do Espírito
Santo de Deus, viva de forma abominável e o filho, de forma
semelhante, abandonado pelo Senhor por causa da iniqüidade do
pai, siga o mesmo caminho de perdição? Finalmente, o neto e o
bisneto, a mesma semente de homens idólatras também se
precipitem nos mesmos pecados”. [3] No catecismo que escreveu
para a Igreja de Genebra, Calvino afirma que essa imprecação se
concretizaria em todos os descendentes que perpetuassem a
iniqüidade de seus antepassados. Ele diz o seguinte:
É como se Deus dissesse que ele é o único a quem
devemos nos apegar. Ele não pode tolerar a companhia
de outro deus e irá demonstrar sua majestade e glória
se alguém transferi-las a imagens ou qualquer outra
coisa; e não somente uma única vez, mas nos pais, nos
filhos e descendentes, ou seja, em todos enquanto
sigam a iniqüidade de seus pais; assim também ele
manifestará perpetuamente a sua misericórdia e
bondade para com aqueles que o ama e guardam a sua
lei. Ele declara a grandiosidade de sua misericórdia nisto,
em que ele a estende até mil gerações enquanto designa
apenas quatro gerações para sua vingança. [4]
Também é interessante a síntese do pensamento calviniano na
obra de J. P. Willes:
Acrescenta-se que o Senhor é um Deus zeloso, para
demonstrar que ele não tolerará rival algum, e sim
vingará o insulto cometido contra a sua glória, se esta
for transferida a criaturas ou imagens de escultura; e
que essa vingança será visitada nos netos e bisnetos,
visto que estes seguirão nos maus passos dos seus
pais. [5]
De forma prática, a fim de que entendamos esta passagem de
Êxodo, lembremos que desde os tempos mais antigos, os pais de
família são os sacerdotes dos seus lares. Lembremos do caso de
Jó, que oferecia sacrifícios continuamente pelos possíveis pecados
de seus filhos (Jó 1. 5). Os pais sempre foram os responsáveis
primários pela educação religiosa de seus filhos. No livro de
Deuteronômio 6. 6, 7 encontramos esta verdade: “Estas palavras
que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a
teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”. A família deve ser uma
comunidade de ensino e aprendizado a respeito de Deus e da
piedade cristã. As crianças devem ser ensinadas pelos seus pais a
amarem ao Senhor de todo coração (Gn 18.18, 19; Dt 4.9; 11.18-
21; Pv 22.6; Ef 6.4). Logicamente, os pais que falhassem nessa
tarefa estariam contribuindo para que seus filhos permanecessem
ignorantes a respeito da lei de Deus e, conseqüentemente, dariam
abertura para que seus filhos se tornassem idólatras, pecassem
contra o Senhor e fossem assim, severamente castigados pelo
Deus santo e justo. Somente nesse sentido é que Deus castigaria
nos filhos os pecados de seus pais. Reflitamos: nesse caso, qual o
pecado dos pais? A resposta é a idolatria e o falso ensinamento
para seus filhos. Qual o pecado dos filhos? A resposta é a idolatria
aprendida dos pais e a passagem dos maus costumes para os
netos de seus pais. Essa é a interpretação correta. Todas as
outras passagens onde esta ameaça ocorre, ela está vinculada à
possibilidade de pecado e rebeldia contra o Senhor Deus (conferir
Isaías 44.15; Deuteronômio 4.24; Números 14.18, 33).
Mais especificamente, há uma outra passagem no Antigo
Testamento que mostra que a responsabilidade pelo pecado é
pessoal e individual. A passagem é Ezequiel 18.20: “A alma que
pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai,
nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre
ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este”. Esta
passagem é muito esclarecedora, onde o próprio Deus afirma que
cada um dará contas dos seus próprios pecados. Os filhos não
têm culpa dos pecados de seus pais, nem os pais têm culpa dos
pecados dos filhos. Mas isso desde que um deles tenha vivido de
acordo com a vontade de Deus revelada na sua Palavra. No início
do capítulo está escrito: “Que tendes vós, vós que acerca da erra
de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo
como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em
Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai,
também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa
morrerá ” (Ez 18.2-4). Ezequiel está explicando que Deus
responde de acordo com os atos de cada indivíduo e geração.
Cada um é punido por seus próprios pecados. Recomendo que a
Igreja leia para um melhor entendimento todo o capítulo 18 de
Ezequiel, de forma mais específica, os versículos que se estendem
de 10 a 18. Em suma, o pai não leva a culpa pelo pecado do filho,
nem o filho leva a culpa pelo pecado de seu pai, desde que um
deles tenha vivido uma vida santa, reta, dedicada ao serviço e
adoração ao Deus verdadeiro.

RESPOSTA À UMA MÁ UTILIZAÇÃO DE UMA PASSAGEM DO
NOVO TESTAMENTO PARA DAR SUPORTE AO ERRO AQUI
COMBATIDO

Muitas pessoas enfatuadas, arrogantes e na verdade ignorantes a
respeito da Palavra de Deus utilizam, de forma indevida uma
passagem neotestamentária para apoiar sua falsa doutrina de
maldição hereditária. A passagem é João 9.1, 2, que diz o seguinte:
“Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os
discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais,
para que nascesse cego?” A resposta de Jesus foi extraordinária:
“Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se
manifestassem nele as obras de Deus” (v. 3). Agora eu pergunto
aos que afirmam que aqui há uma base para a maldição
hereditária: onde esse texto dá apoio à essa doutrina satânica e
perniciosa? A resposta é óbvia: EM NENHUM LUGAR! Quereis vós,
que distorcem o cristalino ensino da Palavra inerrante de Deus
basear os seus falsos ensinamentos apenas na pergunta dos
discípulos? Pois bem, não percebem que esta pergunta foi taxada
como errada pelo próprio Jesus? A resposta de Jesus Cristo
mostra quão errada é esta noção, quão deturpada é a doutrina
que ensina que os filhos são castigados pelos pecados dos seus
pais. Na verdade, o propósito pelo qual aquele homem havia
nascido cego era para que na vida dele as obras poderosas de
Deus fossem manifestadas. Ele havia nascido cego para que a
glória de Deus fosse manifestada através da cura realizada por
Jesus Cristo, a fim de que a sua pregação a respeito do Reino de
Deus fosse credenciada diante das pessoas que o ouviam. Esta
passagem não ensina nada sobre maldição hereditária a não ser
uma única coisa: que esta doutrina é errada!

CONCLUSÃO

Alguns de nossos sofrimentos, como os de Jó, são para a glória de
Deus, pois ou resultam em nosso próprio aperfeiçoamento ou em
cura espetacular, como no caso do cego de nascença. O
propósito de Deus nem sempre é conhecido por nós, mas
devemos como cristãos ter a firme convicção de que o seu
propósito é bom (Romanos 8.28).
Diante da reflexão aqui empreendida, deve restar a certeza de que
Deus trata cada um segundo as suas próprias obras. Digo isso
não com relação à salvação, pois se assim fosse, ninguém seria
beneficiário da salvação, em virtude da mesma ser única e
exclusivamente pela graça soberana do Deus do Pacto; mas esta
afirmação tem a ver com a imposição de castigos temporais. Deus
disciplinas aos filhos que tanto ama.
Devemos rejeitar toa e qualquer doutrina que vá contra a Palavra
de Deus. No caso, uma doutrina que afirme que Deus visita a
iniqüidade dos pais nos filhos é uma falsa doutrina e deve ser
rejeitada e condenada como herética. Sempre existiram pessoas
dispostas a afirmar isso, mas ultimamente tal afirmação ganhou
força com a Igreja Universal do Reino de Deus, a qual, nós bem
sabemos que é uma instituição que ensina outro evangelho, não o
de Cristo. A orientação bíblica é para que rejeitemos também os
falsos mestres, que na linguagem do apóstolo João são nada mais
nada menos do que “enganadores” (2 João 7).
Em suma, a autoridade para resolver qualquer dúvida a respeito de
crença e prática da Igreja é a Escritura Sagrada. Ela é a Palavra
inerrante do Deus Todo-poderoso. Ouçamo-la.

SOLI DEO GLORIA!

NOTAS:
[1] - Jorge Linhares, Bênção e Maldição , 16.
[2] - João Calvino, As Institutas ou Tratado da Religião Cristã , Livro
I, cap. VIII, 19. p. 146.
[3] - Ibid. p. 147.
[4] - João Calvino, Instrução na Fé: Princípios Para A Vida Cristã ,
(Goiânia: Logos, 2003), 23.
[5] - J. P. Willes, Ensino Sobre O Cristianismo , (São Paulo: PES,
2002), 177.

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